sábado, 31 de julho de 2021

Tristeza!



 

A tristeza é um dos sentimentos mais humanos que há e podemos nos entristecer com motivos reais ou imaginários. Ela pode surgir sem nos avisar ou pode ser crônica. Muitas vezes, diagnosticamos sua origem e procedência, mas, em outras ocasiões, não fazemos a mínima ideia do que está acontecendo conosco. Santo Agostinho afirmou que “a mente pode controlar o corpo; mas a mente não pode controlar a mente.”

 

A tristeza pode ser confundida com depressão, mas existem muitas diferenças entre as duas, apesar de serem correlatas. A depressão pode ser marcada pelo desequilíbrio hormonal (componente físico), mas também pode ser uma variação de humor (componente emocional) ligada a perdas significativas, a abusos sexuais/emocionais ou mesmo à ausência significativa dos pais e traumas.

 

Há ainda a tristeza chamada de “depressão reativa”, que surge quando atravessamos um período de muitas perdas emocionais, traição ou falência. Como o nome diz, ela é uma resposta física ou emocional, involuntária ou não, a um evento causador de dor profunda. Muitos se dizem deprimidos quando, na verdade, estão profundamente entristecidos. Mais cedo ou mais tarde, a dor vai desaparecer e a cura virá.

 

Jesus enfrentou tristeza intensa no Getsêmani quando disse: “Minha alma está entristecida até a morte.” Embora o diabo cause tristeza e depressão, Jesus não atribui toda sua tristeza ao diabo. A dor que Ele sentia estava relacionada ao seu projeto maior de ter que enfrentar o martírio da cruz.

 

Apesar de toda a dor envolvendo os quadros de tristeza, não se trata de tê-la ou não, mas sim de ficarmos atentos quanto à intensidade da dor que se sente - se ela é mórbida e paralisante - e com sua duração - se é persistente e constante. Nos quadros mais graves é preciso buscar ajuda profissional na forma de aconselhamento e terapia. Em casos mais agudos, geralmente são necessários remédios, atendimento psiquiátrico e terapias alternativas.

 

A pandemia isolou as pessoas, especialmente adolescentes e idosos, e por isso muito tem se discutido a “depressão social”. Uma boa conversa, o retorno prudente às atividades sociais, a volta à igreja e à escola, aliados à prática de atividades físicas ao ar livre e momentos de lazer são boas alternativas para minimizá-la.

 

A tristeza não é boa companhia e vale lembrar que a presença e a força de Deus também podem auxiliar o coração triste e cansado. Jesus nos convida: “Vinde a mim todos os cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.”

Nova tendência de mercado?

 


 

Uma reportagem publicada na “Folha de São Paulo” (05.07.2021), suscita uma questão interessante que pode indicar uma nova tendência: Os trabalhadores nos EUA estão pedindo demissão em ritmo recorde.

 

Apenas em abril, cerca de 4 milhões de trabalhadores, o equivalente a 2,7% de toda a força de trabalho do país, pediram demissão, e isto parece apontar para uma tendência que o pesquisador Anthony Klotz, especialista em psicologia organizacional, está chamando de “a Grande Renúncia”, ou uma  postura da nova geração que está revendo conceitos e valores.

 

O que esta onda de demissões está comunicado? Ela é temporária, como uma reação à pandemia, ou algo que terá um impacto permanente? É bom lembrar que ainda há mais de 9,3 milhões de pessoas nos EUA procurando emprego...

 

Klotz aponta quatro razões possíveis. A primeira é que muitos funcionários já queriam deixar seus empregos antes da pandemia, e quando ela chegou isto os ajudou na decisão. A segunda seria o "esgotamento do trabalho". O momento de insegurança trouxe um estresse maior que o normal. A terceira são os “momentos de revelação ou epifania”. Eles acontecem quando uma pessoa vive uma situação que a faz querer deixar o cargo — como não conseguir a promoção que esperava ou ver algum colega ser demitido.

 

A verdade é que a pandemia, levou os trabalhadores a reavaliarem suas vidas. Muitos perceberam que querem ficar mais tempo com a família; outras agora sentem que seu trabalho não é tão importante quanto pensavam.

 

A quarta razão possível está na expansão do trabalho remoto.  Muitos agora não querem voltar ao escritório, e buscam mais autonomia e flexibilidade para estruturar o dia à sua maneira. Muitos estão se demitindo para buscar empregos remotos ou híbridos.

 

Naturalmente as condições sociais do Brasil são bem diferentes de um país onde sobram vagas de trabalho. Entretanto, chama a atenção a realidade visível de que a nova geração, está passando por uma crise imensa na questão do trabalho. A França já admite a possibilidade de que os trabalhadores só façam 36 horas semanais, e a Alemanha, conhecida por sua austeridade, está discutindo ter a semana com apenas 4 dias de trabalho.

