quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Natal: O Grande Presente!

O Grande presente do Natal é o nascimento de Jesus! Esta é a maior graça do Natal. O Profeta Isaias afirma: “Para a terra que andava aflita não continuará a obscuridade (...) O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da more, resplandeceu-lhes a luz. Porque tu quebraste toda opressão que pesava sobre o povo, e a vara que feria os seus ombros e o cetro do seu opressor. Porque toda bota com que anda o guerreiro no tumulto da batalha e toda veste revolvida em sangue, serão queimadas, servirão de pasto ao fogo (...) Porque um menino vos nasceu, um filho nos foi dado, e seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.1,4-6). Natal é a grande declaração de amor que Deus faz à raça humana. É Deus se entregando, dando-se a todos nós. Portanto, o grande presente não é o que você dá, nem o que você recebe. O Grande presente é a entrega que o próprio Deus faz à humanidade. No dia em que entendemos o grande presente de Deus para nossa vida, nossa história nunca mais será a mesma. Estudiosos da Bíblia afirmam que a síntese dela encontra-se em Jo 3.16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna”. Natal é Deus doando-se. Que estranha figura! Deus faz doação de si mesmo ao deixar sua glória e se tornar homem, assumindo sua forma humana no ventre de Maria. Em geral, os deuses pagãos fazem exigências, algumas destas bizarras, solicitando de seus adoradores pesados sacrifícios. Entidades são exigentes e ameaçadoras, os “espíritos das florestas”, nas religiões animistas, pedem grandes sacrifícios. Que surpresa entender que o Natal não fala de um Deus pedindo, mas de um Deus doando-se. Todos presentes que damos no Natal deveriam refletir a compreensão que temos de um Deus dadivoso. Por termos recebido o grande presente, respondemos em gratidão e amor, nos tornando bondosos, generosos e amáveis. Todo presente de natal deve ser uma resposta de amor, de alguém que, entendendo a grandeza do presente dado por Deus mesmo, resolve se dar, abençoando outras vidas. Em resumo: Natal não é primariamente uma lição para dar presente, mas para receber presente. Dar presente se torna secundário e resultado natural daqueles que entendem a necessidade de receber este presente de Deus. Corações agradecidos, que foram impactados pelo amor de Deus, agora, como resposta, resolvem doar-se e presentear outros. É um presente/resposta. Por outro lado, é impossível imaginar que alguém receba tão grande generosidade de um Deus que tão dadivoso, mantenha-se fechado e incapaz de fazer da sua vida uma dádiva aos outros. Os homens se parecem com seus deuses. Seguidores de deuses implacáveis e cruéis agem assim em relação ao seu semelhante. Seguidores de um Deus amoroso, generoso e gracioso como o que nos entregou Jesus, tornam-se essencialmente generosos. Quem entende Jesus, como o grande presente de Deus, será sempre generoso no seu estilo natural de viver.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

A Grande declaração de Amor



Natal é declaração de amor que Deus faz a toda humanidade.
Ele viu nosso fracasso estampado nas atitudes comezinhas do nosso dia a dia.
Viu nossas mãos vazias e todas as torres de Babel que construímos.
Viu o massacre que a violência humana gerava,
Nas pessoas indefesas, sem nome, sem identidade, sem reconhecimento humano.
Nos Carandirús e Candelárias sem fim.
No abuso do poder e na falta de vergonha dos que escrevem a história e mentem contra seus filhos, contra seu país, contra Deus.
Por isto resolveu presentear a humanidade vindo ele mesmo para estar conosco.
Para nos ensinar o que é viver e como viver.
Testemunhou os fracassos acumulados dos seres humanos na história dos homens.
E resolveu escrever uma página nova, repleta de boas novas.
Na linguagem de um poeta:
"Deus viu o homem desfigurar-se. Deixar de ser.
Perder a imagem divina nos escombros gerados
pelas guerras das garras e lanças e flechas
e balas e gases e chamas, granadas e bombas atômicas...
Deus viu os zoológicos humanos.
E fez de seu pranto-compaixão o ato dinâmico
De uma declaração de amor a toda humanidade:
Decretou o Natal!"
O natal acontece no meio de gente de vida monótona e sem grandes sonhos, como os pastores.
Torna-se realidade na história de gente periférica e simples, como Maria e José.
Revela-se naqueles que oraram tanto e tinham a impressão de que Deus se silenciara diante de seu clamor como Zacarias, Isabel e Simeão.
Historiciza-se num curral, numa manjedoura, nome bonito dado a um coxo simples onde os animais comem.
No povo que sofre,
Nos magos espiritualizados e utópicos,
Na cidade de Belém, pequena demais para figurar na lista das cidades relevantes de uma região insignificante como Judá.
Ali Deus resolve se revelar. O inteiramente outro se faz inteiramente nosso irmão. Deus se fez carne. Deus visita o planeta terra.
Natal é um evento sobrenatural em sua essência. A eternidade invade a história. A supra-história se torna factual, história humana. O Deus Todo-Poderoso se fez gente, no meio dos homens, Gerando esperança, criando amor, desvendando o caminho, rompendo os grilhões, transformando a opressão do povo que sofre.
Natal é declaração de amor de um Deus tão apaixonado pela humanidade que resolveu habitar entre ela.
Natal não é apenas um evento do passado, mas uma experiência existencial que se dá no coração daqueles que ainda hoje se deixam  impactar por esta grande declaração de amor que Deus fez à humanidade através de seu Filho Jesus.

O Melhor presente de Natal



É sempre um desafio comprar o presente adequado para as pessoas que amamos, começando dentro de casa, para a esposa (marido), filhos, pais. Já foi o tempo em que um carrinho de plástico, uma bola e uma simples boneca atendiam aos apelos e desejos dos filhos. Os presentes estão cada vez mais caros e sofisticados. Tênis custando R$ 999,00 e os tablets, Iphones, andróides facilmente dobrando esta cifra. De fato, não está nada fácil escolher o presente. E se você pretende comprar alguma lembrança para seus amigos, a tarefa ainda se torna mais complicada. O que comprar?
Criatividade é a palavra chave, mas não resolve facilmente a equação. Algumas pessoas são criativas, mas outras são péssimas para perceber e ter o “feeling” necessário. Conheci um marido tão frustrado com suas desastradas tentativas de comprar presentes, que decidiu não dar mais nenhuma lembrança nas datas especiais, mas ficava atento durante o ano para descobrir um presente, comprava e entregava imediatamente. No entanto, esta atitude pode ser frustrante quando o outro gosta do elemento surpresa e cria expectativas para datas especiais como aniversários, páscoa, dia dos namorados e natal – E quem não gosta de receber um presente nestas datas?
Dar presente pode ser um fiasco, quando aquilo que damos não possui qualquer ligação com o que o outro espera. Um presente mal escolhido transmite a idéia de desatenção aos desejos do outro. Um amigo meu comprou uma bicicleta para dar ao seu filho adolescente no natal, que era obcecado por sons, instrumentos e equipamentos eletrônicos. Ao receber o presente, ele disse sem nenhuma gratidão: “Isto aqui faz barulho?” O Pai voltou à loja para devolver o presente.
Presente é muito importante para determinadas pessoas. Algumas não ligam muito para detalhes, mas para outros isto é questão fundamental. Quando não há sintonia num casal, isto pode se tornar um grande problema. Muitos possuem uma linguagem de amor conhecida como “dar e receber presentes”. Se esta é a linguagem de amor de seu namorado (a), não se descuide porque isto pode trazer muito dissabor.
O melhor presente, porém, não tem a ver com coisas e seu custo final. O que conta mesmo é o valor agregado do gesto. Um presente apenas para cumprir tarefa, desacompanhado de outros gestos e atitudes, pode não valer muita coisa. Uma mulher recebeu um carro de presente do marido, mas o relacionamento dos dois estava passando por uma crise pesada. Ela disse que o que gostaria mesmo, é que ele se arrependesse de sua atitude, de sua rudeza e infidelidade, e voltasse o seu coração para ela. O carro, um grande presente, perdeu seu excepcional valor, por causa de outros fatores.

