quinta-feira, 28 de abril de 2016

Simplicidade gera leveza



Vocês sabiam que o Brasil possui o melhor sistema de filtragem de água nas mãos há muito tempo?

Pois é, baseado em pesquisas norte-americanas, foi publicado o livro The Drinking Water Book, de Colin Ingram, ótima referência para pesquisas sobre sistemas de filtragem de água, que os tradicionais filtros de barro, com câmara de filtragem de cerâmica são muito eficientes na retenção de cloro, pesticidas, ferro, alumínio, chumbo (95% de retenção) e ainda retém 99% de Criptosporidiose, um parasita causador de doenças, e além de tudo, foi inventado por um brasileiro - e nem mesmo sabíamos disso.

Colin Ingram tem 40 anos de experiência como escritor científico, pesquisador, publicações técnicas e consultor. Ele conduziu programas extensos de pesquisa sobre todos os aspectos da água potável e de purificação de água, fazendo avaliação e testes de produtos. “As pesquisas revelam que sistemas mais eficientes são baseados na filtragem por gravidade, onde a água lentamente passa pelo filtro e goteja num reservatório inferior, justamente como são os filtros de barro no Brasil. Esse sistema mais ‘calmo’ de filtrar a água garante que micro-organismos e sedimentos não passem pelo filtro devido a uma grande pressão exercida pelo fluxo de água. Essas conclusões levam a crer que quando um filtro de água sofre uma pressão devido ao fluxo da água da torneira ou da tubulação, o processo fica prejudicado, pois a pressão sobre o conjunto faz com que micro-organismos, sedimentos ou mesmo elementos químicos como ferro e chumbo passem pelo sistema chegando ao copo do consumidor”.

A pesquisa revela ainda que muitas tecnologias lançadas no mercado não têm muita utilidade, pois, em geral não impedem que elementos perigosos como o flúor ou arsênio passem pelo processo de filtragem. Portanto, é indicado e suficiente a compra de um filtro simples de gotejamento e cerâmica.

Há muitos anos a faculdade de farmácia em Alfenas-MG, onde o número de parasitoses é grande, orientava a população sobre condições básicas de higiene e distribuía filtros de barro de água para a população, além de explicar seu uso e outras técnicas para a descontaminação da água, na tentativa de diminuir a incidência de verminoses.

A água deste filtro, sai da torneira fresquinha, pois a cerâmica diminui sua temperatura em cerca de 5 graus Celsius. Tais filtros de barro, ou de cerâmica, são campeões na filtragem de resíduos da água. Também reduzem quase integralmente a contaminação por cloro, pesticidas, ferro, alumínio e chumbo.

De um tempo pra cá, a cultura minimalista e a busca da simplicidade tem retomado fortemente. Aos poucos vamos aprendendo que, lamentavelmente temos complicado a arte de viver, perdemos a capacidade de entender que menos é mais. Famílias estão mais complexas e sofisticadas, mas nem por isto mais felizes e resolvidas. Novas teorias tentam desmontar sistemas milenares como se estivessem descobrindo o “o ovo de Colombo”. No entanto, “a natureza ama a simplicidade e a unidade” (Johannes Kepler), além do mais, “simplicidade gera leveza”. As coisas de Deus são simples, mas como diz o sábio Salomão, “Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias”.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Abnegação

O dicionário define abnegação como uma ação caracterizada pelo desprendimento e altruísmo, em que a superação das tendências egoísticas da personalidade é conquistada em benefício de uma pessoa, causa ou princípio; dedicação extrema; altruísmo. Trata-se de renúncia ascética à própria vontade em função de anseios místicos ou princípios religiosos, ou um sacrifício voluntário dos próprios desejos, da própria vontade ou das tendências humanas naturais em nome de qualquer imperativo ético.
Sempre considerada uma virtude cristã, ultimamente tenho percebido que abnegação, na verdade, para muitos se parece negativa. Tenho alguém na família conhecida por todos como abnegada, e é fácil  perceber como sua filha se irrita quando ela abre mão de privilégios para socorrer e ajudar outros, eventualmente em prejuízo de si mesma. Para a filha, sua mãe é tola, subserviente, sem vontade própria e capacho. Antes de julgarmos o veredito da filha, pergunte a si mesmo: Não é assim que realmente pensamos?
Hoje ouvi dois relatos que revelam como abnegação é complicada.
Uma viúva casou-se com outro viúvo, e o relacionamento aparentemente era muito positivo, afinal, eles eram da mesma igreja, não eram tão idosos e os filhos demostraram apreciação pelo relacionamento dos dois, já que eram do mesmo nível social, tinham saúde, tempo e dinheiro para viajar, mas depois de oito anos, o marido descobriu um câncer de próstata, e ela pediu separação confidenciando a amigas próximas que já havia cuidado de seu pai, doente muitos anos, e não queria agora cuidar de outro velho.  
Uma jovem casada por sete anos, viu a saúde de seu marido decair severamente com graves crises psiquiátricas que o levaram a profunda depressão. Toda a família teve de se envolver para apoiar o triste quadro de saúde que ele enfrenta no momento. A mulher, porém, decidiu se separar, afirmando que só tem uma vida prá viver e que não se imagina casada com um homem doente pelo resto da vida. Afinal, “Eu não tenho direito de ser feliz?”