 

Certamente o trabalho é essencial em toda economia forte. Mas muitos estão percebendo que não é possível viver apenas em função da produção e do mercado. Existe vida! E esta adquire sentido em valores mais profundos e maiores, como saúde pessoal e relacionamentos, família, espiritualidade. A discussão está apenas no início, mas pode apontar para um desdobramento muito mais profundo sobre a psicologia humana depois da Revolução Industrial.

Não é Justo!


 

Para a cosmovisão atual, a verdade nada mais é do que aquilo que acreditamos que ela seja. Trata-se de algo subjetivo. Sócrates afirmou que “a verdade é o que é”, mas Hegel, em sua filosofia dialética, disse que a verdade é aquilo que cada um acha que é. Tudo é uma questão de perspectiva!

 


Mesmo vivendo em uma sociedade caracterizada pelo relativismo, o fato é que insistimos em dizer: “isto é justo!” ou “isto não é justo!” Mas, como afirmamos que algo é justo se não existe verdade absoluta? Se não há um princípio que seja referência última e “verdadeira” para aquilo que defendo? Apesar de tudo, o conceito de justiça e verdade está sempre presente em nossa história.

 

Na Bíblia há várias narrativas consideradas injustas. Na parábola do Bom Samaritano, Jesus não considerou justo que dois religiosos passassem de largo quando havia um homem semimorto, ferido por assaltantes, no caminho. A solidariedade e compaixão são necessárias e fundamentais para o ser humano. Portanto, a negligência e o descaso não podem ser considerados justos.

 

Um incidente com o rei Davi é marcado por profunda sensibilidade quando ele, exausto no deserto, suspirou pela água fria da fonte de Belém. Para agradá-lo, alguns valentes soldados fizeram uma caminhada arriscada. Eles passaram no meio das fronteiras inimigas e buscaram água para Davi.

 

Ao receber a água, Davi transformou aquele momento em um ato de adoração a Deus, derramando, em forma de sacrifício, o presente recebido. Ele não achou justo ser tão privilegiado à custa do risco de vida de pessoas que o respeitavam e eram tão sensíveis às suas necessidades.

 

A Bíblia demonstra que não é justo ser perdoado e não perdoar, tolerar as próprias faltas e não tolerar a falta alheia. Não é justo julgar os outros e não julgar a si mesmo. Não é justo querer que nos tratem com delicadeza se somos rudes com os outros. Não é justo dar pedra àqueles que nos pedem pão. Não é justo ter e não repartir. Não é justo acumular excessivamente quando tantos carecem do básico. Não é justo ignorar o sofrimento das pessoas para manter o nosso luxo pessoal.

 

No sermão da Montanha, Jesus afirmou: “Não bombardeiem de críticas as pessoas quando elas cometem um erro, a menos que queiram receber o mesmo tratamento. O espírito crítico é como um bumerangue. É fácil ver uma mancha no rosto do próximo e

 

esquecer-se do feio riso de escárnio no próprio rosto. Vocês tem o cinismo de dizer: ‘deixe-me limpar o seu rosto’ quando o rosto de vocês está distorcido pelo desprezo? Isso também é teatro, é fazer o jogo do “sou mais santo que você”, em vez de simplesmente viver a vida. Tire o cinismo do rosto e, então, você poderá oferecer uma toalha ao seu próximo para que ele também limpe o rosto.” (Mt 7.1-5 / Versão contemporânea)

 

Há muitas coisas que fazemos e não são justas... agir assim, não é justo!!! 




Enchendo o Tanque Emocional

 


 

O conferencista havaiano Wayne Cordeiro escreveu o livro de autoajuda “Andando com o Tanque Vazio? Encha o Tanque e Renove a Paixão”. Na obra ele conta a experiência de passar três anos em esgotamento extremo, o chamado “burnout”, sentindo-se esmagado pelas demandas. Um dia, fazendo uma corrida leve no parque da cidade, sentou-se desolado. Chorando no meio-fio, foi levado às pressas para o hospital mais próximo.

 

Cordeiro foi diagnóstico com um estresse muito forte, mas conseguiu recuperar a vida e voltar ao equilíbrio adequado, permitindo que Deus lhe concedesse nova energia. Diante do que ele viveu, vale lembrar que nosso corpo produz neurotransmissores - os chamados hormônios da felicidade -,

 

responsáveis pelas sensações de alegria, recompensa e bem-estar.

