domingo, 25 de abril de 2021

Os Grandes Temas do Brasil

 


 

O site de procura Google Trends traz informações sobre os temas mais pesquisados na internet. Enquanto eu escrevia este artigo, os temas mais pesquisados do Global Trends, que reúne as pesquisas feitas no mundo inteiro, foram: UEFA, FIFA, SuperLeague. E os temas relacionados ao Brasil: Superliga, UEFA e Roberto Carlos. No UOL, observei que os artigos mais lidos estavam relacionados ao Big Brother Brasil. Das cinco notícias mais acessadas, três estavam relacionadas a este assunto.

 

BBB é a versão brasileira do reality show Big Brother, produzido aqui e exibido pela TV Globo. Nele, os competidores ficam confinados em uma casa cenográfica, são vigiados por câmeras 24H por dia, não podem se comunicar com parentes e amigos, ler jornais ou usar qualquer outro meio para obter informações externas.

 

Isso nos diz um pouco sobre o que ocupa a cabeça do povo. Temas como as discussões sobre Lula, STF, Bolsonaro, vacina e mesmo covid não são os mais acessados. Talvez isso demonstre um pouco de alienação, cansaço, ou, quem sabe, defesa.

 

Ninguém suporta mais os temas políticos. Ninguém aguenta mais uma Imprensa que, gradativamente, demonstra ter pouco interesse pela verdade e deseja construir uma narrativa que lhe interessa. A Imprensa brasileira não percebe o descrédito que vem construindo nos últimos tempos ao enfatizar sua linha editorial surrealista.

 

Acreditam ainda que “uma mentira dita mil vezes torna-se verdade”, frase de Joseph Goebbels (1897-1945), ministro da propaganda da Alemanha nazista, que mobilizou todos os meios de comunicação para impor ao povo alemão uma única ideia política e social. Certamente, esta frase maquiavélica tem certo poder, que por sinal tem sido cada vez mais relativizado pelas mídias sociais. Trata-se de um poder paralelo, que forma valores e constrói opiniões.

 

Collor de Mello foi eleito presidente do Brasil em março de 1990 e impichado em dezembro de 1992. Analistas afirmam que sua eleição foi construída pela mídia, que criou a figura icônica de um “caçador de marajás”. Para uma sociedade carente de uma figura messiânica, seu nome se ajustou perfeitamente, até ser retirado do poder por corrupção quase três anos depois.

 

Existem muitos grandes temas que deveriam ser discutidos no Brasil, mas a obsessão insana de interesses políticos questionáveis, sistema jurídico tendencioso e Imprensa

instrumentalizada não permitem a discutir uma agenda positiva.

 

Isso me lembra de uma antiga advertência bíblica, proferida pelo profeta Isaías: “Pelo que o direito se retirou, e a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas praças, e a retidão não pode entrar. Sim, a verdade sumiu, e quem se desvia do mal é tratado como presa. O Senhor viu isso e desaprovou o não haver justiça.” É assustador pensar em quanto esta frase é atual, contemporânea e ainda relevante para nossos dias.

domingo, 18 de abril de 2021

A Pós-verdade

 


 

Pós-verdade é um neologismo, que descreve a situação na qual, na hora de criar e modelar a opinião pública, os fatos objetivos têm menos influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais. Em 2016, a Oxford Dictionaries elegeu o vocábulo como a palavra do ano na língua inglesa. A “pós-verdade”, portanto, é uma forma de narrativa que privilegia um tema de interesse, sem mostrar diferentes ângulos, diferentes opiniões, interpretando tais fatos da forma mais conveniente.

 

As manobras da pós-verdade, de fato, são uma arma política bastante poderosa, e isto é antigo. O Imperador Justiniano relatou diversas histórias de veracidade duvidosa no seu livro “História Secreta.” Atribui-se a Hegel a declaração de que a “História é um mito consentido”desta forma, cada corrente ideológica e grupo de interesse, diz o que interessa, de acordo com sua versão.

 

A pós-verdade difere da tradicional disputa e  falsificação da verdade, dando-lhe uma "importância secundária". Por isto, é comum que “algo que pareça ser verdade é mais importante que a própria verdade”, como aquele que diz: “Se não é parece, e se parece pode ser”, ou: “de longe parece, e de perto parece estar longe”. Na verdade a pós-verdade é simplesmente uma mentira  ou fraude  encoberta.

 

A pós-verdade envolve institutos de pesquisas, a mídia social e a imprensa, caracterizando-se pela distorção de acontecimentos e a difusão de boatos. Nietzsche já ironizava a suposta verdade dizendo que "não há fatos, apenas versões". Por isto não raramente a imprensa tradicional, tem sido desacreditada pela sua capacidade de distorcer fatos objetivos, usando a estatística como arma, para atender a interesses de grupos econômicos ou políticos.

