quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Pornografia Reversa


Atualmente existem milhões de pessoas viciadas em pornografia. O faturamento desta indústria chega a bilhões de dólares. Um dos problemas da pornografia é que ela vicia, causa dependência, e como uma droga, vai exigindo doses cada vez mais fortes. Muitas pessoas se encontram hoje dependentes, com dificuldade para crescer em maturidade ou mesmo sair de casa, por causa desta viciante droga. Com o advento da internet, o problema se agravou: basta um click despretencioso ou intencional no computador do escritório ou em casa para acessar sites cada vez mais ousados, isto sem falar da deep web, que usa aplicativos mais sofisticados e que são ainda mais bizarros.

Atualmente nos EUA, existem grupos organizados por paróquias e igrejas para ajudar pessoas com este tipo de vício. Muitas pessoas estão desesperadas para sair deste emaranhado e não está conseguindo. Um dos programas é o de “viciados em pornografia anônimos” e muitos homens jovens e adultos, até mesmo líderes religiosos, buscam estes profissionais para encontrar ajuda nesta área.

No momento, outro fato que começa a ser estudado tem sido a chamada “pornografia reversa”, termo criado por Rick Thomas, que está estudando o fenômeno de mulheres que são obcecadas não por olhar, consumir e desejar imagens, mas que obcecadas por provocar ser olhada, consumida e desejada. São mulheres, casadas ou não, que tem encontrado prazer em estimular olhares lascivos e chamar a atenção sobre si de forma patológica. Elas desejam capturar o olhar dos homens e se vestirão, farão selfies, com o fim de serem desejadas e cobiçadas.

Mulheres assim, afirma Thomas “não estão ativamente consumindo pornografia, mas fazem isto de forma reversa. Podem até condenar pessoas que consomem pornografia, mas sua dependência é mais sutil. Vestem-se provocativamente para atrair e seduzir, ainda que não necessariamente queiram ser possuídas. Seu desejo é estimular reações nos outros”. Atitudes como estas tem raízes na insegurança quanto à imagem e valor pessoal, por isto estão sempre desejando ou competindo pela admiração masculina

Na pornografia reversa, a mulher torna-se obcecada por capturar o olhar do homem e provocar inveja nas outras mulheres. Esta droga enganosa é atraente para a mulher insegura. Ela sente uma sensação de poder quando percebe sendo desejada e observada. É certo que homens lascivos tendem a olhar para qualquer mulher e cobiçá-la, mas quando a mulher faz isto intencionalmente, seu desejo e motivações podem ser igualmente doentios. Trata-se de um desejo profundo de provocar. Esta é a pornografia reversa. Ela não olha, mas quer ser olhada; não cobiça, mas deseja ser cobiçada; não consome, mas deseja ser consumida.

Todo tipo de insegurança é escravizante. Para pessoas assim, ficar mais bonita, seduzir e ser desejada é como o crack para um viciado, elas encontram-se no cativeiro, cairam na armadilha da beleza, e procurarão, inutilmente, superar seu problema através do narcisismo lascivo. 

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Sociedade de Ostentação


Dezesseis jovens de classe média em Brasília foram presos numa operação policial deflagrada no dia 29 de Setembro, e o que chamou a atenção foi o fato que eles roubavam com o propósito de ostentar, não queriam “ficar ricos”, mas gastar, demonstrar luxo e riqueza, ter diversões caras.

O estilo musical denominado “funk ostentação”, tornou-se um verdadeiro fenômeno nacional, idolatrado por adolescentes da periferia. Os heróis deste movimento são garotos que exaltam a riqueza e o luxo. Eles deixaram de querer uma bicicleta, bola e patins e aspiram carros importados, baladas e camarotes. Trata-se de uma geração obcecada pelo consumo, buscando aceitação social.

Estes jovens representam o lado mais trágico da cultura hedonista e capitalista, vangloriam-se das condições materiais que conquistam e extrapolam a utilização de símbolos do poder na sua nova posição. Eles massificam a ideologia do mercado e a lógica do capital, fazendo crer que realização pessoal e felicidade estão relacionadas às conquistas financeiras. A regra é: Consumo, logo existo!