Um filho pode receber o presente do sonho para a maioria dos adolescentes, com todos os recursos modernos, e ainda assim, continuar distanciado e insatisfeito com seus pais. Presentes não substituem presença; carícia não substitui carinho. Uma simples lembrança num ambiente de amor causa impacto muito grande. Nem todos têm muito dinheiro para comprar caros presentes, mas todos podemos ter boas atitudes de amor que substituem a escassez dos recursos. Vale a pena o princípio da Bíblia: “Melhor é um prato de hortaliças onde há amor, que o boi cevado, e com ele o ódio”. 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Sintomas do Stress

Não é necessário ser um expert para notar que o final do ano, com todas as suas avaliações, expectativas e festividades aumenta significativamente o nível de stress nas pessoas. Tudo pode ser facilmente observado. Olhe para as pessoas ao seu redor e você as encontrará agitadas e cansadas. No Brasil, o balancete fiscal das empresas coincide com as festas de natal, trazendo maiores exigências e cobranças. Olhe para dentro de você mesmo e vai encontrar uma pessoa mais agitada, ansiosa e tensa. Os sintomas do stress do final do ano são conhecidos: Aumento da irritabilidade, maior nível de tensão, facilidade para comportamentos reativos. Quando isto acontece, nossa resposta as pressões se torna desproporcional. Qualquer nível de provocação, por menor que seja, soa como se fosse uma agressão; o pouco se torna muito; um comentário negativo se transforma em acusação, nosso organismo se torna um vulcão prestes a explodir. Em todas as direções, o stress se torna negativo. O corpo, que abriga todas estas emoções fragmentadas sofre a descarga de substâncias tóxicas que são jogadas diretamente no organismo. Uma desavença ou briga mais acirrada, gera taquicardia, fragiliza as emoções e desequilibra todo o organismo. Em lugar da serenidade, surge a angústia, sudorese, distúrbios gastro intestinais, insônia e ansiedade. O stress atinge também os relacionamentos. Agressões verbais se tornam mais comuns, os debates mais acalorados e as acusações mais frequentes. Sob a força do stress as gritarias e grosserias se tornam mais comuns, relacionamentos familiares e empresariais tornam-se mais competitivos e selvagens. A terceira área que sofre com o stress é a espiritual. Debaixo da força do stress, as orações se tornam mais agitadas e confusas, e encontramos dificuldade em descansar e confiar na direção de Deus, que se torna alguém distante. A alma não consegue encontrar repouso e sequer se lembra que existe um Deus que deseja o melhor para nossa vida. O stress afeta a confiança e segurança espiritual. Neste final de ano, no meio de todas as exigências e provocações empresariais e contábeis, procure zonas de descanso, num churrasco com a família, numa programação religiosa, num passeio para apreciar a natureza e a vida. Estes elementos são sempre bons antídotos contra o stress.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Paraíso Perdido



Quando meu filho trabalhava no Panamá, tive a oportunidade de lhe fazer uma visita e passear pela região. Num destes giros, fizemos uma fascinante viagem e visitamos a pequena ilha Tuba Senika, no Mar do Caribe, uma região com centenas de ilhas paradisíacas da região, com areias brancas e águas mornas, todas elas administradas pelos índios da etnia Kuna.
Se existe um paraíso, este lugar é uma de suas filiais. Uma pequena área de 8.000 mt2, cercada de pés de coco (as únicas árvores que crescem no lugar), com as cabanas fincadas nas areias, águas quentes com enorme variedade de peixe, ideal para a prática de snorkel onde o tempo demorava passar, e além de comer e beber, nadávamos, líamos e dormíamos na rede por causa do calor e porque não existia qualquer pernilongo para nos roubar o sono. Minha esposa e nora disseram que poderiam viver ali pelo resto de suas vidas, apesar de toda beleza eu não fui tão conclusivo assim...
No meio deste paraíso, logo percebemos alguma coisa estranha. Havia uma tela separando a ilha. Ela destoava do ambiente sereno, deslumbrante e mágico, além de ter um péssimo gosto estético. Nossa curiosidade se aguçou. Qual era o sentido daquela cerca? Daquele protótipo do “muro de Berlim”? Desta inusitada separação semelhantes às cercas entre as fronteiras dos EUA e México, que separam os ricos dos pobres?
A pequena ilha originalmente fora uma herança dada aos dois irmãos, que se desentenderam e incapazes de fazer um acordo a dividiram pelo meio. O paraíso estava ali, mas não era ali. De repente descobrimos os efeitos do egoísmo, do individualismo e da luta pelo poder numa pequena escala. O paraíso se perdera antes de mais nada no coração dos homens. O mal se alojou definitivamente no coração da raça humana. Mesmo quando o ambiente revela um pedaço do céu, ainda encontraremos ali o ódio, a separação, a competição e a luta. Podemos estar muito perto do céu, mas ainda vivendo no inferno.
As Escrituras Sagradas nos ensinam que Jesus veio exatamente reconciliar todas as coisas em si mesmo. Ele nos reconciliou com Deus, cujo abismo se formou por causa de nossa autonomia e teonomia (termo cunhado por Henry Nouwen); Ele veio nos unir uns aos outros, reconciliando raças, irmãos separados pelo egoísmo e narcisismo, ajudando-nos a perdoar e a ser perdoado; Ele veio para nos reconciliar com a natureza, que por milênios tem sido explorada pela ganância desmedida e o anseio por lucros a qualquer custo. Finalmente, veio nos reconciliar conosco mesmo, perdidos e confusos nas nossas vaidades e futilidades, buscando irrefletidamente por sentido e propósito, andando por becos escuros da existência sem saber exatamente onde queremos chegar.

Jesus veio reconstruir o paraíso perdido. Este é o propósito do Natal.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Princípios



Sr. Augusto Abrantes era um homem de princípios claros e firmes. Negro, pobre, neto de escravos, presbítero da Igreja Presbiteriana em Gurupi-TO, foi eleito vereador da cidade, na época em que o Brasil possuía apenas dois partidos. Certa feita, sendo oposiçāo ao prefeito da cidade, precisaram do seu voto para aprovaçāo de um projeto questionado pela sua bancada. Procuraram-no privativamente e ofeceram vantagens financeiras, caso os apoiasse. Com sua serenidade habitual, de forma direta respondeu: "Senhores, já foi o tempo em que se vendiam os negros".
Ao agir assim, este homem foi norteado por seus princípios e valores. Princípios sāo elementos que norteiam atos e decisões. Eles oferecem estabilidade e perspectiva. Sāo muitos os métodos, mas poucos os princípios; os métodos sempre mudam, os princípios, nunca. Princípios nos ajudam a alcançar objetivos permanentes e a evitar tendências passageiras. Se nāo nos orientarmos por princípios seremos governados por pessoas, emoções e situações, clássicos inimigos de valores permanentes.
Pessoas controladas por emoções, reagem a provocações, decidem com base no emocional, fazem negócios ou tomam decisões sentimentais. Assim se entregam às paixões, decidem no ímpeto, e depois correm atrás de perdas, danos e prejuízos, ferindo muitos e sendo feridos no processo.
Se guiadas por pessoas tornam-se marionetes,  movidas por popularidade e pelo que os outros pensam. O problema ė que tendências quase nunca sāo coerentes. A mesma multidāo que aclama Jesus na entrada triunfal em Jerusalém, uma semana depois clama em histeria que ele seja crucificado.
Quando as decisões sāo tomadas por circunstâncias: pressāo social, forças políticas, lucros imediatos - o medo torna- se o conselheiro. Oscilações do mercado, do humor dos outros e tendências da moda sāo sempre voláteis. Ao construirmos sobre princípios, os fundamentos sāo sólidos, se sobre situações, perdemos a referência do que é lícito ou ilícito, eticamente correto ou nāo, do certo ou errado.
Precisamos redescobrir princípios permanentes que se aplicam a todos os povos, em todos os tempos. Por favor, nāo confunda com métodos, que sāo "aplicações variáveis de princípios universais invariáveis" (Wiersbe). Sempre vamos precisar de novos métodos que se adequem às novas situações na medida em que surjam novos desafios e novos paradigmas.
Precisamos mais do que nunca fincar estacas e fortalecer alicerces, como afirmou Thomas Jefferson: "Em relaçāo aos princípios, seja uma rocha; mas em questāo de preferência, faça adequações". Princípios sāo valores eternos, pontos de referência. Nāo mude os marcos antigos, nem negocie valores, se deseja alcançar estabilidade e perspectiva. Princípios ajudam a alcançar objetivos permanentes e a evitar tendências passageiras.

