quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Estações da vida



É maravilhoso observar a forma equilibrada, harmônica e previsível com que a natureza se movimenta. Como me alegro em ver as mudanças climáticas e as estações definidas. Esta previsibilidade e estabilidade ajuda a planejar a vida, e a fazer investimentos, organizar as férias, etc. A Bíblia afirma que Deus “nunca deixou que de dar testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-nos chuva e estações frutíferas”.
Imagine se o agricultor não pudesse antecipar o período de estio e de chuvas? Como seria possível arar, plantar e esperar o crescimento das plantas se não esperasse este movimento harmônico?
Cada estação trás novos e vitais insights para vida. O inverno nos convida à reclusão e silêncio, levando-nos a uma maior reflexão e reverência; a primavera, com suas flores e aromas específicos, prenuncia renovação e esperança; o verão, com o calor convida ao descanso, atividades físicas, contacto com a natureza e ao relaxamento do corpo; o outono, sinaliza para a ocasião de um tempo de transição e reflexão.
Assim é a nossa vida.
Existem dias em que somos convidados à celebração, às viagens, ao descanso. São dias de sol e esplendor; noutros, passamos por angústias e temores, pressões e medos. São dias sombrios e densos, quando o céu se enegrece e se torna de chumbo; noutros, os sofrimentos são tão grandes que não imaginamos ser possível suportar, vem as chuvas, temporais e fortes ventos, mas a chuva que cai renova o terreno árido da alma, desfaz as grossas nuvens deixando que o sol apareça novamente. O segredo é não se desesperar com os dias sombrios e escuros. “O choro pode durar a noite inteira, mas a alegria vem ao amanhecer”.
São muito sábias as palavras de Eclesiastes: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz”.

Não se esqueça: Amanhã, vai ser outro dia! A vida se renova, o inverno não dura para sempre. O sol vai novamente brilhar, o inverno vai passar e as flores vão brotar novamente, num movimento de leveza e graça deste ciclo continuo que completa as estações da vida.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

1914-2014



Neste ano relembramos os 100 anos que nos separam da Primeira Guerra Mundial (28 de Julho de 1914), indo até 11 Novembro de 1918. Foram quatro anos e meio de grandes disputas e perdas valiosas de vidas e bens. Durante este tempo, várias nações da Europa estiveram envolvidas nesta amarga experiência, deixando um rastro de dor poucas vezes conhecida.

O estopim do conflito foi o assassinato de Francisco Ferdinando, príncipe do império austro-húngaro, durante sua visita a Saravejo (Bósnia-Herzegovina). As investigações levaram ao criminoso, um jovem integrante de um grupo Sérvio chamado mão-negra, contrário a influência da Áustria-Hungria na região dos Balcãs. O império austro-húngaro não aceitou as medidas tomadas pela Sérvia com relação ao crime e declarou guerra à Servia. O Brasil também participou, enviando para os campos de batalha enfermeiros e medicamentos para ajudar os países da Tríplice Entente.

A guerra gerou aproximadamente 10 milhões de mortos e o triplo de feridos, arrasou campos agrícolas, destruiu indústrias, e causou grandes prejuízos econômicos. Centenas de famílias foram destruídas e crianças ficaram órfãs, os EUA tornaram-se o país mais rico do mundo e fragmentou-se o império Austro-Húngaro. 

Curiosamente, a virada do Século XIX, principalmente entre os anos de 1870 e 1914 ficou conhecida como Belle Epóque (Bela Época). Um período de grande euforia, progresso econômico e tecnológico. Grandes formulações teóricas como Marxismo, Existencialismo, Psicanálise e o Darwinianismo surgem neste período, porém, todo esse clima de festa escondia fortes tensões que viriam a deflagrar a Grande Guerra.Tragicamente, logo depois, viria ainda a II Guerra Mundial, iniciando um novo ciclo de calamidade em menos de 15 anos, demonstrando toda crueldade humana. O mundo percebeu que a barbárie e o impulso para a violência nunca se apartara da decadente raça.

Desfez-se assim, o mito da bondade humana. Tornou-se claro que havia algo muito errado no coração do homem. Embora as grandes conquistas industriais e novas formas de tecnologia estivessem facilitando a vida, como o avião, o carro a motor, o telefone, a lâmpada incandescente, o ser humano não resolvera ainda sua trágica questão moral e espiritual: A inveja, o ódio, a cobiça, estavam presentes.

Jesus advertiu: “Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malicias, o dolo, a lascívia, a inveja, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vem de dentro e contaminam o homem” (Mc 7.21-23)

A proposta de Jesus para a cura de nossa falta de sentido, o vazio, a busca tresloucada por sucesso, fama, supremacia, não se encontra em ter mais posses, acumular mais títulos, conquistar mais. A proposta dele consistia numa ação mais duradoura e perene. “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8.31,32). A cura do meu mal, da dor que não cessa, do caos interno que se reflete nos meus comportamentos auto destrutivos e que ferem os outros, se encontra na restauração da minha natureza pela ação graciosa de Deus. Se você estiver nesta ciranda mortal, sem esperança, peça sua ajuda a Jesus. “Eu vim para que tenham vida e vida em abundância!” Esta vida que ele prometeu, pode ser sua! Gratuitamente.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

