quinta-feira, 22 de março de 2018

E se Deus existir?


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Na série de TV “House of Cards”, o grande vilão Frank Underwood (Kevin Spacey), tenta uma jogada arriscada, lançando o nome de Peter Russo a governador no Estado da Pennsylvania, apesar do seu complicado currículo que inclui casamento destroçado, drogas e alcoolismo. Para manipular a opinião pública, eles precisam vender a imagem de um homem regenerado, que encontre aceitação pública e recomendam que ele participe dos alcoólatras anônimos.  
O problema é que ele não está interessado no programa, e todos os dias ao sair para tais encontros, ele parece um garoto rebelde querendo fugir da classe para jogar vídeo game em casa, mas seu assessor, implacavelmente, tenta convencê-lo de que sem este processo ele não tem qualquer chance. Num determinado momento, ele reage dizendo: “Eu não gosto de participar destas reuniões, me sinto ridículo, não creio em forças superiores, nem em Deus, nem em demônios, nem em céu ou inferno”, e seu assessor lhe diz: “Eu não estou dizendo que você deveria crer em Deus, e sim que você não deveria descartar possibilidades”.
E assim que me sinto diante de pessoas honestas que se declaram agnósticas ou ateias. O agnóstico é aquele que admite a possibilidade da existência de um Ser Supremo, mas que não interfere em nada na vida das pessoas, ele está nos céus, os homens na terra, e cada um exerce seu papel sem qualquer conexão entre si. O ateu, nega de forma objetiva a possibilidade da existência de um Ser Superior, Deus simplesmente não existe e ponto final. O ser humano nada mais é que um ajuntamento de moléculas e átomos e tudo acaba de forma ridícula num túmulo.
Sempre me pareceu que viver sem perspectiva da eternidade esvazia a vida humana de sentido. A vida não é apenas comer, beber, trabalhar, dormir, ganhar dinheiro, crescer (ficar bobo e casar...) e morrer! A vida adquire sentido quando nossa transitoriedade se relaciona com algo de Eterno, ou, usando a linguagem de Jean P. Sartre, que se declarava ateu: “Nenhum ponto finito faz sentido sem um ponto infinito”. Não faz sentido dizer que uma linha é reta, se esta linha não tem um ponto de saída e outro de chegada.
E se Deus existir? Isto não muda a nossa forma de ser e interpretar a história humana? Mesmo para alguns filósofos que não sabem se creem ou não, há uma compreensão de que a fé é uma terceira via do saber (misticismo), além da sensibilidade da alma (emoção), e da razão (capacidade de deduzir e criar hipóteses). Portanto, não crer é limitar a capacidade de inferir realidades que transcendem a nossa ambígua, curta e contraditória existência humana.
Para concluir: “Eu não estou dizendo que você deveria crer em Deus, e sim que você não deveria descartar possibilidades”.

