Estou voltando de uma viagem a Miami, onde tive oportunidade de conviver com brasileiros que moram na região de Boca Raton por mais de 20 anos. Muitos deles já estão aposentados, e há sempre o perigo da solidão e do ostracismo para este grupo, mas vi muita coisa bonita que está conspirando contra o abandono existencial e a comunidade acolhedora possui um papel essencial nesta dinâmica, trazendo saúde através dos relacionamentos.
Algumas pessoas se encarregam de buscar os idosos em casa, outros em levar. Muitos estão doentes, mas com a ajuda de pessoas sensíveis elas são capazes de sair de casa, e encontrar amizade, companheiro e suporte.
No café de manhã comunitário, chegou um rapaz negro, de voz alta e espírito extrovertido. Ele falou bom dia em português, inglês, espanhol e francês. Todos olharam para ele e começaram a rir pela sua extroversão. Antes que todos se recuperassem ele foi em direção a D. Maria, uma brasileira que vive lá por mais de 30 anos, e deu um abraço forte dizendo: “Que saudade de você minha querida!”
D. Maria recentemente perdeu seu esposo e agora mora sozinha no seu apartamento. Ela era extremamente competente no trabalho, síndica de um enorme prédio, tesoureira de uma empresa, mas a idade chegou e ela já apresenta algumas dificuldades de locomoção e sintomas de demência. Seus filhos aparecem e telefonam sempre para saber como ela está, mas a solidão é sempre uma ameaça.
Quando vi aquele abraço fiquei pensando no seu efeito naquela pessoa idosa e solitária. Como um abraço pode ser tão renovador e restaurador. Se tivéssemos mais abraços assim teríamos mais saúde emocional e mais alegria. Este gesto simples pode ser impactante e atingir de forma indelével o coração de alguém. Abraçar e tocar, faz o corpo produzir serotonina, o hormônio do prazer. Eu vi, de forma concreta, o efeito daquele gesto simples de amor.
Precisamos de mais abraços e de menos oposição, mais de ternura e menos de agressão, mais de compaixão e menos de distanciamento. Uma sociedade é sadia quando amigos e familiares se abraçam e cumprimentam afetuosamente. Uma atitude como esta renova a alma, inspira o coração, afasta a solidão, traz senso de pertencimento e aceitação.
Quanta inspiração um simples abraço pode produzir.
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