quarta-feira, 17 de junho de 2015

Sobre conceitos e preconceitos


Muitas pessoas tem perguntado sobre minha opinião acerca das imagens de uma transexual “crucificada” na parada gay. As reações foram distintas, os motivos levantados vão desde a concepção de que se tratava de um sacrilégio até o simples direito de liberdade da pessoa, ou do grito de alguém que realmente se sente marginalizada e ferida. Vi pessoas profundamente ofendidas, li sobre teorias conspiratórias afirmando que no outro dia quem fez este ato teatral teria morrido, etc ... vi senadores, políticos e pastores midiáticos reagindo energicamente, vi reações da liderança da Igreja Católica e evangélica manifestando seu repúdio e um sem número de pessoas indignadas com a cena.

Meu sentimento, porém, foi de compaixão e não de ódio ou mágoa. Concordo com o Rev Augustus Nicodemus que afirmou não se sentir ofendido, como cristão, apesar de discordar da estratégia de marketing dos organizadores, porque nossa fé não está colocada em símbolos cristãos, e nem em objetos sagrados como cruz, templos sagrados, imagens sagradas ou líderes sagrados. Por isto não explodimos bombas quando tripudiam da Bíblia ou fazem cenas obscenas diante das igrejas, ou quando se vestem de forma agressiva para ferir. As pessoas que participaram da parada sabiam do conteúdo explicito do que seria exposto, e concordaram com isto. É um direito de manifestação e liberdade de expressão. Revelaram o que são e pensam.

Como lidar com as expressões agressivas contra o que cremos? As palavras do Rev. Nicodemus falam por si: “As coisas que considero santas estão muito além do alcance dos homens, para que estes possam profaná-las. O meu Salvador está nos céus, o meu Deus é rei do universo, minha morada é celestial, a Palavra de Deus está escrita nos céus e é eterna, o pão e o vinho nada mais são que representações materiais daquele que se assenta no trono do universo. Realmente, não há nada no meu cristianismo que esteja ao alcance de quem deseja me ofender através da profanação”.

Tenho aprendido que posso não concordar com o que o outro pensa, mas respeito até o último instante o direito dele pensar, contudo, não precisamos concordar que o que pensam e fazem. É justo e direito ter  opinião distinta sobre orientações sexuais e crenças diferentes, mas quero ter o direito de ter opiniões claras na minha mente, ter conceitos claros sobre família, Deus, valores e sexualidade. O que é inadmissível é que quem se sinta agredido, decida agredir, ou que aqueles que pensam diferente queiram que concordemos com seus pressupostos. Não tenho preconceitos, mas existe alguma coisa errada em ter conceitos?


Devemos respeitar toda crença e convicções. Jesus, contudo, disse algo muito interessante sobre convicções: “A sabedoria é justificada por seus filhos”. Os resultados, as consequências, as expressões, o jeito de agir e ser, revelam o que pensamos e somos. Os frutos advindos das opiniões que temos revelam quem somos. As manifestações públicas e midiáticas, revelam os resultados do coração. As imagens e atos revelaram o coração e não há como ser diferente. Assim como a boca fala do que o coração sente, atos refletem convicções.  

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