Globalização

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Recentemente estava fazendo minha caminhada costumeira e encontrei três garotos entre 9-13 anos, filhos de amigos meus, com uma bola na mão, coisa rara em nossos dias de tanta atração e fixação com jogos virtuais, e como os conhecia, começamos a conversar. Eles estavam vestidos de camisa de futebol de seus times de preferência, mas, esquece os nomes principais do Brasil. Nada de Corinthians, Flamengo, Cruzeiro. Eles estavam com camisas do Real Madrid, Chelsea e Barcelona.
Constatei ali, imediatamente, que a tese do respeitado economista Thomas L. Friedman, está certa, ao afirmar que “O mundo é plano”. Friedman começa seu livro falando da experiência de sua viagem à Índia, quando constatou que muitas das pessoas que lá conheceu pareciam americanas, haviam adotado nomes americanos e reproduziam à perfeição o sotaque americano nos call centers, e as técnicas americanas de gerenciamento nos laboratórios de software.
Ao voltar para casa, Friedman lembrou que Colombo havia entrado para a história ao informar aos seus soberanos que a Terra era redonda, mas agora, ele reconhecia que “o mundo é plano”. “Nos últimos anos houve um investimento maciço em tecnologia, centenas de milhões de dólares foram investidos na instalação de conectividade e banda larga no mundo inteiro, e o trabalho dos intelectuais podem agora ser realizados de qualquer ponto do globo”. Na verdade, o terreno da concorrência global foi aplainado e o planeta foi achatado!
Isto traz grandes riscos e oportunidades. Recentemente uma pessoa me compartilhou que estava em Israel, mas que todo dia ouvia uma mensagem bíblica de uma mensagem que preguei e que se encontra disponível no podcast. Me surpreendi também ao observar que boa parte dos leitores do meu blog, são do Norte da Europa, certamente brasileiros e povos de língua portuguesa espalhados mundo afora.
Diante da globalização, me deparo com outra dificuldade. Apreciador de futebol, admito que está difícil assistir jogos brasileiros. Não é possível ter paciência para assistir a transmissão de Vasco x Macaé, URT x Atlético Mineiro; Bragantino x Santos, quando posso assistir Real Madrid e Chelsea. Para falar a verdade, a sensação que tenho é que estou assistindo outro tipo de esporte, tal a diferença de qualidade técnica. Não é concebível que o Botafogo com seu caríssimo elenco tenha dificuldade de ganhar do Volta Redonda, e seja desqualificado pelo Aparecida de Goiás. A nivelação está acontecendo por baixo.
Diante disto surge a pergunta: Como o esporte brasileiro vai sobreviver? Como equilibrar a folha de pagamento de pequenos clubes sem torcedores? Por que grandes times estão tendo dificuldade de ganhar de clubes sem expressão?


Com a globalização surgem grandes oportunidades – e vários desafios. Precisamos repensar a forma e estratégia de ação neste mundo que, de uma hora para outra, se tornou plano.

A Vergonha é letal

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Recentemente tive acesso ao conteúdo de Brené Brown, pesquisadora da Universidade de Houston que investiu 16 anos de seu trabalho estudando temas como coragem, vulnerabilidade, vergonha e empatia. Ela é autora de quatro livros  #1 New York Times bestsellers entre eles “A dádiva da imperfeição”. Seu vídeo no TED talks, “O poder da vulnerabilidade”, já foi assistido por mais de 30 milhões de pessoas. Por que seus temas tem atraído tantas pessoas? Sobre o que ela está escrevendo? Sua pesquisa é sobre “vergonha”, associada a culpa.

Para Brown, a vergonha é emoção mais primitiva que experimentamos e um sentimento doloroso e intenso de que somos indignos de amor e de pertencer.
Ao lidar com a vergonha, geralmente as pessoas reagem de duas maneiras: Primeiro, negação: afirmam que nunca aconteceu algo assim com elas ou que nunca sentiram vergonha; Segundo, declaram que sabem exatamente o que isto significa mas não querem conversar sobre o assunto.

Para a autora, este é o ponto crítico: Quanto menos a pessoa fala, mais ela se sente envergonhado, já que a  vergonha precisa de três coisas para se desenvolver exponencialmente: 

Segredo: o fato precisa continuar escondido; 

Silêncio: nada pode ser dito ou feito e 

Julgamento que envolve acusação e medo.

Ela sugere duas fórmulas com resultados completamente opostos: Quando a vergonha é colocada na “lâmina de Petri”, onde se desenvolvem culturas microscópicas, adicionando um pouco de segredo e a mesma porção de silêncio e julgamento, o monstro  crescerá absurdamente e se espalhará para cada parte da vida,  formatando o nosso modo de pensar, sentir e agir. Se fizermos o contrário, pegarmos a mesma lâmina e pusermos vergonha e um pouco de empatia, teremos um ambiente antagônico à vergonha.

A constatação é surpreendente: Vergonha não sobrevive quando se fala dela. Se algo realmente embaraçoso aconteceu e as pessoas encontram espaço para confessar, conversar e recebem empatia e compreensão a vergonha não consegue sobreviver.

