quarta-feira, 10 de junho de 2015

A Cultura da Violência

No More Excuses Green Road Sign
Criou-se o mito de que o povo brasileiro é pacífico, mas quando analisamos as estatísticas nos surpreendemos com dados estarrecedores. O Brasil mata mais que regiões em guerra, tem onze das 30 cidades mais violentas do mundo, em 2012 foram assassinadas 64.357 pessoas no país; em 2013 morreram 40.451 pessoas em acidentes e 170.805 foram feridas. Uma em cada 14 mulheres, ao menos uma vez na vida, foi vítima de abuso sexual; entre 2009 e 2011 houve quase 17 mil mortes de mulheres por conflito de gênero, ou seja, 5.664 por ano.

No Brasil, o instinto de violência infiltrou-se no fluxo do sangue da nação. A ONG americana Social Progress mantém um ranking da qualidade de vida em 132 países e no índice de segurança pessoal, aparece como o 11º país mais inseguro do mundo, e para esta avaliação cinco critérios foram utilizados: Número de homicídios, crimes violentos, percepção da criminalidade, terrorismo e mortes em trânsito. Ou seja, sobreviver no Brasil é uma arte.

A pergunta mais relevante é: Por que o Brasil é um país tão violento?

Vários fatores sociológicos devem ser considerados como pobreza da periferia, falta de oportunidade de educação e emprego, tráfico de drogas, violência pública, mas Alexandre Andrada, professor de economia da UNB levanta uma hipótese antropológica: “É provável que haja algo em nossa cultura, hábitos e costumes que incite à violência”.

Violência é também uma questão de coração. Pessoas feridas ferem; violência gera violência; impotência é um fator de violência e existe ainda a violência reativa, isto é, a violência dos violentados. Historicamente, quando a justiça é ausente ou frouxa, as pessoas se sentem impotentes e decidem fazer justiça com suas próprias mãos. A ausência da aplicação de leis favorece a mentalidade do justiceiro ou do vingador. Estados totalitários e governos corruptos encorajam a violência.

A violência, acima de tudo, é resultado de um coração angustiado e mal resolvido. Caim matou Abel por inveja. Seu coração estava com graves problemas. Curiosamente assassinou logo após um ato religioso, depois de terem trazidos suas ofertas a Deus. Isto demonstra que a formalidade e superficialidade religiosa não nos livra da agressividade. Não é sem razão que a história da humanidade está repleta de “guerras santas”, cruzadas e inquisições com ou sem fogueiras.


Somente um coração em paz é capaz de reproduzir paz. Jesus convidou seus discípulos a refletir sobre isto: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou, não vo-la dou como o mundo a dá”. Sem a serenidade e a paz de Deus, nosso coração continuará atribulado e inquieto, ferindo e sendo ferido. A violência de nossa cultura reflete o grau de conflitividade de uma sociedade que, acima de tudo, perdeu sua relação com aquele que pode trazer paz. 

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