Conceitos e preconceitos


Estamos no meio de uma crise conceitual. Chegamos ao ponto de não podermos ter mais conceitos. Ao ser indagado se tinha preconceito sobre determinado assunto, uma pessoa respondeu: "Não, eu não tenho preconceito sobre isto, eu tenho conceito".
Será que teremos que viver no estilo "maluco beleza" de Raul Seixas que afirmava, "eu prefiro ser, esta metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo", ou numa encruzilhada filosófica onde não poderemos ter opinião formada sobre nada?
Precisamos discernir conceito de preconceito. O pré-conceito, e aqui intencionalmente coloco um hífen entre estas duas palavras, aponta quase sempre para algo negativo. É, por sua natureza intrínseca, obtuso, reacionário e agressivo e se fecha para novas alternativas e novos caminhos, sacraliza os métodos e processos, sataniza o diferente, não consegue fazer releituras e não admite a possibilidade de um olhar alternativo. Acima de tudo, o pré- conceito se torna moralista, legalista e punitivo. 
Foucaut toca essencialmente nesta tensa questão em "Vigiar e punir": "Existem momentos na vida que a questão de saber se se pode pensar diferentemente do que se pensa, e perceber diferentemente do que se vê, é indispensável para continuar a olhar ou a refletir".
Por outro lado, não estabelecer uma linha de conceitos, princípios e valores, que orientam a vida e as relações humanas, nos transforma em pessoas anárquicas, que não conseguem encontrar um mínimo de consenso para se formular uma lei. Um princípio legal pressupõe um ou vários conceitos. Já pensaram numa sociedade na qual não existem leis, porque as pessoas nāo conseguem encontrar princípios e valores que possam norteá-la?
Conceitos são necessários para nossa sobrevivência enquanto indivíduo, o aspecto mais radical de alguém sem qualquer senso de valor é o sociopata. Ele recusa toda forma de convenção e adota o seu estilo pessoal, no qual não reconhece valor nem princípio, não sente dor nem remorso. Ele faz porque quer, independente dos padrões e culturas da sociedade em que vive.
Conceitos são necessários para dar estabilidade, a ausência deles implica no anarquismo; conceitos são indispensáveis para se organizar a ordem e a lei, o extremo disto é o caos social.
Preconceitos são dispensáveis porque seu resultado é o desprezo à opinião do outro, a pseudo superioridade moral e religiosa, o julgamento pelo esteriótipo e pela aparência, a incapacidade de diálogo e abertura para o novo e pela riqueza das diferentes hermenêuticas da vida.
 É interessante que a bíblia, um livro julgado por muitos como retrógado e antiquado ( fruto do preconceito) ensina-nos: "Acolhei ao que é débil na fé, não, porém,  para discutir opiniões. Um crê que de tudo pode comer, mas o  débil come legumes; quem come, não despreze o que não come, porque Deus o acolheu...um faz diferença entre dia e dia; outro julga igual todos os dias" (Rm 14.1-5). Discriminar, julgar e ordenar o outro, é ranço do preconceito. Mas
observe o que o mesmo texto nos ensina em seguida: "Cada um tenha opiniāo bem definida em sua própria mente". 
O mesmo texto que ensina a não tratar o outro de forma condenatória e respeitar o ponto de vista divergente, a não nos perdermos nesta multiplicidade de conceitos e a termos opinião clara sobre ideias e valores. Não preciso e nem posso julgar o outro, mas posso e devo saber exatamente no que creio e penso e viver debaixo de tal conceito, por uma questão de integridade e coerência para comigo mesmo, com minha consciência e meu Deus.



O preço da miséria e do abandono



Nos idos de 1998, morando nos Estados Unidos, nos surpreendemos com o ineditismo de uma proposta do governo americano. Percebendo a quantidade de hispanos (entre os quais somos incluídos) e asiáticos, com baixíssima qualificação profissional e preparo acadêmico, o governo se propôs a dar bolsas e verbas para que este segmento social pudesse melhorar suas habilidades. A lógica da proposta não era apenas humanitária – era também econômica.
O princípio subjacente é o seguinte: A pobreza, a miséria e o abandono trazem um custo social muito grande, cobrando muito do governo. Os múltiplos programas sociais do governo hoje no Brasil, como o Bolsa família, o bolsa escola, bolsa desemprego, etc, atestam isto. Embora seja uma estratégia correta para minimizar a miséria, cujo custo se torna altíssimo em criminalidade, doença e sofrimento. Obviamente tais programas ainda carecem de propostas mais conclusivas, retirando as pessoas que hoje dependem destes recursos para uma inserção comunitária, mas a verdade simples é que não podemos descuidar: o preço da miséria é muito alto para uma sociedade.
No livro 1822, de Laurentino Gomes, o autor demonstra que a economia daqueles dias girava em torno do trabalho escravo. Os ricos fazendeiros e comerciantes de então, acreditavam que a abolição traria um grande prejuízo para o comércio e ruína para a agricultura, mas ele aponta como esta situação de desumanização trouxe inúmeras rebeliões: Guerra das Cabanas (Pernambuco, 1831); A Balaiada (Maranhao e Piauí, 1834); A Cabanagem (Para, 1831); e a Revolta dos Malês (Bahia, 1835).
Embora D. Pedro I não tivesse conseguido avançar na questão da escravatura, escreveu um documento surpreendente para seus dias (1823), que se encontra hoje no Museu Imperial de Petrópolis. Este texto revela extrema lucidez:
“Ninguém ignora que o cancro que rói o Brasil é a escravatura, é mister extingui-la. A presença dos escravos distorce o caráter brasileiro, porque torna cruéis nossos corações e amigos do nepotismo. Todo senhor de escravo, desde pequeno, começa a olhar seu semelhante com desprezo, um hábito que faz contrair semelhantes vícios, deve ser extinto, e só assim os senhores olharão para os escravos como seus semelhantes (...) O cidadão que não conhece os direitos de seus concidadãos também não conhece os seus e é desgraçado toda vida”.

Para Laurentino Gomes, os filhos desta orfandade e abandono é um passivo, a rigor, que o Brasil carrega até hoje. Uma sociedade só pode ter grandes conquistas, quando não busca apenas seus interesses pessoais e a defesa de grupos de elite, mas entende que riquezas e bens de uma nação, podem favorecer a todos. Mesmo para os ignorantes que acham que o favorecimento pessoal é a única coisa que importa.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A violência Silenciosa



O Brasil tem a fama de ser um povo pacato, que não gosta de brigas, cordato, gente boa. Nem a “independência” de Portugal foi feita com sangue e suor como os outros povos, mas através de conchavos, negociatas de imperadores e transações comerciais nesta trama pavorosa. Contudo, os números recentes sobre homicídios no Brasil não apontam na direção de um povo pacato, mas de uma sociedade silenciosamente violenta.
O anuário brasileiro de segurança pública trouxe dados aterradores sobre 2012. Nada menos que 50.180 crimes violentos e letais, entre eles, homicídios, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte foram cometidos, de acordo com a estatística oficial. Isto sem contar os 19.209 homicídios culposos no trânsito; 190.322 roubos de veículos; 1.087.059 roubos em geral e 50.617 estupros (18% a mais que 2011).
Nossos indicadores econômicos estão melhorando, mas a violência não diminui. Sem falar das formas sutis de violência como o machismo, o desrespeito aos pobres e idosos, a violência no trânsito. Toda esta situação aponta para o coração humano: Alguma coisa não vai bem com a alma humana. Temos uma tradição de passividade e sossego, mas estamos em guerra no coração, e isto se reflete nos relacionamentos. A violência não é um ato fortuito, acidental e gratuito. Precisamos ter “cuidado com a paz armada e a guerra fria”.
Em 1992 Arnaldo Jabor publicou o ensaio “O Brasil choca o ovo da jibóia” (Jornal Folha de S. Paulo 1/11/92) Nele afirma que “A riqueza não olha a miséria, mas a miséria olha a riqueza”. Jabor faz o elogio dos meninos do arrastão que estariam indo à luta, querendo melhorar o Brasil, o Brasil deles. Afirma ainda que “há um outro Brasil, um Brasil de psicanalistas, artistas, filósofos, que vive abstratamente do mal-estar da impossibilidade”. Para Jabor, Brasil concreto é menino cheirando cola na Praça da Sé.
O fenômeno do Black block, dos mascarados na rua demonstra esta violência interior. Neste movimento temos um misto de protesto, criminalidade e baderna e isto revela a desesperança e frustração presentes. É uma forma severa de violência. Boa parte não sabe sequer porque se quer lutar, apenas deseja lutar.
A violência assume roupagens complexas e se manifesta de forma brutal. Ela revela a fragmentação das famílias, a ausência de parâmetros e relações significativas; a brutalidade de um “embargo infringente”, ou “embargo indecente”. A violência se constrói numa sociedade de desigualdades e na perda de referências éticas, familiares e espirituais. Em 1933, em resposta a uma carta de Einstein, Freud escreveu em Por que a guerra: “a guerra nos despoja dos acréscimos ulteriores da civilização e põe a nu o homem primitivo que há em cada um de nós”.

No Brasil de hoje, com este número alarmante de homicídios, arrastões, depredações e saques, não estaríamos assistindo a uma busca desesperada e maciça de apropriação de algo próprio, de uma identidade perdida? Uma busca por um sentido maior, que preencha a difusa angústia da alma? Um simbólico? Por um ponto infinito que em última instância se chama Deus? 

