segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Os intocáveis



Khaled Hosseini, romancista e médico afegão, em seu livro “Caçador de pipas”, fala dos horrores vividos pelo seu país, Afeganistão, regido pelos Talibãs, um grupo de fanáticos religiosos de extrema direita, que impunha lei marcial, e se considerava além de qualquer julgamento moral ou legal, pois se auto-intitulavam “os guardiões da lei e da moralidade”. Com medo de perder a própria vida, mesmo diante dos flagrantes abusos morais, pedofilia, corrupção e julgamentos de exceção, ninguém podia falar nada.

Em Brasília, são famosas as “carteiradas”, de líderes políticos ou magistrados, do tipo “você sabe com quem está falando?”, cujo objetivo claro é o de constranger policias que procuram manter a ordem do trânsito ou postura em lugares públicos. Mesmo pessoas ligadas a embaixadas, portanto vindos de outros países dominados por sistemas autoritários, chegavam ao extremo de se julgar além do bem e do mal, e acreditar, de fato, que não precisavam se sujeitar à lei. São os intocáveis!

Em Anápolis, manifestações de grupos minoritários parecem estar procedendo da mesma forma. Ao falar deste tema, precisamos lembrar que não devemos julgar o todo pelas partes, Na última passeata gay, um rapaz ligado ao movimento, resolveu que tinha o direito de andar nu, sem qualquer constrangimento, pelas ruas da cidade. No último sábado, dois rapazes se julgaram no direito de trocar caricias, um sobre o outro, no Parque Ipiranga, beijando-se, talvez para demonstrar que tem direito de se expressar, sem considerar que estavam num local público. Apesar do constrangimento generalizado, todos temiam dizer qualquer coisa, com medo de serem acusados de homofobia. São pessoas que se julgam intocáveis.

Religiosos, políticos, ricos e pobres, indígenas ou qualquer outro grupo não pode estar acima da lei. A justiça não isenta nem mesmo aqueles que aplicam a lei: policiais, fiscais, inspetores, promotores, juízes, padres e pastores, adolescentes. Todos estão debaixo do mesmo código de postura e bom senso. Afinal, prudência e caldo de galinha, discrição e bom senso, nunca fizeram mal a ninguém.


“A lei abre os olhos, a lei tem pudor, e inspeta seu próprio inspetor” (Chico Buarque). Não é o rei que é a lei, é a lei que é o rei (Knox). A justiça é auto-aplicável e precisa ser assim exercida. Qualquer grupo que decida radicalizar suas posturas e ultrapassar a fronteira do bem comum e da civilidade, deve ser enquadrado. Isto se aplica a heterossexuais ou homossexuais. Se um rapaz e uma moça querem ter carícias intimas, precisam encontrar lugar apropriado para a intimidade. Que isto fique bem claro!

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