terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Você tem uma causa para lutar?

No final do ano passado a polícia carioca invadiu o Complexo dos Alemães para expulsar traficantes que haviam transformado aquele lugar no seu quartel general. Uma operação de guerra foi montada, mas o que se viu foi uma patética correria de bandidos tentando escapar, amontoados e desorganizados em carros e pelo meio do mato, cena que foi mostrada na imprensa em todo mundo. Certa pessoa fez o seguinte comentário: “Bandidos não enfrentam, porque não possuem uma causa para lutar”.
Tenho visto jovens e adultos desejosos de construir sua história de forma significativa. Não basta apenas ter bom emprego e garantir o salário no final de mês; é necessário encontrar propósito naquilo que fazem. Muitos perguntam: “Qual é o objetivo de minha vida? A vida é apenas ganhar dinheiro para viver e viver para ganhar dinheiro?” Todos precisamos de sentido para viver, e isto é muito mais do que ter uma boa faculdade, conseguir um bom emprego e ter aplicações na bolsa.
Alguns anos atrás, um turista estrangeiro veio passar suas férias em Anápolis; ele nunca havia jogado futebol, mas para se relacionar com os novos amigos, aceitou o convite para um “futebol society”. Não possuía roupas adequadas para o esporte e então, foi a uma loja e comprou todos acessórios que o vendedor disse que eram necessários: calção, meião, chuteira, tornozeleira e até caneleira. Chegou no horário e lugar marcado, parecendo um pavão.
Os times foram escolhidos e lhe foi dada uma posição no campo. Depois de dez minutos, alguém percebeu que ele estava desorientado no campo, e lhe perguntou se ele estava gostando do jogo. Ele respondeu que sim, mas que não sabia para que lado deveria chutar a bola...
Não é muito raro vermos pessoas assim. Correndo muito sem saber onde querem chegar, uma espécie de Forrest Gun. No final, sentem-se cansadas por não encontrarem propósito e razão naquilo que fazem.
As grandes questões da vida são: “De onde vim, por que existo e para onde estou indo”. Quando não encontramos respostas satisfatórias para estas questões, o resultado é frustração e cansaço, independente daquilo que viermos a fazer, porque perdemos a direção. A vida encontra sentido, quando encontramos um Norte.
Jean Paul Sartre afirmou: “ Nenhum ponto finito pode ter sentido se não estiver associado a um ponto infinito”. Ele estava certo. Todos precisamos de um significante para o objeto significado. Não faz sentido dizer: “Isto é reto” ou “isto é torto!”, se não houver conexão para estes pontos.
Como criaturas de Deus, encontramos sentido quando nos identificamos com o nosso criador, e descobrimos a causa de termos sido criados. Santo Agostinho disse: “Minha alma só encontra paz quando descansa em Deus”.
Conquistas, sucesso, posição, dinheiro, fama e reconhecimento podem nos atrair e divertir, mas o sentido da vida só pode ser encontrado em Deus, o centro do qual facilmente nos desviamos e para o qual encontramos tanta dificuldade em voltar.
jornal contexto, 07 fev 2011

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