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Bençãos aparentes

Nem todo mal é bem e nem todo bem é mal.
José percebeu isto de forma muito clara ao avaliar a maldade de seus irmãos contra ele, e viu como Deus havia usado toda aquela experiência para se transformar em benção. “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer como vedes agora, que se conserve muita gente em vida” (Gn 50.20).
Por outro lado, nem todo bem é bom!
Muitas pessoas enriquecem, tornam-se prósperas, fazem fortunas, ficam famosas e recebem aclamação pública, mas seus corações se desviam de Deus por causa da abundância. A prosperidade se transforma em mal.
O povo de Deus murmurou e Deus enviou codornizes do mar, e todo o povo se refestelou com a quantidade de aves que caiu sobre o arraial, e a gana por aquela carne era tão grande que muitos morreram quando ainda comiam. Ao comentar este incidente, o salmista afirma: “Concedeu-lhes o que pediam, mas fez definhar-lhes a alma” (Sl 106.15). Receberam a benção material, mas suas almas foram duramente abatidas.
Nani Azevedo afirma: “Eu não correrei atrás de bençãos, sei que elas vão me alcançar”. Diz isto no contexto em que afirma que a grande benção é o próprio Deus. Estar com Deus, sem dúvida, é a grande benção da vida. Termos a benção de Deus é absolutamente vazio se não temos o próprio Senhor da benção. Muitas vezes as bençãos não são perceptíveis em nossas vidas, no entanto, sua presença ilumina nossos angustiantes momentos e transformam nosso caos num lugar de experiência com o Pai Celeste.
A grande benção de Deus é Deus em si mesmo.
Quando Israel enfrenta mais uma de suas grandes crises, Deus diz a Moisés: “Enviarei o meio anjo adiante de ti; lançarei fora os cananeus, os amorreus... mas não subirei contigo” (Ex 33.2). A benção o seguiria, mas não sua presença. Quando Deus diz isto, o povo entende a gravidade: “Ouvindo o povo estas más noticias, pôs-se a prantear, e nenhum deles vestiu seus atavios” (Ex 33.4). Então, Moisés declara peremptoriamente a Deus: “Se a tua presença não vai comigo, não nos faça subir deste lugar” (Ex 33.15).
Esta é a grande verdade. A única benção real e duradoura é a presença de Deus conosco. Qualquer outra benção material é temporal e circunstancial, mas a presença de Deus é nossa maior benção.

Amores tóxicos



Há uma famosa doença diagnosticada na psiquiatria como síndrome de Estocolmo, um estado psicológico desenvolvido por algumas pessoas que são vítimas de seqüestro, no qual a vítima se identifica com seu raptor, procurando conquistar sua simpatia e até mesmo protegê-lo. A síndrome recebe seu nome em referência ao famoso assalto de Norrmalmstorg, Estocolmo, no qual vítimas continuavam a defender os sequestradores e mostraram um comportamento reticente nos processos judiciais. Inicialmente as vítimas se identificam emocionalmente com os sequestradores, como mecanismo de defesa, por medo de retaliação e/ou violência, depois pode até se enamorar e apaixonar pelo agressor. Obviamente a vítima não tem consciência disso, mas a mente fabrica uma estratégia ilusória.
A verdade é que as obsessões se alimentam por si mesmas, e quando a pessoa adoece, na sua obsessividade passa a girar em torno de uma idéia ou pessoa. Quanto mais tempo se tem uma ilusão, mas difícil se torna a sua superação.
Muitos relacionamentos são patológicos desde o princípio. Amores tóxicos e doentios se constroem nesta relação doentia, onde um precisa ser o agressor e o outro se torna a vítima e o agredido. Casamentos são um bom exemplo disto. Cada um topa assumir um determinado papel, as crises surgem quando um decide mudar as regras e o outro rejeita. Na relação doentia podem se intoxicar e adoecer.
Erich Fromm, ao tratar da “síndrome do declínio”, cunhou um dos três componentes de “simbiose incestuosa, ou tipo de caráter maligno. A melhor ilustração é a de um parasita que decide se alimentar da seiva de uma árvore, mas que na medida que cresce vai exigindo cada vez mais da seiva que ela tem, e a sufoca até a morte. Mas quando a árvore morre, ela não sobrevive, porque construiu sua vida em torno dela.
Sempre temos a tentação de falar da malignidade do agressor, mas é dolorido ver, por outro lado, como o ofendido se submete a esta escravidão, sem poder de ruptura. Isto se torna uma “escravidão voluntária”, na linguagem de Scott Peck, no qual a vítima aceita viver nesta condição.
“Uma pessoa passiva significa uma pessoa inativa – um aceitador ao invés de um doador, um seguidor ao invés de um líder. Isto o transforma em dependente, infantil e preguiçoso, como a de um bebê precisando da mãe, e que se recusa crescer... não nos tornamos parceiros do mal por acidente. Como adultos, não somos forcados pela sina a nos tornarmos presas de um poder maligno; armamos nós mesmos a armadilha... quando adultos que não estão ameaçados de morte se tornam vitimas do mal, é porque – de uma forma ou de outra, fizeram a barganha da indolência” (Peck)


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Percepção



Todos nós já nos deparamos com situações nas quais fizemos leituras totalmente equivocadas, porque nossa visibilidade era muito pequena ou o ângulo de visão era ruim. O fato é que, o grande e real problema da vida não é o que nos acontece, mas como interpretamos a situação. Todos teremos dias maus e bons, como nos ensina a antiga sabedoria: Após uma longa chuva, dois amigos que se encontravam na mesma choupana, tiveram perspectivas totalmente diferentes. Um olhou para o céu e viu estrelas, outro para o chão, e viu lama.
Quando Jesus fala de dois homens construindo suas casas, ensina que um construiu sobre a rocha, e ela se manteve firme; o outro construiu sobre a areia, e ela não se sustentou. É interessante notar que na parábola as mesmas coisas aconteceram para ambos, embora as resultados se tornassem completamente diferentes. “...e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa...” Uma caiu, outra ficou firme.
A verdade é que o mesmo sol que endurece o barro, derrete a cera. O grande desafio da vida não é apenas evitar desagrados e feridas, que inevitavelmente virão, mas decidir o que fazer quando as situações forem antagônicas e vierem os dias maus.
Jesus ensinou: “São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo teu corpo será luminoso”. Os olhos são as janelas da alma. Através deles recebemos as informações externas, interpretando-as e decodificando-as. Visão deformada altera a compreensão da verdade, do mundo, dos outros, de nós mesmos e dos fatos.
Para nosso próprio bem, precisamos fazer leituras apropriadas da vida usando óculos certos, e interpretar com coragem os eventos e tarefas desafiadoras. A hermenêutica de nossa história, a forma como interpretamos o que vemos é que nos transformará em heróis ou bandidos; vítimas ou tiranos; sucesso ou fracasso.
Eugene Peterson afirmou ironicamente que a coisa mais interessante da vida é bagunça! Isto mesmo. Para ele, quando perdemos o controle da situação, somos obrigados a considerar novas oportunidades e alternativas que nunca antes havíamos admitido. Mesmo quando o leque de oportunidades é ainda muito pequeno, sempre haverá uma saída. Grandes conquistas se fizeram depois de enormes fracassos. A solução no meio da crise poderá eventualmente ser encontrada quando virarmos a esquina ou depois de uma noite reparadora de sono, ou de umas férias forçadas.
"A cada momento das nossas vidas, operamos sob dois pontos de vista: um humano e outro divino. O mais popular é o humano; porém, o mais frutífero dos dois é o divino". (Charles Swindoll)


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Pessoas e coisas



“Deus fez o dinheiro para a gente usar, as pessoas para amar e Ele existe para que o adoremos; no entanto, usamos as pessoas, amamos o dinheiro e construímos os próprios ídolos para diante deles nos curvarmos”.
Kavanaugh chama esta lógica de “aspectos idolátricos do padrão utilidade”. O resultado deste padrão é a coisificação de pessoas e a confusa relação com valores. O marketing opera na dinâmica de produto/consumo, e assim somos transformados em objetos, seres utilitários, quantitativamente mensuráveis, avaliados por preço e facilmente substituíveis e descartados. O resultado visível disto é a obsolescência industrial, que se desloca para os relacionamentos.
Assim, afirma Kavanaugh, “tornamo-nos peritos não no poder das relações humanas, nem no amor que dá a vida, mas no poder da influência, da violência, da defesa pessoal... os bens, que aliás poderiam ser expressões de nossa humanidade e elevar-nos como pessoas, transformam-se em objetivos últimos. Então, nossa existência consiste em possuir. Nossa felicidade é possuir mais”.
Neste processo consumista e mercadológico, adoecemos. Não conseguimos tratar as coisas como coisas, mas mantemos com elas uma relação de afeto; não conseguimos tratar as pessoas como gente, mas mantemos com elas uma relação utilitarista. Assim surge a manipulação, o controle e a violência é legitimada. Não a violência escancarada, mas sutil, que opera no nível do descaso, da indiferença e da apatia. Ignoramos àqueles que não são produtivos. Surge assim a violência profunda, porque camuflada e silenciosa, por detrás de gestos políticos, calculados e frios. O outro torna-se cliente e consumidor e não amigo, ser de relações e afetos. Nos comportamos como coisa e nos relacionamos com os outros como coisas.
Desta forma surgem as relações coisificadas e mecânicas, e nesta dinâmica, a genuína dimensão afetiva se perde e nossas vidas se tornam inviáveis, ficamos peritos não em relacionamentos genuínos, nem no amor que dá a vida, mas no poder da ideologia, do marketing, da influência, do mercado, da instituição ou até mesmo da própria fé. Até a religião tem o poder de se transformar em meretriz e as pessoas serem comercializadas, consumidoras e consumidas.