A perpetuação da vergonha dependerá do fato de alguém comprar a ideia de que encontra-se sozinha, por isto a autora sugere que “a sombra”,  seja mantida à frente de rosto da pessoa, porque se ela mantiver furtivamente, vindo por trás, torna-se letal. 

Para vencer a vergonha, Brown sugere três passos: 

(a)- Converse com alguém que você ama; 

(b)- Busque alguém que você confia para expor sua vergonha; 

(c)- Conte sua história. 

O mal é como fungo e mofo, cresce melhor na penumbra.

Fazendo-se de doido pra viver!


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“E Davi levantou-se, e fugiu aquele dia de diante de Saul, e foi a Aquis, rei de Gate. Porém os criados de Aquis lhe disseram: Não é este Davi, o rei da terra? Não se cantava deste nas danças, dizendo: Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares? E Davi considerou estas palavras no seu ânimo, e temeu muito diante de Aquis, rei de Gate. Por isso se contrafez diante dos olhos deles, e fez-se como doido entre as suas mãos, e esgravatava nas portas de entrada, e deixava correr a saliva pela barba. Então disse Aquis aos seus criados: Eis que bem vedes que este homem está louco; por que mo trouxestes a mim? Faltam-me a mim doidos, para que trouxésseis a este para que fizesse doidices diante de mim? Há de entrar este na minha casa?”. (1 Sm 21.10-15).

Poucos relatos bíblicos são tão intensos quanto o que encontramos neste texto bíblico acima. Perseguido e correndo risco de ser encontrado pelo implacável rei Saul para quem ele se tornou inimigo número 1, Davi decide se refugiar no território do inimigo, Aquis, rei de Gate. Ao perceber que fora reconhecido e que estava em grande perigo, Davi assume um papel ridículo, se fazendo de doido, agarrando-se nos portais da entrada da cidade, deixando saliva correr pela sua barba, e desta forma se salvou, porque as pessoas o ignoraram e o deixaram ir.

Davi, fez-se doido para viver.
Já ouviram este ditado popular?

Davi se salvou tornando-se ridículo. Ele se faz passar por alguém que perdeu a noção da vida, do bom senso, da racionalidade.
A verdade é que muitas vezes Deus constrói seus planos e propósitos permitindo gestos ridículos e loucos.
Certamente esta não é a melhor receita para se fazer as coisas, não é a melhor opção da vida. Mas “Deus usa coisas loucas para confundir as sábias e as que não são para confundir as que são”, e na sua infinita misericórdia nos livra de nós mesmos, quando nos perdemos nas loucuras e insanidades.

Deus impede que nossa insanidade nos destrua!
Davi poderia ter sido eliminado em Gate, por simular atitude de doido. Sua pseudo loucura poderia ter se transformado na sua morte real. Um louco num sistema com poucas condições pode se tornar um peso, uma boca a mais para ser alimentada, e um transtorno para a ordem social. Apesar disto, sua loucura aparente o livrou da morte.

Não se pode construir a vida em cima de desatinos, gestos tresloucados e atitudes impensadas, mas a verdade é que muitas vezes atitudes ousadas, que saem do cotidiano e da normalidade, trazem mudanças significativas na história e em instituições. Existe a loucura que nada mais é que um gesto “fora da curva” e que faz a diferença entre o sucesso e o fracasso.

Conversão para muitos, é um ato de loucura. Completo desatino, mas pode se transformar na coisa mais transformadora e revolucionária da vida. Conversão a Cristo parece loucura aos olhos do descrente, mas diante de Deus é sabedoria. “Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus”(1 Co 1.18).
A morte de Cristo na cruz é loucura. O Filho de Deus, o mais perfeito dos homens, que viveu entre nós fazendo o bem, manifestando a realidade de um Deus vivo, tornou-se odioso aos olhos da comunidade a quem serviu e foi crucificado como um malfeitor. A cruz é lugar de paradoxos e contradições, de insanidade e loucura. mas “aprouve a Deus salvar os que creem, pela loucura da pregação” (1 Co 1.21).

quinta-feira, 8 de março de 2018

Você nunca sabe quem vai encontrar


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Na série The Crown, há um duro diálogo entre o diretor da escola e o estudante Filipe, que se casaria com a princesa Elizabeth e se tornaria Príncipe da Inglaterra. Filipe era durão e teimoso, enfrentou oposição e bullying, e um dia o diretor o chama para uma conversa sobre a necessidade dele enfrenar seus medos e suas sombras, e a “inevitabilidade terrível de tudo!”

