quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Prazer em Deus

John Piper escreveu um instigante livro sobre a espiritualidade cristã, que foi traduzido em português como Teologia da Alegria. Em Inglês, o livro possui um subtítulo: “Confissões de um cristão hedonista”.
Hedonismo é uma filosofia que historicamente sempre foi condenada pelos cristãos, porque ao lado do epicurismo, sempre colocou em destaque a questao do prazer. Piper afirma de forma inovadora que não possibilidade do cristão adorar a Deus se não encontrar prazer nEle, já que o fim principal do homem é Glorificar a Deus, e Gozá-lo para sempre, e para Piper, a única forma de glorificar a Deus é desfrutando daquilo que Ele é.
O problema é que nossa espiritualidade quase sempre associa Deus a um elemento punitivo, não à idéia de prazer. É mais fácil entendermos a linguagem da lei, da obrigação e da responsabilidade quando se refere a Deus que propriamente a alegria. Deus, pensamos nós, não é para ser “desfrutado”. Imaginamo-lo mais facilmente como um grande fiscal, o big brother controlador, como alguém que nos impõe pesadas tarefas e que nos pune severamente em caso de deslize, que de um Pai amoroso no qual encontramos a dimensão da ternura. Não é fácil entender, porque no Islamismo Alá é força, mas nunca é descrito como Pai. Isto seria fragilizar demais a natureza de Deus.
Ao lermos o Salmo 119, o capítulo mais longo da bíblia, observamos que em seus 176 versículos, quase todos falam dos mandamentos de Deus, mas ao contrário daquilo que costumeiramente fazemos, nos impressionamos com o fato de que os preceitos e leis de Deus são quase sempre descritos como fonte de prazer: Sl 119. 16, 24, 32, 62, 92, 97, 103, 111 e 143.
Fazer esta transição na nossa forma de assimilar Deus, penetrando na dimensão da graça, é um dos maiores desafios na nossa adoração, e uma das maiores bençãos para as nossas vidas. O Salmista afirma que a lei de Deus é mais desejada que mel (Sl 119.103), Mais que o ouro depurado (Sl 119.127).
Isso se dá quando compreendemos o que a lei de Deus pode fazer em nosso coração. O salmista olha para as verdades de Deus e percebe os efeitos que ela traz para sua alma. Ela pode:
 Nos livrar da impureza moral (Sl 119.9).
 Nos libertar do pecado (Sl 119.11).
 Livra nossa alma de ser envergonhada (Sl 119.6).
 Vivifica nossa alma (Sl 119.25).
 Fortalece (Sl 119.28).
 Alegra o coração (Sl 119.32).
 Dá entendimento (Sl 119.34).
 Dá largueza ao nosso caminho ampliando os horizontes (Sl 119.45).
 Livra-nos da angústia existencial (Sl 119.92)
 Ilumina nossos caminhos (Sl 119.105).
 Defende nossas causas (Sl 119.154).
Quantas bençãos encontramos ao nos orientarmos pela lei de Deus. Aliás, esta é uma das características do homem bem sucedido no Salmo 1: “Bem aventurado o homem que tem prazer na lei do Senhor e na sua lei medita dia e noite”. Muito da superficialidade de nossa espiritualidade está relacionada à falta de prazer que deixamos de encontrar em Deus e no distanciamento de sua Palavra.
Deus nos convida para um relacionamento de comunhão e encontrarmos prazer na sua verdade, por isto Ele espera que seus adoradores o glorifiquem e desfrutem, para sempre, de sua presença.

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