“Ter cada coisa no seu lugar e ter lugar para cada coisa; eis o segredo da ordem e da economia” (Fénelon). Mais do que isto, porém, é tratar as coisas como coisas (relação de uso/consumo); tratar pessoas como seres criados à imagem de Deus (relação espiritualidade/afeto) e tratar Deus como Deus, não mercantilizá-lo como se fosse possível (relação adorador/Divindade). Este é o segredo da vida.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Uma história de generosidade



Jonah Pournazarian, de 7 anos, sofre de uma doença genética rara e incurável, chamada Doença de Depósito de Glicogênio Tipo 1B, ou GSD, um distúrbio metabólico que afeta o fígado. A única coisa que o mantém a criança viva é o amido de milho. Mas o melhor amigo de Jonah, Dylan Siegel, queria que seu amigo ficasse melhor e escreveu um livro, com a esperança de levantar um milhão de dólares para encontrar cura para a tal doença. A história de Jonah e Dylan mostra que a amizade e a força de vontade podem mover montanhas.
Ele escreveu e ilustrou o livro chamado "barra de chocolate", uma expressão que os meninos americanos usam para descrever algo grande, fantástico ou incrível. Inicialmente fizeram 200 cópias para vender em uma feira de escola, e com isto arrecadaram US $ 6.000, mas ainda era pouco para o grande desafio que tinham. Então resolveram publicar uma segunda edição, criando uma página no Facebook e um website do livro.  Com isto as pessoas começaram a conhecê-lo e procuraram ajudar. Em seis meses, as vendas de "Chocolate Bar", com barras de chocolate reais doadas por um supermercado local, Whole Foods, levantaram 200 mil dólares.

O Professor Dr. David Weinstein, diretor do Programa de Doenças de armazenamento de glicogênio na Universidade da Flórida, está trabalhando na busca de uma cura através da terapia genética, mas até então não tinha os recursos para aplicar na pesquisa, e o que aconteceu agora ele chama de "surpreendente", porque vai permitir que as equipes de pesquisa se dediquem mais na melhoria de vida dessas crianças.

Para Dylan e Jonas, a amizade é simples assim.
-"Dylan escreveu o livro para me ajudar", disse Jonah.
-"Eu quero que Jonas se sinta melhor", disse Dylan.

Histórias de doações como estas nos impressionam. Assim como a grande doação da vida de Jesus em favor de nossas vidas nos impacta e transforma. O apóstolo Paulo chegou a escrever: "Pois o amor de Cristo nos constrange julgando nós isto, um morreu por todos, logo todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Co 5.14.15).

Somos constrangidos pelo amor de Cristo a viver e a amar como ele amou; constrangidos a levar a paz aos que estão em guerra consigo mesmo e com o seu semelhante. “Não existe neste mundo outra maneira de tornar alguém digno de amor, senão amando-o. Não são as qualidades do amado que definem os limites do amor” (Thomas Merton). Afinal, "O amor é o único jogo no qual os dois podem jogar e ambos ganharem"(Erma Freesman)


domingo, 29 de setembro de 2013

Atitude


 
Quantas vezes decidimos ser pessoas melhores, assumir compromissos maiores, sermos mais pacientes com os que nos irritam e sermos mais companheiros, mas tais resoluções se parecem com um regime que sempre começa na segunda-feira. Temos boas intenções, mas a prática parece algo complicado. 
Precisamos tomar atitudes na vida. Corremos o sério risco de vivermos protelando e adiando, este é o comportamento típico do procrastinador, que deixa sempre para amanhã coisas que precisava fazer hoje. 
Acabei de retornar do hospital. Fui visitar uma pessoa idosa que descobriu que tem um câncer terminal. Ela está serena, apesar de sentir dores. Está segura, por causa de sua firmeza de fé, apesar da iminência da morte. Ela sempre orou para que Deus não a deixasse numa cama, dando trabalho para os outros, parece que Deus está atendendo sua súplica. Sua filha, que mora no exterior, está viajando hoje para estar com ela. Quem quiser demonstrar-lhe alguma forma de amor, deve fazê-lo agora. Aparentemente não há muito tempo. Muitas outras atitudes que precisamos tomar, também precisam ser agora – A vida continua. 
A vida não muda sem que assumamos novas posições. Sem que resolvamos pagar o preço de novas e delicadas decisões, relacionadas ao perdão, à forma de viver e tratar as pessoas. 
Todos enfrentamos dificuldades inerentes para mudanças. Elas exigem sacrifícios, muitas vezes um alto preço a pagar, elas transformam o nosso cotidiano, mudam nossos paradigmas, velhos e arraigados hábitos. No entanto, apenas “melhores atitudes podem nos levar a maiores altitudes”.
 “Ninguém comete erro maior do que aquele que não fez nada porque só podia fazer pouco”. E. Burke (1729-1797) Outra pessoa afirmou: “Quanto mais eu vivo, mais entendo o impacto da atitude na vida. Para mim, atitude é mais importante do que fatos. É mais importante do que o passado, do que cultura, do que dinheiro, do que as circunstâncias, do que os fracassos, do que os sucessos, do que aquilo que os outros possam fazer, dizer ou pensar. É mais importante do que a aparência, capacidade ou habilidades. Atitude é o que cria ou destrói uma empresa, uma igreja, um lar. O incrível é que todos os dias podemos escolher a atitude que vamos adotar, mas não podemos alterar o passado. Não podemos mudar o fato de que as pessoas irão agir de uma certa maneira. Não podemos mudar o inevitável. A única coisa que podemos fazer é tocar com a única corda que temos e esta é nossa atitude... Estou convencido de que a vida é 10% o que acontece comigo e 90% como eu reajo a isso”.  
A grande verdade da vida é: "Quem quer, cria recursos, quem não quer, cria desculpas".    


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

namoro misto


Por que você não deveria namorar (ou casar ) um descrente?

Introdução:

Este é um assunto que pode parecer desnecessário, afinal, podemos pensar que uma pessoa que ama a Deus não consideraria gastar todas sua vida, dividindo sua vida familiar, com alguém que não tem a mesma compreensão das coisas eternas. Infelizmente, esta não é a realidade.

Queremos considerar alguns relevantes princípios que podem ser aplicados a qualquer cristão pensando em casar (ou namorar) alguém que não ama Jesus com todo seu coração.

Na segunda carta de Paulo aos Coríntios, a Palavra de Deus nos ensina: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso” (2 Co 7.14-18)
A Bíblia nos recomenda a não colocar nosso pescoço debaixo da mesma canga, fazendo nossos planos e sonhos com alguém que não possui a mesma compreensão espiritual que temos.

O que é “Jugo desigual”?
  1.  Primeiramente, são pactos e associações com Instituições filosóficas/religiosas que não conhecemos bem e que comprometem o Reino de Deus – Por exemplo, envolvimento com seitas místicas. No Brasil é muito comum pessoas cristãs, inadvertidamente, se tornarem membros da maçonaria. Para alguém ser admitido na maçonaria, no seu rito de entrada (também chamado de batismo), a pessoa deve declarar: “Estou nas trevas em busca da luz”. Apesar de negarem este aspecto da religiosidade, eles usam termos próximos de uma religião. Por exemplo, a loja deles é chamada de Templo. Podemos encontrar estes títulos claramente apresentados na Davis Square e Church St, em Massachussets, onde surge o termo “Masonic Temple”. Já tive presbíteros que eram mais fiéis à reuniões maçônicas que a reunião de oração.
Ao escrever este texto, o apóstolo estava muito preocupado com a distinção que os cristãos tinham que fazer com os ídolos. Vinham de uma sociedade pagã, onde conviviam sem nenhum problema como vários deuses, e ele tenta demonstrar que o Deus que agora servem é um Deus exclusivo, que não reparte sua glória com ninguém, por isto não deveriam participar de sociedades com demônios ou de comidas sacrificadas a eles.
O texto nos adverte para não nos envolvermos ou fazermos qualquer pacto que possa dividir nossa atenção. Nada que distraia ou nos envolva em compromissos e pactos que nos distanciem de Deus.

