domingo, 17 de janeiro de 2021

Preparado para mudanças?


 Preparado para mudanças? 


Em 1994, recebi honroso convite de uma instituição americana para me mudar para os Estados Unidos a fim de trabalhar com a comunidade de imigrantes de língua portuguesa na região de Newark-NJ. Naquela época eu morava no Rio de Janeiro.
Era um grande desafio: linguístico, familiar, cultural. Era necessário me desapegar literalmente de minha história e livros que tão sacrificialmente havia comprado. Muitas vezes deixei de ir ao cinema ou a um jantar porque queria determinado exemplar. Ao mudar, tive que me desfazer do carro, preparar uma complexa documentação, estava com 34 anos e meus filhos tinham 6 e 8 anos. Grande desafio!

Ao chegarmos nos Estados Unidos, minha esposa, com mestrado em Letras pela UFG-Go., foi contratada como professora de ESL (English as Second Language), um programa desenvolvido pelo governo para melhorar a inserção dos filhos dos imigrantes da região, que ainda não tinham competência na língua inglesa.

Era um recomeço. Estar num lugar desconhecido, aperfeiçoar a língua, fazer as coisas de forma completamente diferente do que até então estava acostumado a fazer. Pessoalmente tenho muita dificuldade com mudanças, gosto das coisas no lugar e tenho uma relação quase afetiva com meus pertences, na época, tinha uma grande paixão por livros e discos. Portanto, mudança não é algo fácil para mim. Talvez por esta razão, o advento da pandemia em 2020, me tenha sido tão pesado. Uma nova abordagem, um fazer diferente, dar aulas pela internet, ser criativo, tudo isto gerou um esforço psicológico muito grande para mim.

Por que estou dizendo tudo isto? 
Viramos novamente a página do calendário. Chegamos em 2021. Para alguns, um grande alívio considerar que este ano tão singular chegasse ao fim. Um novo ano nos convida a jogar fora as folhinhas e agendas velhas, no sentido literal e simbólico e planejar novos passos, abordagens e estratégias , afinal, não é assim que cantamos: “Adeus ano velho, feliz ano novo, que tudo se realize no ano que vai nascer?”

Um novo ano, com novas perspectivas e, infelizmente, velhos hábitos, estão diante de nós. Camões afirmou 500 anos atrás: “Jamais haverá ano novo, se continuarmos a copiar os erros dos anos velhos”. 

Mudanças podem gerar desconforto, inquietação, desmobilização, mas ao mesmo tempo podem nos ajudar a visualizar novos rumos e oportunidades. Crescer pode ser um processo doloroso, mas necessário e inevitável. Cada época da vida traz diferentes caminhos e desafios.

Que 2021 nos desafie! Que haja em nós mudanças significativas e profundas. Você está preparado para as mudanças? Já pode antecipar quais mudanças são urgentes e imprescindíveis? O que é prioritário? Lembre-se “prioridade não tem S” (Sérgio Cortela). Que passos concretos você tem adotado? 

Melhores atitudes nos levam a maiores altitudes!

Síndrome do “coitadismo”

 



Síndrome do “coitadismo”

 

De acordo com o IBGE, No Brasil, quase 11 milhões de jovens de 15 a 29 anos não estão ocupados no mercado de trabalho e nem estudando ou se qualificando. Este grupo representa 23% da população do país nessa faixa etária, e tem sido chamado de “nem-nem”. Nem estudam nem trabalham. Estão fora da educação, do emprego e da qualificação profissional. Em inglês são chamados de NEET: "Not in education, employment, or training" (fora da educação, emprego e formação profissional
). Este número cresceu 2,5 pontos percentuais em relação a 2014 (20%) e 2,8 frente a 2005 (19,7%).

 

Certamente nem todos que se encontram nesta condição podem ser acusados de irresponsabilidade. Existem variáveis sociológicas e de saúde, no caso recente a pandemia, que não podem ser ignorados, mas uma boa parte, infelizmente desenvolve síndromes persecutórias, e no processo de vitimização, se veem realmente como “coitadinhos”, digno de pena e aceitação. São pessoas com medo de encarar os desafios porque temem o fracasso. Alguns são filhos de casais muito bem sucedidos profissionalmente, e isto ao invés de encorajar e estimular, parece gerar inibição e timidez.

 

Uma das características do coitadismo é se colocar como vítima, tentar descobrir um bode expiatório, achar que a culpa é da sociedade, da família ou de outras pessoas que não lhe deram oportunidades. Eventualmente as pessoas se distanciam daqueles que se vitimizam, porque tais pessoas drenam as emoções e roubam a energia, esperam solidariedade e compreensão e anseiam por pena e condolência

 

A atitude de vitimismo foca nos problemas e na dor, gerando um circulo vicioso de descontentamento, murmuração e reclamação. É uma doença causada pela pessoa vitimizada e que só afeta a ela mesma. Augusto Cury disse corretamente: “Quando somos abandonados pelo mundo, a solidão é superável; quando somos abandonados por nós mesmos, a solidão é quase incurável.” Quem se vê como coitado precisa entender que todos passam por problemas, e que o mundo é implacável com aqueles que desistiram de si mesmos. A questão central não é o que a vida, circunstâncias e pessoas fizeram contigo, mas o que você fará com aquilo que lhe fizeram. 

 

Por isto, Acabe com o vitimismo antes que ele acabe com você. Não fique esperando que as pessoas lhe deem o devido valor para sua pro-atividade. O coitadismo não é provocado por nada nem ninguém além de nós mesmos. O escritor alemão Johan Goethe (1749-1832), já afirmou: “Quem tem bastante no seu interior, pouco precisa de fora.”