quinta-feira, 26 de maio de 2005

A Tirania do Consumo

Centenas de pessoas vivem angustiadas e aflitas por já terem ido muito longe nos seus débitos. Há uma boa probabilidade de que você já tenha caído na armadilha do débito pelo menos uma vez na vida, ou que sua casa esteja passando por sérios problemas por causa disto.

Um débito financeiro desorganiza a estrutura familiar, gera enorme frustração e eventualmente grandes conflitos. Se você está com débito isto significa que tem uma tarefa dupla pela frente: 1. Você não conseguia se organizar quando as contas estavam zeradas, e isto provavelmente significa que enfrentava sérios problemas entre receita e despesa; 2. Você vai ter que correr agora contra o prejuízo e ainda equilibrar as contas domésticas, que você anteriormente não estava conseguindo.

Pessoas podem se desequilibrar financeiramente por causa de uma tragédia, acidente ou um infortúnio. Mas muitos são desequilibrados porque estão presos numa armadilha, que eu chamo A Tirania do Consumo. Alguém já afirmou que "a maioria dos nossos recursos é gasto com coisas que a gente não precisa, com dinheiro que não temos, para impressionar pessoas que não gostamos".

A estratégia das empresas de marketing é criar necessidades. Elas são peritas em fazerem você se achar inadequado se não usa uma roupa de determinada marca, se não come em determinado restaurante e se não tem determinado carro. Quanto menos resolvido for o seu coração, mais terá a tendência de acreditar que o seu sentido será adquirido quando tiver coisas que ainda não conseguiu comprar, e colocar seu valor e significado em objetos e fantasias que estão fora de sua vida. Assim, compra-se para encontrar significado para a alma, mas existem necessidades existenciais da vida que nenhum dinheiro pode comprar e que não pode saciar a alma.

Almas vazias não conseguem viver sem gastar, por isto buscam não apenas o necessário, mas o supérfluo, na tentativa de que lhes dê sentido para preencherem o coração. Na verdade não precisam de tais coisas para viver, aliás, poucas coisas que realmente precisamos são encontradas em shoppings.

Gostaria de dar algumas dicas práticas para pessoas que vivem nesta sujeição tirânica:

1. Não superestime o valor da prosperidade. Dinheiro não resolverá seus problemas, nem trará felicidade, comprará amigos ou ainda lhe fará importante.
2. Evite a gratificação instantânea - A habilidade de adiar o prazer. Aprenda disciplina O desejo por gratificação instantânea leva a compulsão por comprar.
3. Não gaste além de seus recursos - Viva dentro do seu orçamento. Não se afogue na armadilha do cartão de crédito para gastar mais do que você pode. Simplifique sua vida a ponto de viver confortavelmente dentro de suas posses.
4. Desenvolva um plano - Você não pode continuar vivendo a mesma vida e esperar resultados diferentes do que já obteve até agora. Escreva um plano melhor de vida para você.
Comece imediatamente - Uma vez que você tenha resolvido consertar seu problema e tenha traçado um plano, não espere para colocá-lo em prática.

segunda-feira, 23 de maio de 2005

A Tirania do Sucesso

Poucos homens estudaram tanto o comportamento humano quanto B. F. Skinner. Ele é um dos pais e mentores da Psicologia do comportamento, ou, do behaviorismo, se adotarmos o termo na língua inglesa. Num intrigante livro sobre o ser humano chamado O mito da Liberdade (Rio de Janeiro, Bloch Editores S.A, 1973), expressa profundo desencanto com esta questão da liberdade humana. Ele conclui seu livro dizendo: "Uma análise experimental transfere a determinação do comportamento do homem autônomo para o ambiente – um ambiente responsável pela evolução da espécie como pelo repertório adquirido por cada membro... Ele está realmente controlado pelo ambiente". (op.cit.pg 167-168).
Embora ele acentue que este ambiente é construído em grande parte pelo próprio homem não deixa de expressar em todo conteúdo do livro, forças humanas que condicionam o homem, levando-o a fazer opções que não necessariamente são julgadas em todas as suas complexidades.
Esta é uma das razões pelas quais temos falado de forças tirânicas que agem sobre nós e interagem conosco. Uma das que tem sido mais enfáticas, tem sido o conceito de sucesso. Somos uma sociedade ambiciosa e desesperada por reconhecimento público.

Imagine que você pergunte ao seu filho pré adolescente ou adolescente, e sugiro que não o faça, o que ele pensa que seria a sua expectativa sobre ele lhe dando três opções: ser um homem rico, um homem bom, ou um homem de sucesso, o que você acha que ele iria responder?

Muito provavelmente a resposta seria sucesso. O excesso de atividades, tarefas e obrigações que criamos para nossos filhos revelam a nossa ansiedade para que eles sejam bem sucedidos. A agenda de muitos meninos e meninas tem sido agenda de executivos, eles perderam a capacidade do lúdico, do prazer e do brinquedo. Tornam-se sérios demais numa época em que deveriam brincar. Por que o estatuto dos menores não discute esta questão? Muitos lares têm impedido os filhos de viverem pelo desejo incontrolável de que sejam pessoas de sucesso na vida.