2. Rituais místicos que podem criar alguma ligação com obras demoníacas- É comum pessoas sem muito conhecimento do que significa ser cristão e imaturas na fé, participarem de brincadeiras e atividades aparentemente inocentes que estão relacionadas ao demônio. Algumas destas incluem meditação e levitação, tabuas de Ouija, a aparentemente inocente brincadeira do copo, a consultas a videntes, cartomantes ou quiromantes. No Rock in Rio (2011), a direção do evento, convidou 50 pais de santos para darem passes às pessoas que participavam do evento. Foram construídas pequenas tendas, onde podiam receber passes. É curioso que nenhum pastor ou padre tenha sido convidado...
Outro perigo que surge nesta área é a linha tênue entre parapsicologia e demonismo. Muitos se envolvem com supostas práticas parapsicológicas, e na verdade estão andando na linha do demônio, sem o saber. Parapsicologia e demonismo possuem uma linha divisória muito pequena.
Um dos meus diáconos em Goiânia, Sr. Jabes de Souza Santos, nos relatou ser comum em sua casa, antes de aceitarem a Jesus, que num encontro da família chamassem as crianças entre 3-5 anos, e pedirem que as mesmas colocassem seus dedos mindinhos ao redor de uma pesada mesa de madeira, para a levitarem. Todos os adultos ficavam ao redor e aquela cerimônia “despretensiosa” era praticada. Perguntei-lhe porque não fizeram mais depois de sua conversão e ele me respondeu que eles, misteriosamente, não tinham mais prazer nestas coisas.
“Jugo desigual” tem a ver, primariamente com envolvimento com ídolos e outros deuses. A Bíblia conta que Salomão se envolveu com muitas práticas terríveis. “Seguiu a Astarote, deusa dos sidônios, e a Milcom, abominação dos moabitas; assim, fez Salomão o que era mau perante o Senhor”. 1 Rs 11.5,6 O texto é claro ao afirmar que “Sendo já velho, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses, e o seu coração não era de todo fiel para com o Senhor, seu Deus, como for a o de Davi seu Pai”. I Rs.11:4
A gente pensa que estas coisas não acontecem atualmente, mas sabemos de pessoas que saíram da graça de Deus para oferecerem altares a deuses falsos. Um dos casos mais conhecidos no Brasil é o de um ex-professor do Seminário do Norte, que casou com uma babalorixá e hoje, embora não se curve diante dos sacrifícios, está ao lado de sua esposa para comprar as coisas que ele precisa e fazer suas oferendas aos demônios, enquanto ela invoca as entidades para as sessões que são feitas.  Definitivamente fez vínculos com demônios e coisas sacrificadas a ídolos.

  1. Negócios altamente rentáveis, cujo enriquecimento é lícito do ponto de vista da lei, mas contrários à lei de Deus e à nossa consciênciaMuitos cristãos podem adquirir ações em bolsas ligadas a cassinos, clínicas de aborto, pesquisas genéticas reprovadas pela ética cristã como clonagem de seres humanos e células troncos com abortivos.  Investimentos em hospitais que subsidiam propaganda homossexual ou projetos anti ecológicos que trazem danos à natureza ou subsidiam guerras e conflitos militares. Jugo é “canga” usada para colocar dois animais juntos. O que a Bíblia nos ensina que o crente não pode fazer nenhum vínculo com a pessoa que não comunga da mesma fé. Não pode se atrelar a ela, colocar a canga no seu pescoço e no do outro que não conhece a Deus. O texto é mais objetivo na questão da idolatria e adoração a outros deuses. Como cristãos não podemos ter vínculos que comprometam nossa fidelidade a Deus. Estou absolutamente certo de que o problema de Daniel em não querer se envolver com o vinho e a carne do rei era pelo vínculo idólatra que isto criava.
Nesta categoria ainda se incluem sociedade com pagãos. O Homem do mundo tem valores diferentes do homem que serve a Deus. O mundo age com base no lucro e no sucesso. Embora o homem cristão possa trabalhar nesta perspectiva, este não pode ser o nosso último alvo ou final. Antes disto, devemos buscar a glória de Deus e adorá-lo com nossa vida.

  1.  Vínculos afetivos ou comerciais com pessoas que são hostis ou rejeitam o evangelho e a Jesus -
    1. Proposta de trabalho onde você não pode testemunhar a Jesus, ou no qual você tem que se silenciar acerca do que você crê, ou mesmo defender comportamentos e princípios éticos que você condena. Existem cristãos aceitando isto, enquanto grupos e ativistas gays tem espaço para expressar suas atividades e fazer suas propagandas temos nos intimidado com o Evangelho. Existem muitos saindo às ruas para defender marcha de gays e vadias, e não saímos às ruas para defender princípios éticos e valores ligadas à família.

    1. Casamento com pessoas contrárias ou indiferentes ao Evangelho. É o que convencionamos chamar de “Casamento misto”. O maior de todos pactos humanos, é, sem dúvida, o casamento. Colocar-se num jugo desigual, pode trazer danos tremendos à vida daqueles que amam a Deus. Muitas pessoas cheias do Espírito Santo perderam sua vida de piedade e reverência a Deus depois que se envolveram com uma pessoa sem Jesus. Canga igual para animais de hábitos diferentes é complicado. Tente colocar uma canga num cabrito e num boi, ao mesmo tempo...
Estar casado com alguém que não ama a Deus é um preço muito caro! Por que? Casamento, depois da decisão de seguir a Cristo, é a maior e mais importante de sua vida. O problema é que muitos cristãos começam um namoro acreditando que isto não seja algo tão sério,

a)- Primeiro, porque a Bíblia fala contra isto ; A Bíblia afirma que o casamento deve ser “somente no Senhor” (1 Co 7.39). Contudo, existem várias justificativas para que a gente queira ignorar isto. Ou, veja o que este texto diz: “Qual a comunhão entre o crente e o incrédulo?”. O apóstolo Tiago afirma que devemos “acolher a palavra da verdade, com mansidão”. Nestas horas, geralmente as pessoas reagem e ficam indignadas porque Deus diz certas coisas que eles não gostam. Em alguns casos, se rebelam e fazem do jeito que querem fazer, contrariando frontalmente a Palavra da verdade. É bom lembrar, que os princípios de Deus são dados para a vida, portanto, “nunca devemos violar os princípios de Deus se desejamos ganhar ou manter as bençãos de Deus” (Andy Stanley). Deus não tem compromisso com a infidelidade. A quebra de princípios pode não levá-lo ao inferno, mas podem trazer o inferno até você.

b)- Segundo, porque os interesses são diferentes. Uma pessoa sem Deus pensa e age de forma diferente daquele que ama a Deus. O crente pensa nas coisas relacionadas à missão e ao reino de Deus, enquanto o homem sem Deus, busca fazer as coisas para sua carne. Mesmo que o que fazem não seja, necessariamente ruim ou eticamente condenável. O problema é a motivação. O lazer do cristão é diferente, as férias possuem objetivos diferentes e as prioridades são diferentes. No domingo de manhã, o crente quer ir para a Escola Dominical, o descrente, para o clube; No carnaval, o crente quer ir para o retiro, o descrente, para a folia.

Quais são as justificativas mais comuns para um casamento misto?
Jaime Kemp apresenta algumas das mais comuns no seu livro “Namoro, Noivado, casamento e sexo”.
Þ   Estou somente namorando, não temos intenção de nos casar…
Þ   Nós temos tanta coisa em comum...
Þ   Não sei se ele é crente, estou namorando a pouco tempo e ainda não tive condições de verificar isto...
Þ   Ele não é crente, mas é um cara legal...
Þ   Creio que ele (a) está aberto (a) ao Evangelho...
Þ   Ele quer que nossos futuros filhos freqüentem a Igreja...
Þ   Eu lhe falei que só namoraria pessoas crentes, e então ele aceitou o Evangelho...
Þ   Conheço poucos rapazes (moças) crentes, meu círculo de amizades envolve mais pessoas descrentes...
Þ   Ele é mais cavalheiro que a maioria dos rapazes que eu conheço...
Þ   Ele não é crente porque não quer ser hipócrita...

Qual é o problema do casamento misto?

O casamento misto não tem uma base cristã para o lar. O ambiente dele não é o seu. O problema no Brasil ainda é maior porque todos dizem que tem uma religião cristã. Você quer um casamento nos princípios e propósitos de Deus? Onde vocês podem orar juntos para resolver seus problemas pessoais? Na hora da crise vocês tem uma rocha comum?
Outro aspecto a ser considerado: É muito mais fácil alguém te puxar para baixo, que você levá-la para cima.
A recomendação bíblica é muito clara. O casamento tem que ser no Senhor. “Fica livre pra casar com quem quiser, mas somente no Senhor” (1 Co 7.39). A liberdade restringe-se a um vínculo com uma pessoa que possua as mesmas convicções quanto à sua fé.
Isto nos leva a considerar outro aspecto muitas vezes esquecido. Muitas pessoas namoram pessoas que andam perifericamente na igreja, e até mesmo a freqüentam com certa regularidade, acreditando que ela é cristã por causa disto. Mas o fato de alguém cultivar certa presença numa comunidade ou mesmo se batizar nela, não significa que ela tem compromisso com Deus.

Deixe-me fazer algumas perguntas para você checar se esta pessoa ama o Senhor ou não:
Þ      Ela é comprometida com a Palavra de Deus?
Þ      Tem interesse em orar e buscar a Deus?
Þ      Está envolvido com a Igreja local?
Þ      Tem amor pela obra?
Þ      Prega e ensina a Palavra de Deus?
Þ      Tem sede de crescer em Jesus?
Þ      Já assumiu o compromisso de ser verdadeiramente um discípulo de Cristo?
Estes pontos ajudam a clarificar a vida de uma pessoa que está “No Senhor”.

