sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Descansar sem culpa



 

Pode parecer estranho, muitos se sentem culpados por descansar e tirar férias. Sentir-se culpado é mais comum do que parece. Talvez você já tenha tido esta sensação. Conheci um homem que se gabava de ter trabalhado 27 anos sem tirar férias. Para ele isto era um motivo de orgulho, quando na verdade, deveria ser razão para preocupação.

 

Sentir-se culpado por estar de férias ou não fazer nada, pode estar relacionado à cultura e ambiente familiar. Muitas famílias possuem uma cultura rigorosa do trabalho, e isto se torna emocionalmente pesado. A culpa também pode ser influenciada pelo modelo econômico. Conceitos como competição, produtividade, e sucesso podem nos levar a pensar que apenas as atividades produtivas e lucrativas são importantes. Num ambiente de cobrança, entretenimento, lazer e tempo livre, são profundamente criticados.

 

Três justificativas são essenciais para descansarmos sem culpa:

 

A primeira, de ordem biológica: o corpo não é uma máquina. Precisa de pausa. O motor precisa desaquecer, esfriar. O trabalho constante e excessivo aliado à ausência de descanso é prejudicial para a saúde física e emocional. Sem descanso ocorre uma diminuição da memória, dificuldade de absorção de novas informações, irritabilidade, ansiedade e estresse, perda de foco, e insônia, entre outros.

 

A segunda, de ordem prática – O ócio tem o poder de redirecionar, trazer inspiração, reorientar. Quando não descansamos o suficiente o resultado é a diminuição da produtividade. Por estranho que pareça, o ócio é produtivo. Quando relaxamos, a mente faz brotar novas ideias. Portanto, descansar faz parte deste processo. O tempo de descanso e relaxamento, restaura a atenção e a motivação, estimula a produtividade e a criatividade e é essencial para atingirmos altos níveis de desempenho.

 

Por último, Ordem Teológica. No projeto da criação divina, relatada no livro de Gênesis, Deus não concluiu sua obra com a criação do homem, mas com o sábado. Deus fez um tempo para que o homem pudesse descansar. No hebraico “shabath” significa “descanso”. Deus orientou o ser humano para um tempo de interrupção das atividades, e ele mesmo deu o exemplo, descansando no sétimo dia.  

 

Será que Deus estava preocupado consigo mesmo? Estava com excesso de horas extras? Naturalmente não. Seu objetivo era dar exemplo para que entendêssemos que precisamos aprender a descansar, a tirar tempo para repor as forças físicas, para repensar as atividades. Quando não descansamos é porque intimamente sofremos um complexo de onipotência e achamos que somos mais imprescindíveis que Deus. No entanto, é bom lembrar que o cemitério está cheio de gente insubstituível. Guardar o dia de sábado é reconhecer que temos direito ao descanso e perceber-se como um ser livre para viver. O que trabalha sem descanso é escravo! Todos têm direito ao descanso.

 

 

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