É sobre este inevitabilidade que gostaria de chamar a atenção dos leitores.

Raabe, a prostituta
No capitulo 2 do livro bíblico de Juízes, há um encontro inesperado dos espias do povo de Israel, com um personagem nada convencional: Raabe, a prostituta. É assim mesmo, com todas as letras, que a Bíblia a descreve. Ela tem um bordel na cidade de Jericó, no qual os transeuntes e forasteiros abrigam. Esta mulher, de histórico nada recomendável, posteriormente aparecerá nada menos que na genealogia de Jesus. Em seu ventre e nas suas veias passaria o DNA que percorreria as veias do Messias.
James Meeks pergunta quem salvou quem? Os judeus salvaram Raabe ou Raabe salvou os judeus? e responde: Os judeus salvaram Raabe uma vez, mas Raabe os salvou duas vezes, porque os protegeu quando espionavam Jericó, e de seu sangue nasceria o salvador do mundo. 
O ponto a destacar é o seguinte: Não despreze a pessoa com que você encontra, na sua esquina, no banco de escola, na igreja, independentemente da sua cor, raça, nível social, porque você simplesmente não sabe quem aquela pessoa pode se tornar.

Barack Hussein Obama II
Pense em Barack Hussein Obama II o primeiro presidente afro-americano cuja mãe Ann Dunham era branca, e o pai, Barack Obama, Sr., nascido em Nyang’oma Kogelo, distrito de SiayaQuênia, da etnia luo, e que se casaram em Wailuku, Havaí, onde o matrimônio entre pessoas de cores diferentes não era proibido. Posteriormente o casal separou-se e seu pai, Obama Sr. retornou ao Quênia, onde casou-se novamente, encontrando-se com o filho apenas mais uma vez antes de falecer em um acidente de automóvel em 1982. Obama viveu com sua mãe e irmã no Havaí entre 1972 e 1975, quando sua mãe e irmã decidiram retornar a Indonésia em 1975 e Obama continuou vivendo com seus avós, distanciado de seu pai e de sua mãe.  
Na adolescência, neste contexto de família desagregada, Obama se enveredou pelo álcool, maconha, e cocaína durante a adolescência, justificando que o fez para "empurrar para fora de minha mente as questões sobre quem eu era."
Quem poderia imaginar, que uma pessoa com semelhante background pudesse se tornar o homem mais poderoso do mundo por oito anos? Seus amigos e mesmo familiares do Quênia, poderiam imaginar que isto pudesse acontecer a este garoto que viveu distante do pai? Alguém apostaria nisto?

Billy Graham
Chapman trabalhava com a Associação Cristã de Moços e organizou a ida de um ex-jogador de beisebol chamado Billy, que tinha por sobrenome Sunday, a Charlotte, Carolina do Norte, para pregar em daqueles "reavivamentos espirituais" da época, e um grupo de líderes comunitários de Charlotte entusiasmou-se de tal maneira que planejou outra campanha evangelística, convidando um homem chamado Mordecai, que tinha por sobrenome Hamm para pregar na cidade.
Durante essa campanha um jovem chamado William Franklin entregou sua vida a Cristo e passou a pregar o Evangelho. Este jovem se tornou conhecido no mundo inteiro como Billy Graham!
Cerca de 80 anos depois de começar seu ministério, Billy Graham impactou a fé de milhões com quase metade de todos os protestantes dizendo que assistiram um de seus sermões na televisão.
Uma pesquisa da LifeWay Research descobriu que o amplo ministério de Graham influenciou os membros da igreja através de uma variedade de meios. Dois terços dos missionários protestantes tiveram algum contato com o ministério de Graham, de acordo com LifeWay Researc; 48% viram um sermão Billy Graham na televisão; 18% ouviram um de seus sermões no rádio; 15% leram um de seus livros; 14% leram uma coluna do seu jornal; 11% participaram de uma de suas cruzadas e 8% viram um de seus sermões online. Ele pregou em mais de 400 cruzadas em estádios e casas de shows, em 185 países. Escreveu cerca de 30 livros, traduzidos para 40 idiomas e influenciou 2,2 bilhões de telespectadores.

