quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Fracasso



Em junho de 2008 tive o privilégio de ouvir o discurso de J.K.Rowling, na formatura da Harvard. Esta escritora é considerada a mais prestigiada autora ficcional, e também a mulher mais rica da Inglaterra pelos livros que escreveu e pela conhecida série dos filmes de Harry Potter.
Rowling teve uma infância pobre e optou por fazer o curso de Literatura Inglesa, apesar da oposição dos pais que achavam que isto nunca lhe daria dinheiro para manter suas despesas pessoais. Depois de formada, casou-se e se divorciou em seguida. Sua palestra na Harvard Square, apesar do grande público ali presente, foi intimista e pessoal, com um início ambíguo, já que num dia de formatura resolveu falar dos benefícios do fracasso, que ela afirmou ser a “vida real”.
Ao concluir seu curso na faculdade aos 21 anos seu maior temor não era a pobreza mas o fracasso, apesar de saber, por experiência própria, que a pobreza provoca stress, medo e algumas vezes depressão, e que “pobreza em si mesma só é romantizada pelos tolos”.
Falando a um público seleto, já que estudantes de Harvard, teoricamente, não fazem parte do grupo que está acostumado ao fracasso, ela enfatizou que eles poderiam ser dirigidos pelo medo/fracasso ou serem orientados pelo desejo do sucesso. Ela mesma, depois de 7 anos de formada, tinha falhado numa escala gigantesca: um casamento implodido, sem emprego e como ela definiu a si mesma “tão pobre quanto possível na Grã Bretanha moderna, sem ser mendiga”.
Tenho pensado muito na idéia de fracasso. É tão fácil ser atingido pela ruína. Um negócio mal planejado ou eventualmente bem planejado, mas que enfrentou uma situação imprevisível de uma crise econômica, pode se tornar um grande erro e consumir os recursos adquiridos. Um casamento, feito com glamour e expectativa, pode redundar em muitas dores, angústias e depressão. Uma boa faculdade não garante um bom emprego e nem uma boa profissão determina sucesso. Uma reputação cuidadosamente construída pode desmoronar num escândalo e numa atitude tola ou impulsiva. Acima de tudo, o que é fracasso para alguns, pode não ser para outros; determinado padrão de vida em alguns países é pobreza; em outros, luxo. Sucesso não pode ser avaliado pelo lugar que chegamos, mas de onde saímos.

O maior fracasso da vida, porém, está numa vida não realizada. Envelhecer sem alegria, amargurado com as ofensas sofridas, culpando processos, economia, pessoas e família, para mim este é o grande fracasso. O grande fracasso não é ser pobre, com todas as variáveis decorrentes de uma vida com limites duros; nem o de não ser popular e reconhecido. O grande fracasso é uma vida de desistência, sem alegria, sem amigos, sem família e sem Deus. 

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Manual de férias



Todos nós precisamos recarregar nossas energias, dar uma pausa na vida, mudar as atividades, recriar, imaginar, sair do dia a dia. Não é sem razão que Deus, como seu último ato criador fez o sábado. Shabath no hebraico significa descanso. Portanto a ideia do ócio está no design do ato criador de Deus, fazendo parte da estrutura intrínseca da raça humana. Precisamos de descanso para evitar o esgotamento nervoso, para restaurar as forças e o vigor. Em casos de estresse, ou esgotamento nervoso, “nada é melhor do que não fazer nada”.
Na sociedade atual, 60% dos trabalhadores encontram-se mentalmente sobrecarregados e as férias servem para distrair a mente, dar oportunidade para considerar novas alternativas, para regenerar as forças e reduzir a competitividade.
É bom lembrar que existem muitas formas de gozar as férias, e muitos modos de arruiná-la. Nos Estados Unidos já existem pesquisas demonstrando como uma viagem em família pode se tornar desgastante. As pessoas estão imersas nas suas atividades cotidianas, e mesmo quando moram sob o mesmo teto eventualmente não se conhecem, não dialogam e não sabem perceber e entender a necessidade de privacidade ou como lidar com as diferenças.
Viajar com outras pessoas pode ser um transtorno, principalmente quando as férias precisam girar em torno do interesse de alguém mais exigente ou caprichoso, que exige que a programação gire em torno das suas predileções ou daquilo acredita ser o melhor para o grupo. Se as diferenças sociais e gostos são muito diferentes as questões se tornam ainda mais complexas. Como conciliar pessoas que gostam de museus enquanto os outros gostam de compras? Ou que deseja caros restaurantes e lojas, enquanto você se contentaria com uma fatia de pizza e uma compra num Sam’s club? Ou pessoas com fuso horário diferente do seu, que gostam de acordar tarde, quando você já está em pé as 7hs da manhã com o café pronto e esperando ansiosamente que os dorminhocos se levantem?
Pacotes também podem estragar as férias. O que fazer quando a pousada, que parecia paradisíaca no prospecto da agência, se revela uma tapera quando você chega ao local? Ou o grupo que parecia tão harmonioso quando fizemos o programa e agora se revela irremediavelmente tedioso?
Nada, porém, é mais estraga prazer que o nosso mau humor ou daqueles que viajam conosco. O que fazer com a filha adolescente que não queria ir porque está apaixonado e não quer deixar o namorado, vai “obrigada”, e a partir de então, conspira contra todos os programas? Ou a discussão não resolvida do casal, eventualmente por trivialidades, e que insiste em se arrastar interminavelmente durante todos os dias daquelas férias que foram tão cuidadosamente planejadas?

A verdade é que existem muitos meios de arruinar as viagens. Aprenda a evitá-los para que sua viagem dos sonhos não se torne um pesadelo.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Qual é a sua meta?



