quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Obsolescência planejada

Obsolescência é o que ocorre a um produto ou serviço que deixa de ser útil, mesmo estando em perfeito estado de funcionamento, porque um outro produto tecnologicamente mais avançado surgiu no mercado.
A obsolescência tem sido deliberadamente introduzida pelos profissionais de marketing para venderem um novo produto reduzindo o tempo entre compras sucessivas. Uma geladeira barata pode ser oferecida ao consumidor, sendo deliberadamente projetada para deixar de funcionar cinco anos após a compra, obrigando os consumidores a comprarem outra máquina. Já reparou como a tecnologia de um computador muda tanto que em poucos anos não consegue rodar os novos softwares que existem no mercado, obrigando-nos a jogá-lo fora ou fazer um upgrade?
Obsolescência planejada é outra forma de dizer “criado para ir para o lixo“. As coisas são feitas para que sejam inúteis tão rápido quanto possível, jogarmos fora e voltarmos a comprar. A mídia nos convence a substituir o “feio” pelo “belo” os “fora de moda” pelos “modernos” e assim compramos coisas que não precisamos, com dinheiro que não temos, para impressionar pessoas que não gostamos.
O paradigma antigo não satisfaz mais, e as transformações são muito mais rápidas que podemos acompanhar. O problema é que assim como tendemos a descartar coisas, facilmente podemos estender esta atitude a pessoas e a valores espirituais.
A esposa de 40 anos não consegue mais “satisfazer” fisicamente? Troque-a por duas de 20. Nossos filhos podem entrar também nesta ciranda, quando os transformamos em moedas, investimento, tratando-os como coisas, manipulando, comprando e barganhando. Nossa fé também deixa de ser validada quando surge alguma proposta mais interessante, menos exigente, mais superficial mas com respostas prontas e imediatas. Trocamos o prioritário pelo urgente, substituímos o eterno pelo temporal, confundimos forma com essência.
Certo homem justificou sua separação porque sua esposa já não era tão bonita quanto antes, e como ele “amava o senso estético” não podia mais continuar com ela. Seria muito sábio de sua parte se ele usasse o bom senso e se olhasse no espelho, para ver as marcas do tempo presentes nele mesmo...
Existem valores que não podem ser trocados nem substituídos. Gente não é mercadoria, por isto não podemos descartar relacionamentos. Deus não é coisa, e por isto também não pode ser peça de museu. Quando até mesmo nossa fé, princípios e pessoas se tornam descartáveis estamos num estágio em que podemos trocar qualquer coisa, afinal, a obsolescência não está atingindo apenas a estética e a funcionalidade, mas já penetrou também em nosso coração.

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