Zigmunt Bauman, filosofo polonês chama esta tendência de “auto- definição do indivíduo líquido moderno”. Numa sociedade de consumo, a identidade a ser mantida é uma fonte inesgotável de capital, com jóias caras e roupas de grife. “É obsceno, mas é bom ter algo que poucos têm”. (Jung Sung, A espiritualidade da cultura de consumo).

Consumismo é algo controvertido. Necessidades e desejos podem ser facilmente confundidos. Muitas vezes adquire-se um produto por mero capricho, para obter certo status, ou até mesmo por uma compulsão irrefreável à compra. Certa mulher comprou um sapato em São Paulo, com sentimento de que algo estava estranho, e ao chegar em casa, descobriu que já tinha comprado aquele mesmo sapato anteriormente, mas não se lembrava porque tinha mais de 200 pares.

Consumismo tem uma relação de concorrência, e o valor não está naquilo que você precisa ou quer, mas naquilo que sabemos que os outros querem ter. Isto gera um sentimento de inveja no outro. Popularmente se diz: “Mulher não se veste para os homens, mas para provocar as outras mulheres”. O sentimento de rivalidade estimula a fazer qualquer coisa para ter o que o outro tem, ou para ter o que o outro não tem. O marketing tenta fazer exatamente isto: Criar um sentimento de que você não tem valor sem determinado produto.
Esta mensagem faz sentido nos corações vazios e no desejo de sermos reconhecidos pelos outros, dando falsa impressão de que assim recuperaremos a auto estima, e preencheremos o senso de vacuidade e falta de propósito em nossa vida. A sociedade de ostentação confunde porque faz crer que o importante não é termos necessidades vitais satisfeitas, mas é necessário satisfazer desejos, comprando coisas que não precisamos, com dinheiro que não temos, para impressionar pessoas que não gostamos.


Dois princípios espirituais são importantes. Jesus afirmou: “A vida de um homem não consiste na abundância de bens que ele possui”. Isto é tão óbvio e direto, mas lamentavelmente não colocamos em prática. Segundo, “Uma vida consagrada traz lucro, mas esse lucro é a rica simplicidade de ser você mesmo na presença de Deus” (1 Tm 6.6- A Mensagem). Sermos conduzidos pela ostentação é uma grande armadilha. Gastar compulsivamente tem o mesmo princípio destrutivo do usuário de drogas. Você vai precisar de doses cada vez mais fortes – ao mesmo tempo em que ficará cada vez menos satisfeito. 

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A Angústia da Liberdade


Os judeus ortodoxos possuem um estilo de vida muito simples e ao mesmo tempo complexo demais para o sistema e pensamento ocidental. Apesar de serem muito divididos em disputas e divergências internas, desde cedo os meninos e meninas são separados nas escolas, recebendo educação diferenciada.
Na comunidade de Jerusalém, 75% dos homens não trabalham, e o sustento é providenciado pelo financiamento do governo e pelas esposas (eu gostei muito disto, mas minha esposa não aprovou...) Na sua maioria dedicam-se a estudar as leis hebraicas, principalmente a Torah (as leis de Moisés), e o Talmude (que são as explicações que os famosos rabinos já deram na história.
Uma família ortodoxa tem, em média, sete filhos, ainda hoje. Não há divórcio entre eles, crimes são raros, não servem ao exército israelense nem prestam serviços militares. Vestem-se de forma estranha, com longas roupas e esquisitos cortes de cabelo, vivem de forma espartana, não freqüentam cinemas ou restaurantes, não viajam, não tem TV em casa, computador ou internet.
Ao observarmos o seu comportamento, a reação imediata é a de que tais pessoas não têm vida, pois não possuem lazer e vivem de forma restritiva, mas ao discutir com pessoas eruditas, estudiosos e terapeutas, chegamos à seguinte questão: Como seria viver sem ter que lidar com as preocupações e tensões diárias, sem a ansiedade que nos cerca tão vorazmente hoje em dia? A luta pela sobrevivência, a competitividade do mercado? Como seria viver sem ter que fazer escolhas e sem a angústia da liberdade,?
Uma das grandes angústias modernas é a da decisão, isto implica em viver de forma livre e assumindo as conseqüências das escolhas. Esta é a realidade de viver numa sociedade pluralista, com um emaranhado de opções. Viver sem opções pode não ser o melhor dos mundos, mas a grande fonte de ansiedade atual reside no fato de que somos seres livres. Nossos filhos são constantemente expostos a tais angústias: Que faculdade cursarão? Onde trabalharão? Com quem se casarão? Podem ter sexo ou não antes do casamento? podem divorciar? Que valores espirituais? Tudo isto é reflexo da liberdade, mas é também a raiz de grandes angústias.
Ao mesmo tempo, poder escolher é o caminho da liberdade e da maturidade. Não fazer escolhas e viver numa sociedade uniforme pode não gerar angústia, mas não gera crescimento emocional. Tomar decisões exige julgamento, reflexão, avaliação dos resultados, e tudo isto traz tensão e ansiedade.