 

Eles são liberados em situações específicas, como durante a prática esportiva, meditação e em momentos de dores intensas. A serotonina, a endorfina, a dopamina e a ocitocina são os hormônios da felicidade mais importantes. Por outro lado, a adrenalina - hormônio produzido pelas glândulas supra-renais - prepara o organismo para realizar atividades físicas e esforços físicos, gerando estresse no organismo. Se tivermos cargas excessivas de adrenalina, nosso corpo entra em colapso. É necessário equilibrar esses hormônios.

 

No livro que lançou, Wayne Cordeiro dá conselhos sobre como evitar a Síndrome de Burnout e na palestra disponível no YouTube - Líderes Correndo, Porém Mortos - ele conta detalhes da experiência que teve.

 

O palestrante nos leva a imaginar a vida emocional como um tanque que pode ser enchido com o que dá equilíbrio e energia, mas que também pode ser esvaziado com atitudes que os roubam. Assim, ele nos encoraja a listar o que nos enche de alegria e o que nos esvazia. É um exercício interessante.

 

Sugiro que você pegue uma folha de papel e escreva de um lado: “O que enche meu tanque?”. E do outro registre: “O que esvazia meu tanque?”. É uma dinâmica rápida, mas altamente produtiva.

 

Eu, particularmente, descobri algumas coisas interessantes que me fazem bem emocionalmente, como acordar sem ter agenda para cumprir, ler um bom livro sem pressa, conversar com amigos ao redor de um churrasco ou de uma xícara de café com leite, viajar e, especialmente, pescar. Estas coisas me “energizam”.

 

 

Aprendi também que atividades como uma boa caminhada, um tempo para cuidar da minha alma -  ir à igreja e exercitar minhas práticas devocionais, orar (falar com Deus) e meditar (refletir de forma serena sobre minha vida) - me ajudam na caminhada.

 

É preciso encher o tanque emocional! Quando Jesus passou pela dura experiência de saber que seu amigo João Batista havia sido brutalmente decapitado pelo rei Herodes, ele chamou seus discípulos e lhes disse: ”Vinde repousar um pouco, à parte, num lugar deserto” (Mc 6.31). Era importante ajustar as emoções. Recarregar as baterias. Se não ajustarmos as cargas podemos explodir como uma panela de pressão.

sábado, 3 de julho de 2021

Valor e preço

 


 

Qual a diferença entre valor e preço?

 

Preço é aquilo que conseguimos pagar com moeda: Uma propriedade, uma casa, um carro, investimentos. Representa um valor financeiro que é colocado num produto ou serviço para que as pessoas possam comprá-lo.

 

Ao contrário do preço, valor refere-se à percepção que se tem do produto ou serviço. Muitas coisas não tem valor pecuniário, mas são extremamente valorosas. Por exemplo, um abraço não tem preço, uma palavra encorajadora, orientadora, tem um grande valor e podem literalmente mudar toda a trajetória de uma pessoa. Portanto, valor , filosoficamente falando, está ligado ao coração e por isto a moeda não paga. Mesmo assim tem um valor imensurável.

 

De forma bastante resumida a diferença é que o preço é o que se paga por um produto ou serviço enquanto o valor é o benefício proporcionado. Preço refere-se ao valor financeiro do produto, algo que serve ainda de remuneração ou compensação.

 

Valor, portanto, é subjetivo, e pode variar de pessoa para pessoa, que dão preços diferentes à mesma coisa, dependendo da necessidade individual, ou daquilo que se considera importante por trás da oferta.

 

Warren Buffett afirma que preço é o que pagamos, enquanto valor é o que é levado e que agrega a nossa vida. Portanto, preço é a quantia paga, em forma de serviço ou produto. Valor é mais abstrato.

 

Considere para sua reflexão: O que realmente tem valor para sua vida? Já se tem dito ninguém na hora da morte fica preocupado com a cotação da bolsa, o lucro do negócio e ganhos financeiros. O mais importante é na UTI de um hospital é a saúde. Percebe-se então, que a vida tem mais valor do que tudo. Certamente trocaríamos o que temos para manter a saúde de uma pessoa amada. Neste momento, coisas são relativizadas.

 

Jesus foi além, ao afirmar: “De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?” Esta frase foi dita no contexto em que um homem muito rico, olhando os lucros de sua fazenda e a fartura de sua colheita disse para si mesmo: “Alma, tens em deposito muitos bens; come, bebe, regala-te”. Mas uma voz reverberou em sua mente: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado, para quem será?”

 

Muitas coisas tem preço, mas não valem a pena. Muitas coisas valem, mas não tem preço: a amizade, a fé, um sorriso, uma palavra. Estas coisas são valiosas demais para que sejam colocadas numa prateleira e negociadas.