CONTENTAMENTO


Ultimamente tenho refletido sobre o nível de descontentamento entre amigos e pessoas de minha comunidade. Tenho a sensação de que somos uma geração descontente: Os magros querem engordar, os gordos querem emagrecer; os altos se sentem desajeitados, os baixinhos gostariam de ter algum centímetro a mais. Vejo crianças e jovens descontentes com seu corpo, com a vida e com Deus. Vivem na rua da amargura lamentando, lamuriando. Tornam-se auto-centrados, obcecados consigo mesmos e profundamente descontentes.
Falta alegria! Algo genuíno, profundo. Parece que Jesus detectou este mesmo sentimento nos seus discípulos ao lhes perguntar: ‘‘Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso de sua vida?’’ Côvado é uma medida. Estaria Jesus se referindo a alguns discípulos que tinham problema com estatura?
Estudiosos do comportamento humano chegaram à conclusão de que o apóstolo Paulo teria sido o homem mais feliz da terra, por causa de uma declaração que fez sobre seu estado de espírito: “Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei viver em situações de abundancia como de escassez” (Fp 4.11-12).
Não é fácil viver com contentamento no coração. São muitos os dissabores da vida e facilmente nos tornamos murmuradores, descontentes ou amargos. Já vi muitos que não sabem lidar com a abundância. Quando começam a prosperar, tornam-se competitivos, agressivos e ansiosos pelos bens que possuem e quase não tem condições emocionais de desfrutar da prosperidade que alcança. Podem trocar de carro todo ano, fazer as viagens que quiserem, irem a caros restaurantes, mas são desprovidas de alegria interior. São capazes de voltar de um suntuoso cruzeiro e estarem com suas almas em frangalhos, vivendo num “desespero silencioso”(Thoreau).
Muitos não sabem encontrar contentamento quando enfrentam situações de pobreza ou escassez, ou quando atravessam períodos difíceis da vida. Não estou falando de ficar feliz com a dor em si, mas no meio da tristeza, encontrar significado e valores maiores. Por não conseguirem lidar com a perda, a doença e a dor, começam a blasfemar e a maldizer. Não conseguem viver contentes.
Só existe um meio de experimentar contentamento: Nossa alegria deve ser encontrada em Deus. Se dependermos das circunstâncias ou situações agradáveis, seremos escravizados pelo vaivém das próprias condições da vida. Paulo afirma que “aprendeu a viver contente”. Não diz que viver desta forma era algo natural, que ele trouxera no seu DNA ou no seu temperamento, pelo contrário, afirma ter aprendido a viver assim.

Seu contentamento estava em Deus. Aprendeu a viver acima das circunstâncias porque orientava sua vida em alguém que vivia acima das variações humanas. Ao entender que sua vida estava nas mãos de Deus, aprendeu a descansar. Por isto declarou: “Tudo posso naquele que me fortalece”. Precisamos ser ‘‘contaminados’’ com este poder sobrenatural que nos dá alegria em tempos normais, nos dias calamitosos e de perplexidade.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Críticas



Não é fácil receber críticas, no entanto, alguém disse certa vez que só duas coisas são certas na vida: a morte e os impostos. Gostaria de acrescentar um terceiro ingrediente: a crítica. Ninguém escapa dela, e não raramente nossa carreira, estabilidade emocional e felicidade dependem da forma como as pessoas nos avaliam.
Mark Twain afirmou que um elogio era capaz de lhe sustentar emocionalmente um mês inteiro. Certamente isto é uma grande verdade e deveríamos encorajar mais as pessoas, mas tenho aprendido também o contrário: Críticas podem ter um efeito devastador em nossas vidas, dependendo da hora, situações e de quem as recebemos. Para aqueles que dependem constantemente da apreciação dos outros, uma avaliação positiva ou negativa é a linha que determina o humor e auto-imagem.
Veja o que disse o grande estadista Abraham Lincoln: “Se eu fosse tentar ler, ou mesmo responder a todos os ataques que me foram feitos, esta loja teria de ser fechada para qualquer outro negócio. Eu faço o melhor que sei, o melhor que posso. Se tudo me sair certo no fim, o que foi dito de mim nada significará. Se no fim der errado, 10 anjos jurando que eu estava certo não fariam diferença”.
Norman Vincent Peale fala da crítica em três níveis: Emocional, Racional e Objetivo. Os argumentos abaixo são de sua autoria, eu apenas os compilei.
O nível emocional é o mais difícil, porque a crítica é um ataque direto ao nosso amor-próprio. Mexe com nossa auto-estima e por isto facilmente reagimos com ressentimento e raiva, mas esta reação nos torna ainda mais vulneráveis, e nos envenena. Uma maneira de acalmar as emoções é lembrar que grandes líderes sempre são criticados.
O segundo nível é o racional. Examinar a crítica objetivamente. As coisas desagradáveis que nos dizem nos levam a pensar, ao passo que as coisas boas apenas nos fazem ficar contentes. Perguntemos se existe alguma verdade na crítica. Cuidado com a justificação de si mesmo. Examinemos ainda as qualificações e motivações de nosso crítico. Ele é bem conceituado e sincero? Um silêncio digno é muitas vezes a melhor resposta para a calúnia.
No nível prático, lembremos que a crítica é uma espada de dois gumes, e frequentemente é o gume envenenado que corta a pessoa que a maneja. O mexerico nada mais é que uma crítica causada pelo ciúme ou a insegurança. Críticos são muitas vezes pessoas mesquinhas e infelizes, tentando disfarçar sua própria inércia apontando os defeitos dos outros. “É mais fácil ser crítico do que ser correto” (Disraeli). A nossa melhor defesa é manter altos os nossos padrões morais. Viver sem necessidade de mentir ou fingir.