A conhecida história de Jesus curando os dez leprosos no Evangelho de Lucas (17.11-19) é um dos relatos mais poderosos sobre gratidão na Bíblia. O fato de apenas um dos dez leprosos ter voltado para agradecer a Jesus revela diversos aspectos profundos sobre a natureza humana e a fé.
Apenas um retornou, demonstrando profundo reconhecimento de gratidão e o reconhecimento do milagre. Ele compreendeu que sua cura não era fruto do acaso, mas um ato divino. Sua gratidão não foi apenas um sentimento, mas uma ação concreta. Ele voltou para agradecer, demonstrando uma fé viva e atuante. Os outros nove leprosos, ao receberem a cura, reconheceram o milagre, mas não conseguiram demonstrar gratidão a quem fez o milagre.
A gratidão é uma marca característica dos verdadeiros discípulos de Jesus. Ela abre as portas para novas bênçãos e experiências com Deus. A falta de gratidão revela falta de profundidade na fé e um coração endurecido. É necessário cultivar uma atitude de gratidão constante, reconhecendo a bondade de Deus em todas as circunstâncias.
Li recentemente uma análise que revela como a gratidão pode ser mal interpretada.
- A primeira vez que você faz algo para alguém gera gratidão.
- A segunda vez que você faz algo para essa pessoa gera antecipação, a pessoa imagina que irá receber de novo.
- Na terceira vez você gera expectativa, ela antecipa que sempre receberá algo de ti.
- Na quarta vez você gerou o mérito, ela sente que merece aquilo.
- Na quinta vez você gerou dependência. Ela sempre contará contigo para fazer algo por ela.
A dependência emocional ou material gerada por atos de generosidade é um desafio delicado. É importante buscar equilíbrio entre a continuidade do apoio e a promoção da autonomia da pessoa. É necessário estabelecer limites, demonstrando o que você pode e está disposto a oferecer, evitando criar falsas expectativas e gradualmente, reduzir a intensidade do apoio, incentivando a pessoa a buscar outras fontes de ajuda e desenvolver suas próprias habilidades.
É fundamental ainda que você cuide de si mesmo e estabeleça limites para não se sobrecarregar. Pessoas dependentes podem não amadurecer emocionalmente e ainda colocar uma enorme carga de transferência de culpa ou responsabilidade. É preciso deixar claro que podemos apoiar, mas também precisamos cuidar de nós mesmos, desta forma clarificando e tirando toda possibilidade de que a generosidade se torne mal-entendida, e se transforme em algo não apenas ineficaz, mas prejudicial a ambos.
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