O que não conseguimos saber é o que é mais saudável para a saúde e a vida. O que você acha mais salutar: ter uma vida previsível, com todas as variáveis já decididas, ou enfrentar a crise de ser uma metamorfose ambulante? Até que ponto o excesso de liberdade melhora a nossa qualidade de vida, e até que ponto ela nos é prejudicial? Ter algumas regras fixas não nos ajudaria a encontrar mais equilíbrio? Você decide!

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Casamento pode dar certo!



Na semana passada escrevi que “casamento não foi feito para dar certo” e para justificar, enumerei cinco razões: 1. As diferenças latentes entre a alma masculina e feminina; 2. A diferença de gênio e temperamento; 3. O background familiar e histórico; 4. As histórias pessoais de condicionamentos e dores; 5. O egoísmo e narcisismo. Casamento é uma união complexa e possui todos ingredientes para não dar certo.

Neste artigo quero fazer outra afirmação: Casamento pode dar certo! Se você entrar num casamento achando que se ele não der certo vai se separar, é questão de anos, talvez meses, para que você descubra que não deu realmente certo.

Quero me atrever a dar duas sugestões, uma de natureza psicológica, outra espiritual.

Natureza psicológica. 
Entre no casamento, querendo lutar pela sua preservação. Se você se atreve a compartilhar a vida com alguém, seja radical: Invista prá valer! Se entrar pensando que não vai dar não vai durar. Para isto é necessário investir não apenas 50% de seu sonho, mas 100%.
A palavra chave é compromisso. Você vai estranhar o que vou dizer agora, mas o que mantém um casamento não é amor (no sentido de emoção e paixão), mas compromisso. Quando você o assume, isto implica entrar prá valer, decidir lutar, na saúde e na enfermidade, na alegria e na tristeza. Decidir amar e investir, sem suspeita e reservas, não fazer as coisas pela metade. Não é uma barganha ou troca, não se trata de negociação ou vantagem. Você sempre achará que dá mais que o outro, isto é uma conseqüência natural do narcisismo, mas ainda assim continue na entrega. Entre querendo fazer o outro feliz. Casamento não dá certo automaticamente, é necessário querer que ele dê certo!

O segundo aspecto é de natureza espiritual. 
Isto é mais complexo, porque adentramos a dimensão sacral, o universo místico, uma área densa, misteriosa e igualmente importante. O grande segredo é levar Deus para morar em sua casa.

Assim foi o primeiro milagre de Jesus que se deu numa festa de casamento. Sabiam disto? Ele fez tantos milagres impressionantes: Curou cegos, paralíticos, surdos, ressuscitou mortos, mas o primeiro milagre foi numa vila da Galiléia, com cerca de 300 habitantes. Ele foi feito no fundo de casa, escondido de todo mundo, inclusive do mestre de cerimônia. Sabemos que todos os milagres de Jesus possuíam  intencionalidade, havia um motivo presente. O registro bíblico afirma: “Houve um casamento e Jesus também foi convidado” (Jo 2.1-2). Convidados são pessoas apreciadas e consideradas. O casal queria que Jesus estivesse ali, ele não foi à festa como penetra. Era alguém que os donos da festa queriam que estivesse presente.

Casamento não foi feito para dar certo... Nós precisamos fazê-lo dar certo. Mas nem sempre somos capazes de agir de forma correta, precisamos do poder e da graça de Deus. Muitos lares precisam de milagre, de uma intervenção sobrenatural, porque o vinho já acabou, não há mais alegria ou celebração, e o vinho traz textura, paladar, sabor e alegria. Jesus é capaz de trazer um vinho novo. Detalhe importante: O vinho novo é melhor!