Testemunho:

Uma vez que você entrega seu coração e suas emoções para alguém, você ficará surpreso ao notar quão difícil será uma ruptura, mesmo quando você sabe que é necessário tomar tal decisão. Uma jovem cristã escreveu a seguinte carta para seu conselheiro:
“Tenho 16 anos e sou filha de missionários no Oriente Médio. Eu tenho mantido um relacionamento de intimidade com o Senhor e recentemente encontrei um garoto na escola que não é cristão e estamos namorando por três meses. De início acreditei que estava tudo certo, afinal eu não estava me casando com ele e nem tinha intenção de fazê-lo, uma vez que ele não tinha um compromisso pessoal com Jesus, mas ultimamente encontrei alguém que me afirmou que eu estava errada e que eu não deveria manter este tipo de relacionamento desde o princípio”.
“Uma noite ele veio à minha casa, e eu estava ouvindo um CD de música evangélica, e ele ironizou as letras dizendo que eram letras tolas e riu do que ele chamou ´deste estranho Jesus´. Quando ele saiu, senti-me profundamente ferida pela forma como ele zombou das coisas de Deus, e eu realmente me senti profundamente triste, chegando à conclusão de que deveria por um fim em nosso relacionamento, mas está sendo muito difícil porque nós temos um carinho muito grande um pelo outro e eu estou com medo de que o meu testemunho enfraqueça se o nosso namoro acabar. Eu realmente tenho pedido ao Senhor que me dê sabedoria. Gostaria de pedir que orasse por mim sobre este assunto”.
Este é o típico caso de rapazes e moças cristãs que oram por uma decisão depois de terem assumido o relacionamento. Ela não precisa de sabedoria para saber o que fazer, o que ela precisa é de graça e poder para fazer aquilo que ela sabe que está errada, afinal, “Que comunhão há entre o crente e o incrédulo?”. É muito fácil permitir que nosso coração dirija nossa consciência ou nossa obediência. Uma vez que seus desejos demandam prioridades, seu zelo por Deus facilmente esmaece. Nossas emoções são poderosas e podem facilmente nos controlar, afinal, “Enganoso é o coração, e demasiadamente corrupto, quem o conhecerá?” (Jr. 17.9). precisamos sempre indagar se temos sido orientados pela Palavra de Deus ou pelos nossos sentimentos.
Quando Caim pecou contra o Senhor, Deus veio admoestá-lo e reorientá-lo, já que ele havia se distanciado completamente de sua vontade. Sua palavra é muito oportuna: “Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo” (Gn 4.7). Desejo precisa ser dominado, e apenas quando os submetemos a Deus, eles poderão estar sob controle, já que no nosso coração existe uma predisposição para o engano, como afirma o profeta Jeremias. Precisamos dominar nossos desejos, para que eles não nos dominem e nos animalizem.


Esclarecimento necessário:

Creio ser interessante fazer outro comentário sobre casamento misto. Já vi alguns dizendo: “Estou casado com alguém que não ama a Jesus, logo o meu casamento não pode ser abençoado por Deus, porque é um casamento misto” Pessoas assim estão apenas tentando justificar seu fracasso no casamento, mas buscando uma justificativa espiritual para romperem seu matrimônio. O que a Bíblia ensina àqueles que já estão casados?

Dois textos podem nos ajudar nisto:

I Co 7.12-14: “Aos mais digo eu, não o Senhor: se algum irmão tem mulher incrédula, e esta consente em morar com ele, não a abandone; e a mulher que tem marido incrédulo, e este consente em viver com ela, não deixe o marido. Porque o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros; porém, agora, são santos”.
Portanto, não pode pairar nenhuma dúvida sobre o fato de que uma pessoa casada com um descrente está autorizada por Deus a se divorciar.

1 Pe 3.1-2: “Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa, ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor”.
Há uma promessa de Deus que, pela atitude cristã da mulher temente a Deus, o marido incrédulo vai ser despertado para a salvação e conhecerá a verdade do Evangelho. Esta é uma promessa que pode revolucionar nossa história.

O nosso texto base, tem sido a 2 Carta de Paulo aos Coríntios. Este texto é um texto forte, que nos leva a avaliar seriamente alguns vínculos que temos estabelecido. Neste texto, Paulo tira esta idéia de “jugo desigual”, ou “canga desigual”, da vida agropastoril.

O que vem à sua ideia quando você fala de “Jugo desigual?’
Na zona rural é muito comum vermos bois levando cargas pesadas, mas atados por uma peça de madeira no pescoço. O nome que se dá a esta peça é canga ou jugo. São animais da mesma espécie colocados juntos para fazer um trabalho especifico. Eles são cuidadosamente treinados para responder aos mesmos comandos. O fazendeiro geralmente coloca dois animais do mesmo tamanho, força e temperamento porque sabe que precisarão trabalhar juntos. Se um animal desequilibra, o outro terá que fazer uma força extrema, porque a tarefa é dada para ser desenvolvida como uma equipe. Se estiverem fora da sintonia possivelmente o equipamento poderá se quebrar, sofrerão ferimentos, haverá confusão e o trabalho nunca será feito. Afinal, “andarão dois juntos se não houver entre eles acordo?” (Am 3.7).
Por isto é que a Palavra de Deus recomenda que casamento deve ser feito, “apenas no Senhor” (1 Co 7.39). Caso você deseja servir ao Senhor no seu lar, então ambos precisam de um acordo para que a tarefa seja realizada. Este princípio é realmente simples, por isto me impressiona que tantos ainda decidam ignorar a Palavra de Deus e agir sem considerar seus princípios.

A Bíblia apresenta algumas razões para que o Jugo desigual não aconteça:

a)- Porque o Evangelho não é inclusivo e tolerante com todas as coisas: (2 Co 6.17). Deus nos chama para sermos santos, separados. Por natureza o cristianismo precisa ser diferente.

ü       “Retirai-vos”- (2 Co 6.17)- Esta é uma forte afirmação. Ser cristão envolve ruptura com tudo aquilo que compromete a santidade de Deus. “Sede Santos, porque eu sou santo” (1 Pe 1.16). Todas as exigências éticas de Deus para o seu povo podem ser resumidas neste chamado: “Sede santos”. Apesar da simplicidade óbvia, a ordem tem sido encarada com grande confusão, negligência e receio dos crentes e escárnio dos incrédulos. Deus exige santidade de seu povo.

ü       “Não toqueis” (2 Co 6.17)- Esta afirmação nos leva a considerar que é necessário um ruptura com certos processos e atitudes de nossa vida. Associação ou envolvimento com determinados comportamentos e rituais, comprometem nossa santidade com Deus.

b)-  Porque existe uma diferença de conteúdo: As perguntas que são feitas no texto, são retóricas, isto é, levam-nos a responder da forma como são feitas. “Que comunhão entre Luz/trevas; crente/incrédulo; Justiça/iniqüidade; Cristo/maligno?”. Todos estes elementos são contrários na sua natureza e essência. As trevas não comungam com a luz, a justiça não se associa com a iniqüidade, Cristo se opõe ao maligno, e o crente não pode se associar e pactuar com o incrédulo. Porque são, por sua natureza, como água e óleo.
A proposta aqui não é para um isolamento monástico nem fuga do mundo. O apóstolo Paulo já esclareceu esta questão na carta anterior que escreveu. “Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; refiro-me, com isto, não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois, neste caso, teríeis de sair do mundo” (1 Co 5.9-10). A questão, porém, tem a ver com vínculos, pactos e associações que fazemos. E certamente a aliança do casamento está no centro desta questão.

c)- Porque associações nos comprometem - A Bíblia conta a história interessante dos gibeonitas em Josué 9. Quando ouviram o que Israel fizera a Jericó e Ai, duas cidades prósperas e vizinhas, resolveram pactuar com o povo de Israel , e para isto fingiram vir de longe, vieram com sandálias rotas e sacos velhos e odres de vinhos rotos e trouxeram um pão seco e bolorento dentro dos sacos de viagem. Assim fizeram um pacto com o povo de Deus. A Bíblia diz que o povo de Israel não pediu conselho ao Senhor antes foram enganados e fizeram aliança acreditando que eram pessoas vindas de longe, quando na verdade eram vizinhos, estavam no caminho e na terra que o povo queria conquistar, por isto Israel foi impedido de guerrear contra eles.
Muitas pessoas, ainda hoje, sem o saber, envolvem-se com coisas satânicas, para serem agradáveis e populares. Tomem cuidado com os vínculos, pactos e associações que são feitos, muitos destes compromissos podem estar desagradando a Deus.