Para muitas pessoas, o início do ano é caracterizado pelo desejo de que certas rotinas, hábitos e atitudes sejam diferentes. Por isto são organizadas algumas listas de resoluções, que na maioria das vezes não saem do papel, como as famosas dietas que deve ser feita, a partir da próxima segunda feira.
No entanto, desejar mudar é o ponto de partida para transformações. Para se andar mil milhas é necessário dar o primeiro passo. Ainda que eventualmente falhemos em alguns propósitos, devemos continuar insistindo em querer mudar.
É importante não ser demasiadamente otimista nem exageradamente pessimista. Listas longas e inatingíveis podem se tornar frustrantes, mas não desejar nada dá a idéia de indolência. Metas precisam ser mensuradas e também exeqüíveis ou realizáveis. Ao preparar as resoluções, deve-se inicialmente suscitar algumas perguntas: O que está intoxicando a vida? O que pode ser feito de concreto para a superação? Quais medidas devem ser tomadas? O que colocar no lugar? È necessário a ajuda de outras pessoas? Isto exige recursos financeiros? Os recursos são disponíveis para tais mudanças?
Para uma mudança permanente, precisamos ser honestos conosco mesmo e avaliar o que tem nos impedido de amadurecer e trazer felicidade e realização. Em geral tendemos a culpar os outros, o sistema, e nos sentirmos vítimas de processos, situações e pessoas. A verdade, porém, é que ninguém lhe deve nada: Nem o seu cônjuge, nem o seu filho, nem o seu pai, nem a igreja ou a sociedade, e muito menos Deus, a quem gostamos também de responsabilizar pelos nossos fracassos. O processo de vitimismo impede o amadurecimento. Existem pessoas que apodrecem, mas não amadurecem.
Para atingir a meta, “nunca prometa ou se comprometa com os outros com algo que você não tem a intenção de fazer, ou sabe que não pode cumprir. Você é a pessoa mais importante com a qual deve manter a integridade” (Stephen Covey).
Então, comece com coisas que são significativas. O que lhe apaixona? O que pode deixá-lo comprometido? Como atingir tais metas? Considere sua criatividade como um ponto de partida para vencer os desafios e atingir os alvos. Foco define prioridades, metas, alvos e sonhos.

Antes de concluir, deixe-me dar mais uma sugestão: Existem problemas aparentemente insolúveis, para os quais não existem respostas prontas e fáceis. São situações que nos parecem muito maiores que nossa capacidade. Nestas horas, a auto-ajuda tem pouco a cooperar, mas a ajuda do Alto faz toda diferença. O Deus que servimos é Todo-Poderoso. Capaz de “fazer infinitamente mais do que tudo que pedimos ou pensamos”. Portanto, abra as janelas de sua vida para a realidade de um Deus que não está longe, e é capaz de capacitá-lo e socorrê-lo nas situações aparentemente mais trágicas. 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Retrospectiva


Soren Kierkegaard, filósofo existencialista dinamarquês fez a seguinte afirmação: “Uma vida não avaliada não é uma vida digna de ser vivida”. Todos nós, num determinado momento da vida, precisamos avaliar o que estamos fazendo, seja do ponto de vista profissional, pessoal, espiritual. É o momento de olhar pelo espelho do retrovisor, e ver se as marcas que estamos deixando para trás estão ou não valendo a pena. Se isto não acontecer, não temos como rever  planos, considerar as áreas mais fracas e fortalecer as que precisam de maior reflexão. Em tempos de transições, em horas de crises, passagens de ano, é muito importante fazer uma retrospectiva.
Um dos maiores líderes do cristianismo e que solidificou boa parte do pensamento da Bíblia foi o apóstolo Paulo. Apesar de todo seu conteúdo teológico profundo, ele demonstra sua humanidade nas cartas que escreve, ora se sentindo solitário, ora eufórico. Numa carta pessoal escrita a Timóteo, ele fez uma profunda avaliação de sua vida, e daí chegou a quatro constatações.

Eis as quatro constatações que fez:

Primeiro, ele percebe que nem sempre os amigos estão por perto, principalmente quando passamos por tribulações. Amigos mudam de região e de foco, traem, dispersam. Pessoas passam por nossas vidas, entram e saem dela. Alguns por motivos corretos, outros por motivos questionáveis, mas o fato é que nem sempre os amigos estão ao nosso alcance.

A segunda foi que precisamos cuidar da saúde. Ele aconselha Timóteo a cuidar das frequentes enfermidades que tinha, não se esquecendo de receitas simples. Muitas vezes andamos no automático, mas chega um momento em que o corpo exige atenção especial e cuidado. Como uma máquina, seu corpo precisa de manutenção e calibragem. Não force a máquina porque sem lubrificação ela funde o motor.

Em terceiro lugar, ele percebe que a mente precisa ser exercitada, ocupada com bons pensamentos. Quando a mente fica vazia, passa a imaginar coisas, ser consumida por ansiedades e preocupações tolas. Muito desânimo é um movimento de retroalimentação de pensamentos e ideias errôneas que devem e podem ser corrigidas.

Em quarto e último lugar, ele conclui que não deveria consumir sua vida com pessoas que lhe provocaram males. Em geral, pessoas malignas são capazes de intoxicar nossa mente e consumir muito do nosso vigor e alegria. Se pararmos cada vez que encontramos oposição e ficarmos remoendo o mal que nos fizeram, não vamos avançar. Vingança é um prato que se come cru. Portanto, não fique se lamentando com o esquecimento, incompreensão, traição, abandono e maldade dos outros.

Considere estes quatro aspectos na retrospectiva que você deve estar fazendo na virada de ano. Muito aborrecimento pode ser evitado colocando em prática estes quatro princípios.