Homens e mulheres também vivem no afã do sucesso. Partem vorazmente para o mercado de trabalho, fazem cursos cada vez mais rigorosos, afinal, dizem eles, precisam de um lugar ao sol. Os dois saem em busca do sucesso, reconhecimento, notoriedade. Esquecem-se uns dos outros, abandonam afetivamente os filhos e neste desespero pós-moderno, perdem a alma e o prazer de ser gente, de brincar, de rir. Ambos providenciam bens e riquezas para casa, mas ninguém está providenciando recursos para a alma, para os afetos.

O que poucos estão discutindo é o real conceito de sucesso. O que é ser bem sucedido? O que transforma uma pessoa em alguém vitorioso? Um diploma a mais? um carro mais novo? uma viagem a mais à Europa? Gente com tanto e com tão pouco, vazia de afeto, vazia de alma, vazia de sentido? É isto que chamamos de sucesso? Filhos estressados, individualistas, egoístas, burgueses, sem razão para viver, sem prazer de viver, sem sentido para viver? Pessoas ensimesmadas, yuppies sem desejo de ser gente, sem capacidade de amar?

A Bíblia nos faz uma exortação muito séria sobre isto: "Tal é a sorte de todo ganancioso; e este espírito de ganância tira a vida de quem o possui" (Pv 1.19)

domingo, 8 de maio de 2005

A Tirania do Mal

A presença do mal no mundo cria questões filosóficas angustiantes e perturbadoras. C. S. Lewis, conhecido escritor e professor em Oxford, falecido em 1963 afirma que existem duas abordagens complicadoras quando tratamos deste tema: A Primeira é negarmos o mal. A segunda, ficarmos obcecados pelo mal. Tanto a negação quanto a obsessão são complicadoras porque na primeira, nega-se a discussão e faz-se de conta que o mal não existe. Na segunda, cria-se uma neurose que tenta analisar a vida apenas pela perspectiva do sobrenatural, retirando das pessoas a compreensão mais ampla da responsabilidade moral. O diabo torna-se culpado de todas as fraquezas, contradições, ambigüidades e malandragens.

Para aqueles que professam os credos judaico-cristãos, é importante notar que ele aparece reiteradas vezes nos escritos do Velho e do Novo Testamento. Satã é tido como responsável por uma infinidade de doenças humanas, enviando aflições e perturbações à humanidade, trazendo distúrbios mentais e surge sempre como um espírito oposto a Deus, distanciando o homem de Deus e de seus propósitos. Uma boa referência bibliográfica para este tema é o livro, O Mal, o lado sombrio da realidade, de John A. Sanford, publicado pela edicões Paulinas.

Tanto na perspectiva das Escrituras quanto na experiência cotidiana, o Mal tem sido sempre uma força tirânica. Muitos têm sido presos de forma inconsciente desta força simbólica e/ou real, e vivem sufocados por um não sei quê de angústias e medos. Para alguns já não se trata mais de uma impressão, mas de fato de uma opressão. O mal tem sido experimentado de forma aguda no viver diário. Estes fatos não nos são desconhecidos.

Scott Peck, no livro O Povo da Mentira, afirma que o mal é o oposto da vida, e chama a atenção para o fato de que na língua inglesa, curiosamente, evil (mal), é oposto de live (to live: viver). Evil é vida escrita de trás para a frente, vista pelo inverso. O mal é oposto à vida. Ele confronta e esvazia a capacidade de viver, e isto está de acordo com o pensamento de Jesus que diz que "o diabo veio para matar, roubar e destruir, mas eu vim para que tenham vida, e vida em abundância".

Muitos têm sido escravizados por conceitos e pela realidade do mal. São forças espirituais e simbólicas que vão além do cotidiano. Fui procurado por médicos de um hospital psiquiatra que pediam para que eu desse parte do meu tempo para lidar com pessoas que precisavam de um tipo especifico de tratamento que ia além da análise, terapia e remédios que eram aplicados. Queriam alguém que lidasse com pessoas pelo ângulo espiritual. Peck, psiquiatra citado acima, admitia que ele mesmo buscou grupos de exorcistas para lidar com coisas que iam para além do cotidiano e do ordinário.
Não viver demonizando o comportamento humano, nem viver ignorando os fenômenos torna-se sabedoria para nossas vidas. Ainda mais importante, porém, é buscarmos solução integrada para que não mais estejamos escravizados de forças e conceitos que podem nos impedir de sermos menos do que aquilo que Deus queria para nós. Jesus lidou algumas vezes com endominhados, mas não via demônios em toda parte. Também não fazia de conta que não existiam. João, seu apóstolo, definiu o ministério de Jesus de duas formas: Primeiro afirmou que Deus é amor (1 Jo 4.16), e depois disse: "Para isto se manifestou o Filho de Deus: Para destruir as obras do diabo" (1 Jo 3.8). Podemos concluir que o amor de Jesus e a compreensão de sua aceitação incondicional por nós, e seu ministério que confronta o mal, são elementos altamente libertadores para aqueles que ainda vivem sob a tirania do Mal.