4. Porque precisamos rejeitar coisas impuras – (2 Co 6.17).  Nossa vida deve ser uma vida de pureza e santidade aos olhos de Deus. A sociedade atual é extremamente inclusivista, licenciosa e tolerante até com o pecado e com o mal, e deseja unir trevas com a luz. Deus diz que é necessário pagar o preço para sermos aprovados, e este preço muitas vezes é da impopularidade e do radicalismo. Precisamos lembrar do status que recebemos de Deus, que nos chamou para sermos seus filhos (2 Co 6.18).
Certa vez, Luiz XIV, um jovem príncipe, herdeiro da coroa francesa teve que ser deportado para não morrer. No seu exílio, foi morar com muitos guerreiros e soldados que tinham uma péssima conduta ética, e ele ainda adolescente tinha que suportar todas as provocações, os soldados se excediam nas bebidas, gritarias, mau temperamento e brigas, além da licenciosidade moral, fornicação e prostituição. Quando lhe perguntaram porque não agia como os demais, ele respondeu de forma segura: “Porque um dia serei o rei da França, e isto não é um comportamento digno da realeza”. Ah! Se nós entendêssemos a vocação e o chamado que Deus nos tem dado e qual a suprema grandeza de sua glória, certamente seriamos mais prudentes e cautelosos na nossa ética, para glorificar nosso rei.

Conversões de conveniência

Em geral, tenho muita dificuldade em fazer casamentos mistos. Condiciono sempre o casamento a alguns encontros com os noivos, para abrir meu coração e falar do propósito de Deus para suas vidas. Eventualmente faço apelos para conversão, evangelizando pessoas durante tais encontros.
Por desejarem que eu realize a cerimônia de seus casamentos, não é muito difícil encontrar pessoas que “aparentam” ter uma certa espiritualidade, e para desfazer qualquer possibilidade de continuar mantendo um contacto fundamentado numa mentira, afirmo diretamente que não condiciono o casamento ao fato da pessoa fazer parte da comunidade na qual sou pastor. Aprendi que isto elimina qualquer predisposição para a hipocrisia e as conversões de conveniência.
Por outro lado, vejo rapazes e moças crentes, namorando descrentes, e criando uma “cláusula” nos relacionamentos: “Só me casarei com você, se você se converter”. É obvio que se o descrente está apaixonado pela pessoa crente, como não possui qualquer compromisso espiritual, facilmente concordará em “se converter e se batizar”, mas será que realmente esta pessoa teve uma experiência com Jesus e entendeu o plano de Deus para sua vida? Em geral, tais compromissos mostram-se superficiais, logo após o casamento.
Nunca confiei em uma conversão deste tipo. Não seguimos Jesus por causa de alguém, este não é o tipo de discipulado que Jesus deseja; mas seguimos a Cristo por causa dele mesmo.

“Namoro Missionário”
Eu não estou muito certo quando surgiu o termo “namoro missionário”, mas ele é mais que apropriado para ilustrar o que falamos. Imagine você – uma jovem cristã, cheia de zelo por Deus - indo para uma tribo remota de nativos para evangelizar o perdido e sentindo grande peso espiritual pelo charmoso filho do chefe da tribo. Ele parece interessado em Deus e você gasta um bom tempo na esperança de trazê-lo para o Senhor...
Então, sem que você saiba, sua amiga de uma sociedade missionária recebe um cartão postal dizendo que ela está se casando e não volta mais. Será que ele se converteu? Bem, na verdade não – mas ela está confiante de que em breve isto acontecerá. Enquanto isto, ela está tentando organizar as coisas da casa, na sua cabana cheia de ídolos (que não verdade, ela não pensa em adorar...) e sonhando com um futuro maravilhoso que construirão juntos.
Se você ouve falar de uma situação como esta, deve se perguntar quais são as chances desta garota encontrar real felicidade – ou dela professar seu amor pelo Senhor? Suas ações certamente parecem contradizer aquilo que ela realmente afirma crer.

O Jogo do Namoro
Vivemos dias em que os jovens tem tratado o relacionamento de namoro como algo superficial e vazio. Uma música contemporânea reflete bem este pensamento moderno: Já sei namorar, já sei beijar de língua, agora só me falta sonhar... Não sou de ninguém, eu sou de todo mundo, e todo mundo me quer bem” (Tribalistas). Esta idéia de “ser de todo mundo” é uma grande falácia. Ninguém é de todo mundo, todos nós precisamos de intimidade e responsabilidade nos nossos relacionamentos, caso contrário, haverá muitas feridas e dores.
O resultado tem sido o conhecido conceito de “ficar”. Embora “ficar” seja um verbo que dá idéia de estabilidade, neste caso ele expressa algo efêmero e passageiro. “Ficar”, na linguagem moderna significa se entregar a alguém durante um tempo curto, sem nenhum compromisso ou envolvimento afetivo. Namoro tem se tornado algo vazio e pecaminoso.
Tenho a convicção de que namoro não deve ser feito de forma superficial, e muito menos sem a aprovação de Deus. Ouvi certa vez a afirmação de que “namoro é para se conhecer, noivado é para planejar e casamento é para executar”. Embora não estejamos certos de que vamos casar com a pessoa que namoramos, uma vez que a estaremos conhecendo, é prudente pensar que estaremos nos conhecendo porque a outra pessoa se tornou interessante. Antes de um envolvimento, devemos ser capazes de ver as qualidades de um sincero amor de Deus na vida desta pessoa, e os frutos de sua fé também devem ser claros.
É natural que você comece a namorar alguém com quem você já esteja observando sua forma de ser por algum tempo. Para iniciar um namoro, que é um relacionamento mais profundo, você deve entrar quando o Senhor lhe mostrar que este passo deve ser dado. Se você teme ouvir um não de Deus, muito provavelmente você não está interessado em saber sua vontade para sua vida. Isto é um sinal vermelho de que alguma coisa vai mal no seu processo de seguir a Cristo, já que você não está realmente interessado em segui-lo.
Muitos estão num casamento miserável, porque ignoraram a orientação de Deus, e resolveram seguir seus próprios desejos e a voz de seus corações. Estão aprendendo lições de uma forma muito dura. Casamento é um pacto indissolúvel, selado por Deus, e a Palavra de Deus nos ensina que “O que Deus juntou, não o separe o homem” (Mt 19.7), e que “Deus odeia o divórcio!” (Ml 2.16).
Quando falamos do casamento, estamos nos referindo a um compromisso de uma vida de amor, honra, cuidado – até que a morte nos separe! Então, como fazer uma aliança com alguém que não ama Jesus?

Apelo aos que ainda não tomaram uma decisão em ser um discípulo de Cristo

Muitos ainda não quiseram fazer pactos com a Igreja e com o Evangelho. Fazer pactos é dizer, “eu assumo, eu me comprometo”. Não fazem tais compromissos por causa do medo dos vínculos!  É importante, porém, reconhecer que o Deus do Evangelho é um Deus pactual, Deus das alianças, que exige compromisso e deseja nossa fidelidade plena, sem reservas.
Alguns nunca disseram: “Eu aceito, eu me envolvo, eu entrego meu coração a Jesus e meu rendo ao convite de ser um discípulo”. Se você ainda não assumiu compromisso porque ainda não aceita o Evangelho é coerente e razoável que não deve assumir tal compromisso. Agora se você já aceita, e por razões familiares, comodismo ou negligência tem negligenciado ao adiado esta entrega incondicional, você ainda não tem a vida, porque não a entregou a Jesus. Lembre-se do que Cristo afirmou: “Quem me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante do Pai que está nos céus. Quem, porém, me negar diante dos homens, eu o negarei no último dia”. Mt.10:32,33.  O Deus da Bíblia é um Deus do pacto, da aliança, do compromisso. Por isto a palavra afirma: “Hoje se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração…”

Conclusão:

A dura realidade é que aqueles que amam a Jesus e se casam com descrentes, jamais terão a experiência da plenitude de um casamento como Deus planejou. Nunca experimentarão a verdadeira intimidade se estarem unidos nos vínculos do amor de Jesus. Verdadeiras alianças só podem ser construídas debaixo do altar do Senhor.
Confie no Senhor, ande em obediência, e Deus satisfará suas necessidades no Seu tempo e da Sua forma. Confie no Senhor de todo o seu coração e não te estribes no teu próprio pensamento. Não se engane! Quem verdadeiramente ama o Senhor, nunca vai comprometer sua história com alguém que ama o mundo.
Ore sinceramente ao Senhor, pedindo-lhe para que oriente seu coração para que ele não se afaste dos ensinamentos do Senhor. Se você está pensando em se casar com uma pessoa descrente, ter um lar cristão, temente a Deus e que busca seguir os mandamentos de Deus, criando filhos na disciplina e temor do Senhor, como você espera alcançar estes objetivos se seus desejos são tão distintos?

Creio que é isto que o texto da Palavra de Deus está ensinando: “Que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo?”. Que Deus possa abrir o seu coração e mente, na medida em que você, sinceramente, busca fazer sua vontade.