 

Infelizmente a história é escrita pelos vencedores, e suas versões tenderão a prevalecer, tão ou mais fantasiosas quanto maior for a necessidade de justificativa para os atos cometidos. “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade” e por isto torna-se uma arma nos meios de comunicações que relatam o que desejam da forma como querem. Assim absolvem o culpado e criminalizam inocentes, anula evidências e recusa provas. Se há interesse em um determinado relato, “os culpados não disseram o que disseram, não fizeram o que fizeram , não roubaram o que roubaram e não estavam onde foram vistos.”

 

Sem dúvida, as redes sociais se tornaram o grande palco na difusão de tais conteúdos. Neste espaço é fácil compartilhar conteúdos com um potencial enorme de alcance. Quando alguém acredita numa notícia falsa, acaba compartilhando e induzindo outras pessoas ao erro. Existem sites que são especializados em veicular notícias falsas.

 

Cada um de nós pode quebrar este elo, com uma simples atitude de observar honestamente se tal versão é autentica ou não. Não podemos acreditar cegamente em tudo que aparece sem um olhar crítico.

 

Jesus afirmou que apenas o conhecimento da verdade nos livrará. O contrário aprisiona, fustiga, acorrenta. Disse ainda que “o diabo é o pai da mentira”. Gosto muito da afirmação de Os Guiness: “Toda verdade é verdade de Deus”. Seja ela proveniente de pessoas e grupos com as quais me simpatizo ou não. A mentira, por sua vez, rejeita o Deus da verdade, mesmo quando ela vem de pessoas ou grupos com os quais nos simpatizamos. Precisamos conhecer portanto a verdade, que é cada vez mais difícil de ser distinguida, e é tão manipulada e escassa. A pós-verdade é uma mentira, assim como a “meia-verdade” é uma mentira inteira. A Pós-verdade, recusa a verdade e não interessa pela sua busca. Ela perde o vínculo com a realidade e com os fatos, por isto ela é simplesmente uma mentira, uma escolha individual que nos leva a crer naquilo que queremos crer.

sábado, 3 de abril de 2021

Quatro Questões Essenciais






 

O filósofo existencialista dinamarquês Søren Kierkegaard afirmou que “uma vida não analisada não é uma vida digna de ser vivida”. Já o pensador britânico M. Loyd Jones disse: “Autoanálise é positiva, mas a introspecção é mórbida”. Ou seja, não podemos deixar de fazer perguntas e de considerar o que temos feito, mas excesso de preocupação pode nos levar à depressão e ao tédio.


 

Diretor da City to City America Latina, Andrés Garza comenta que nestes tempos de pandemia precisamos fazer quatro perguntas que podem orientar e mudar nossa perspectiva. São perguntas fundamentais para a realidade que nos desafia.

 

O que estamos fazendo e o que precisamos parar de fazer? 


Há metodologias e abordagens que não se aplicam mais ao momento. Foram ferramentas úteis em outras situações, mas agora revelam-se obsoletas. Isso se aplica à dinâmica do trabalho, à maneira de ser empresa, de fazer negócios. Deixar um modelo e descobrir outro pode ser arriscado, mas ignorá-lo pode ser uma tragédia. A Blockbuster, empresa de entretenimento, chegou a ter 10 mil franquias no mundo inteiro. Quando a Netflix surgiu, eles ignoraram o que estava acontecendo no mercado. Resultado: a Blockbuster implodiu e faliu. A Netflix era uma nova forma de ser e fazer.

 

O que fazemos e devemos continuar a fazer? 


Por outro lado, é importante analisar o que estamos fazendo e não podemos negociar. Se deixarmos determinados princípios, podemos perder a essência do produto, visão ou missão que adotamos. Ignorar valores e princípios pode ser contraproducente e danoso, ainda que, pragmaticamente, possa parecer atraente. Não deixe de fazer aquilo que é eticamente correto, não negocie caráter, valores, ética. Não abandone seus princípios éticos.

 

 

O que estamos fazendo e precisamos continuar a fazer de novas maneiras? 


Há aspectos que precisam continuar, mas a metodologia aplicada deve ser diferente. O que muda é a abordagem, a comunicação e a diretriz. Novos tempos exigem novos desafios, novas formas de interpretar e fazer as coisas. O conteúdo é o mesmo, mas a roupagem precisa ser diferente.

 

O que não estamos fazendo e precisamos começar a fazer?


Essa é a última e não menos importante questão. Com os novos tempos, compreendemos que não fazíamos algumas coisas que agora são essenciais. Ou nos adaptamos ou morremos. Toda organização precisa identificar novas formas de ser e fazer adequadas ao novo mercado, às novas exigências. Eventualmente, a instituição não estava preparada para oferecer tal produto, mas agora precisa. Não se adequar é fatal.