quarta-feira, 4 de maio de 2005

Homenagem às mães

O dia das mães é sempre uma data excepcional. Existe um provérbio indiano que diz: “Um mestre supera em dignidade a dez preceptores; um pai a cem mestres, porém uma mãe a mil pais”.
Neste domingo gostaria de fazer algumas observações sobre a mãe:
Mãe não é objeto de consumo - as propagandas do dia das mães, costumam esvaziar seu sentido, e transformá-la em algo negociável, resultado de marketing. Dar presentes é bom, mas melhor ainda é ser um presente. O Livro de Provérbios afirma que "O filho sábio alegra a seu pai, mas o filho insensato é a tristeza de sua mãe" (Pv 10.1).
Mãe é única – Não existe a possibilidade de alguém ser gerado a partir de dois úteros. Útero traz a idéia de partilhar das vísceras, das entranhas da natureza humana. Por esta razão, os judeus só reconhecem seus filhos a partir do útero judaico. Para você ser judeu precisa nascer de uma mãe judia. Esta singularidade precisa ser valorizada.
Mãe é amor que não pode ser adiado – Toda demonstração de amor que puder ser feita à sua mãe faça antes de sua morte. Muitos ficam desesperados em gastar muito dinheiro em funerais e lápides, mas se quiser um conselho, gaste-o em flores hoje, não amanhã. Na maioria das vezes ao fazermos assim somos motivados pela culpa, para resolvermos inconscientemente nossa sensação de ter feito menos do que deveríamos ter feito.
Mãe não é empregada doméstica – Nossas relações são muitas vezes utilitaristas. Podemos achar que a comida de nossa mãe é a melhor do mundo, mas não precisamos transformá-la numa escrava de nossos caprichos de menino (a) que demorou a crescer. Nossos mimos não podem ser motivos de uma postura de tirania.
Mães precisam ser honradas Miguel Couto, ao receber honrosos prêmios por suas pesquisas afirmou: “toda honra dêem à minha mãe" e, após tal afirmação, trouxe-a à frente do auditório, para receber os aplausos.
Mães precisam ser reconhecidas - Thomas A. Édson, conhecido cientista fez a seguinte afirmação: “Minha mãe fez o que eu sou”.
Recebi uma interessante mensagem sobre as mães, e gostaria de compartilhar com os leitores:
No dia em que Deus criou as mães (e já vinha virando dia e noite há seis dias), um anjo apareceu-lhe e disse:
- Por que esta criação está lhe deixando tão inquieto senhor?
E o Senhor Deus respondeu-lhe:
- Você já leu as especificações desta encomenda? Ela tem que ser totalmente lavável, mas não pode ser de plástico. Deve ter 180 partes móveis e substituíveis, funcionar a base de café e sobras de comida. Ter um colo macio que sirva de travesseiro para as crianças. Um beijo que tenha o dom de curar qualquer coisa, desde um ferimento até as dores de uma paixão, e ainda ter seis pares de mãos.
O anjo balançou lentamente a cabeça e disse-lhe:
- Seis pares de mãos Senhor? Parece impossível!?!
Mas o problema não é esse, falou o Senhor Deus - e os três pares de olhos que essa criatura tem que ter?
O anjo, num sobressalto, perguntou-lhe:
- E tem isso no modelo padrão?
O Senhor Deus assentiu:
- Um par de olhos para ver através de portas fechadas, para quando se perguntar o que as crianças estão fazendo lá dentro (embora ela já saiba); outro par na parte posterior da cabeça, para ver o que não deveria, mas precisa saber, e naturalmente os olhos normais, capazes de consolar uma criança em prantos, dizendo-lhe: 'Eu te compreendo e te amo!' - sem dizer uma palavra.
E o anjo mais uma vez comenta-lhe:
- Senhor...já é hora de dormir. Amanhã é outro dia.
Mas o Senhor Deus explicou-lhe:
- Não posso, já está quase pronta. Já tenho um modelo que se cura sozinho quando adoece, que consegue alimentar uma família de seis pessoas com meio quilo de carne moída e consegue convencer uma criança de 9 anos a tomar banho...
O anjo rodeou vagarosamente o modelo e falou:
- É muito delicada Senhor!...
Mas o Senhor Deus disse entusiasmado:
- Mas é muito resistente! Você não imagina o que esta pessoa pode fazer ou suportar!
O anjo, analisando melhor a criação, observa:
- Há um vazamento ali Senhor...
- Não é um simples vazamento, é uma lágrima! E esta serve para expressar alegrias, tristezas, dores, solidão, orgulho e outros sentimentos.
- Vós sois um gênio, Senhor! - disse o anjo entusiasmado com a criação.
- Mas isso não fui eu que coloquei. Apareceu assim...