Será que aquele obscuro pregador que levou Billy Graham a Cristo, poderia imaginar o que Deus poderia fazer através de sua vida?
A verdade é que nenhum de nós sabe o impacto que estamos causando em outros, seja ele negativo ou positivo, nem pode avaliar quem está assentado ao nosso lado ou andando conosco.
Por isto, nunca despreze ninguém. Você nunca sabe com quem você pode se encontrar.

sexta-feira, 2 de março de 2018

Compaixão e serviço

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A ilha do Diabo fica na Guiana Francesa e até 1946 era uma colônia penal francesa onde os presos considerados mais perigosos cumpriam pena, e abrigou cerca de 80 mil homens entre 1852 e 1938. Para chegar lá, os prisioneiros eram transportados de barco, e muitos morriam antes mesmo de alcançar o destino.

Na prisão eram trancados em celas minúsculas, escuras e superlotadas, de onde dificilmente alguém conseguia escapar, pois  a ilha era de difícil acesso, cercada de penhascos e águas infestadas de tubarões.

Ela se tornou conhecida 1969, quando foi publicado o livro Papillon, do prisioneiro Henri Charrière. A história, contudo, afirma que Charrière era uma farsa e que o verdadeiro autor de Papillon foi outro fugitivo, René Belbenoît, um intelectual que falava quatro línguas e liderou a fuga de um grupo de presos, em 1938 radicando-se com seus parceiros em Roraima em 1940, morrendo em 1978, aos 73 anos, e sendo sepultado na Vila Surumú.

Dentre as muitas histórias da ilha, é bem conhecida a do padre Pierre, natural de St Remy, pequena aldeia francesa, acusado de assassinar uma mulher que morava perto de sua casa. As provas eram apenas circunstanciais e duvidosas, mas jamais alguém viu este padre reclamar, se lamentar ou dizer que era injustiçado. Por causa de sua atitude de serviço se transformou em verdadeiro anjo de guarda, socorrendo alguns, medicando outros, lendo cartas, falando do amor de Deus e das coisas de Deus.

Um dia, um condenado se identificou afirmando ser seu antigo jardineiro Groscaillou, e começou a falar atropeladamente que o padre Pierre era inocente, que nunca havia matado ninguém, e que o assassino era ele mesmo que havia preparado tudo para que a culpa recaísse sobre o padre, e que estava pronto a admitir isto.  Groscaillou infelizmente nunca chegou a escrever sua confissão pois morreu poucos dias depois.

Os demais presos, porém, resolveram testemunhar a seu favor, mas o padre surpreendentemente respondeu que não aceitaria: “foi a vontade de Deus que me trouxe a esta prisão. Ele precisava de alguém que ajudasse os presos a suportarem suas dores, e esse alguém sou eu. Se eu for libertado, quem tomará o meu lugar? Um ministro de Deus é para fazer o seu serviço onde ele determinar. Meu lugar é aqui, seja feita a vontade de Deus”.

Posteriormente a justiça francesa tomou conhecimento deste fato e enviou a ordem de sua libertação, e ele, bastante enfermo não concordou em ser removido para o hospital da cidade. “Ficarei aqui com os meus paroquianos, eles não poderiam ir comigo. Continuarei com eles. E ficou. 

quinta-feira, 1 de março de 2018

Unção para a arte

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Apesar de ouvirmos inúmeras vezes que não há diferença entre o trabalho “secular” e  “religioso”, e que vocação deve cumprir, em qualquer dimensão o propósito de glorificar a Deus, “Quer comais, quer bebais ou façais qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Co 10.31), nem sempre entendemos, num nível profundo, esta verdade tão significativa do chamado e vocação. Ainda acreditamos que a unção de Deus, em áreas tão diversas como música, artes, artesanato, design de moda não tem tanto valor como o chamado pastoral ou missionário.

