sábado, 31 de julho de 2021

Nova tendência de mercado?

 


 

Uma reportagem publicada na “Folha de São Paulo” (05.07.2021), suscita uma questão interessante que pode indicar uma nova tendência: Os trabalhadores nos EUA estão pedindo demissão em ritmo recorde.

 

Apenas em abril, cerca de 4 milhões de trabalhadores, o equivalente a 2,7% de toda a força de trabalho do país, pediram demissão, e isto parece apontar para uma tendência que o pesquisador Anthony Klotz, especialista em psicologia organizacional, está chamando de “a Grande Renúncia”, ou uma  postura da nova geração que está revendo conceitos e valores.

 

O que esta onda de demissões está comunicado? Ela é temporária, como uma reação à pandemia, ou algo que terá um impacto permanente? É bom lembrar que ainda há mais de 9,3 milhões de pessoas nos EUA procurando emprego...

 

Klotz aponta quatro razões possíveis. A primeira é que muitos funcionários já queriam deixar seus empregos antes da pandemia, e quando ela chegou isto os ajudou na decisão. A segunda seria o "esgotamento do trabalho". O momento de insegurança trouxe um estresse maior que o normal. A terceira são os “momentos de revelação ou epifania”. Eles acontecem quando uma pessoa vive uma situação que a faz querer deixar o cargo — como não conseguir a promoção que esperava ou ver algum colega ser demitido.

 

A verdade é que a pandemia, levou os trabalhadores a reavaliarem suas vidas. Muitos perceberam que querem ficar mais tempo com a família; outras agora sentem que seu trabalho não é tão importante quanto pensavam.

 

A quarta razão possível está na expansão do trabalho remoto.  Muitos agora não querem voltar ao escritório, e buscam mais autonomia e flexibilidade para estruturar o dia à sua maneira. Muitos estão se demitindo para buscar empregos remotos ou híbridos.

 

Naturalmente as condições sociais do Brasil são bem diferentes de um país onde sobram vagas de trabalho. Entretanto, chama a atenção a realidade visível de que a nova geração, está passando por uma crise imensa na questão do trabalho. A França já admite a possibilidade de que os trabalhadores só façam 36 horas semanais, e a Alemanha, conhecida por sua austeridade, está discutindo ter a semana com apenas 4 dias de trabalho.

 

Certamente o trabalho é essencial em toda economia forte. Mas muitos estão percebendo que não é possível viver apenas em função da produção e do mercado. Existe vida! E esta adquire sentido em valores mais profundos e maiores, como saúde pessoal e relacionamentos, família, espiritualidade. A discussão está apenas no início, mas pode apontar para um desdobramento muito mais profundo sobre a psicologia humana depois da Revolução Industrial.

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