Percebem como abnegação é complicada? Qual seria sua resposta/reação a situações como estas: Condenaria? Concordaria? Aprovaria? Questionaria? Você diria como Marguerite Yourcenar: “Quanto amargor fermenta-se no fundo da doçura, quanto desespero esconde-se na abnegação e quanto ódio mistura-se ao amor”, ou optaria pela anônima declaração: “Quando o eu não é negado, ele é necessariamente adorado?” 

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Belief


O canal Discovery Channel lança ainda este mês um documentário sobre a importância da fé. Sua chamada é: “Feche seus olhos, olhe para dentro. A resposta está dentro de você! Belief!”

Esta proposta pode ser atraente, mas esbarra em alguns problemas:

Primeiro, este não é o tipo de espiritualidade cristã. Olhar para dentro é uma das formas de contemplação e meditação, mas corre o risco de se tornar um ensimesmamento. Embora os solilóquio seja importante, e é válido a conversa com o próprio coração, a alternativa cristã passa pela oração, que se dirige não para dentro de nós, mas para um Deus além de nós. A fé cristã aponta para  um Deus fora de nós, Deus presente, mas que não é o inner-self, mas alguém fora de nós. Não encontramos Deus olhando para dentro, mas para fora: “Deus habita num alto e sublime trono, mas habita também com o contrito de espírito”. Confundir Deus com o meu coração e minhas impressões é tão perigoso quanto confundir Deus com a “mãe natureza”. Natureza é criação de Deus, não tem personalidade. É criatura, não criador. Da mesma forma, se olharmos para dentro de nós, dependendo da condição emocional e espiritual, teremos uma tendência maior à depressão, desilusão e cinismo.

Outro problema de achar que a resposta está dentro de nós, é que isto desemboca no subjetivismo.

Na belíssima música do Almir Sater e Paulo Simões, “O Vento e o Tempo”, vemos como isto é fácil de acontecer. Ela diz assim: “Por mais que tente, não entendo. Todo mundo enlouquecendo. Quem é que está com a razão? E tanta gente ainda lendo. Velho e Novo testamento, sem compreender a lição. Verdade é voz que vem de dentro, e mata a sede dos sedentos, o pior entre os meus sentimentos, de mim foi levado enfim pelo tempo”. Veja o que ele propõe: Verdade não está em um livro sagrado, mas “é voz que vem de dentro”. O subjetivismo crê que a verdade está dentro de si, e não fora. Não existe verdade objetiva, nem externa. A verdade é o que você propõe ser verdade, e aquilo que você acredita ser verdade, torna-se verdade. Portanto, nada é verdade, a não ser que eu afirme e creia ser verdade. A verdade deixa de ter a definição de Sócrates que dizia que “a verdade é o que é”, para se tornar “aquilo que creio que é verdade”.

Percebem como isto facilmente e torna um pensamento mágico?

No entanto, 85% dos jovens atualmente crêem que a verdade é aquilo que você crê ser verdade. Steve Jobs, fundador da Apple, teve um câncer de pâncreas e morreu rapidamente porque se recusou a usar os métodos tradicionais e preferiu fazer um tratamento à base de ervas que seus gurus espirituais da Índia lhe forneciam. Sua recusa foi patética e arrogante, mas ele acreditava que ele tinha a verdade, e por isto recusou a medicina.


“Belief” é um estilo de vida e uma necessidade. Como precisamos crer. Jesus encorajou seus discípulos a crerem. “Não se turbe o vosso coração, crede em Deus, crede também em mim, na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu não lhes diria, pois vou preparar-vos lugar”. A proposta de Jesus é que desenvolvêssemos uma fé, não em nós mesmo, não auto-contemplativa e introjetada, mas uma fé que transcenderia o nosso ser, e se encontraria em Deus. Crer não é um exercício de introspecção, mas abertura das janelas da alma para um Deus transcendente.