Um texto do livro de Êxodo, porém, surpreende o leitor com a seguinte declaração: “falarás também a todos homens hábeis a quem enchi do espirito de sabedoria, que façam vestes para Arão, para consagrá-lo, para que ministre o oficio sacerdotal” (Ex 28.3). Deus mesmo capacitou estes irmãos, com uma unção espiritual, enchendo-os de habilidades artísticas para a costura. Você poderia imaginar que um alfaiate pudesse ter uma unção especial e direta de Deus?

Minha mãe é costureira, e por muitos anos sustentou a família com sua máquina e sua impecável arte de fazer roupas. Ela era muito apreciada pelas madames da cidade que chegavam em seus bonitos carros à porta de nossa casa trazendo finos tecidos para que ela fizesse as roupas. Tenho uma enorme gratidão por seu esforço e dedicado trabalho que serviu para a manutenção da casa, mas jamais poderia imaginar que tal arte e profissão, pudesse descrita na bíblia como uma unção especial.
Isto se aplica a outras profissões.

Disse Moisés as filhos de Israel: Eis que o senhor chamou pelo nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o espírito de deus o encheu de habilidade, inteligência e conhecimento em todo artificio, e para elaborar desenhos e trabalhar em ouro, prata e em bronze, e para lapidação de pedras de engaste, e para entalho de madeira, e para toda sorte de lavores. Também lhe dispôs o coração para ensinar a outrem, a ele e a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã. Encheu-os de habilidade para fazer toda obra de mestre, até a mais engenhosa, e a do bordador em estojo azul, em purpura, em carmesim e em linho fino, e a do tecelão, sim, toda sorte de obra e a elaborar desenhos. Assim, trabalharam Bezalel e a Aoliabe, e todo homem hábil a quem o Senhor dera habilidade e inteligência para saberem fazer toda obra para o serviço do santuário, segundo tudo o que o Senhor havia ordenado” (Ex 35.30-35;  36.1).

A Bíblia fala de Jubal, que eram músico, a quem deu a unção para realizar a arte. “O nome de seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta” (Gn 4.21) e de Tubalcaim, artífice de todo instrumento cortante, de bronze e de ferro” (Gn 4.22).

Talvez isto explique um pouco mais a declaração bíblica: “Tangei ao Senhor com arte e com júbilo” (Sl 33.3). O louvor requerido por deus deveria ser feito com arte, com beleza plástica e excelência e isto é muito importante. Existem muitos que acham que podem fazer louvores sem cuidado, sem esmero, de qualquer jeito, mas não é isto que Deus pede. Certa pessoa disse ao seu pastor que queria cantar uma música na igreja, que não estava bem ensaiada mas era de coração para o Senhor, e o pastor disse: “Então, como é para o Senhor, ensaie melhor e apresente alguma coisa com mais qualidade”.

A música também não pode ser feita sem júbilo, e isto tem a ver com a alegria e unção que deve estar no coração daquele que adora. É possível ministrar o louvor, com muita qualidade técnica, mas não fazer com o coração. Sem fazer com entusiasmo e alegria.

Júbilo e arte. Uma coisa não prescinde da outra. Não são excludentes, mas complementárias. Muitos fazem “de coração”, mas sem arte, outros fazem “com arte”, mas sem coração. Ambas demonstram ineficácia e deficiência quando se trata de fazer para Deus.

Estas duas abas da adoração devem andar juntas.

A arte tem um papel importante porque ela glorifica a Deus.

Poucas pessoas entenderam isto tão bem isto quanto Juan S. Bach, em todas as suas obras ele colocava no final: “Para a glória de Deus!” Ele produzia música de qualidade, mas seu objetivo era era glorificar o Deus a quem ele servia.