domingo, 26 de agosto de 2012

Existe certo e errado?





O período que vivemos na história tem sido chamado de Pós Modernidade. Esta discussão, porém, não tem sido unanimente aceita, porque isto implicaria em reconhecer que a “modernidade” já não é tão moderna assim... Outros ainda acreditam que a pós modernidade já passou e estamos em outro período da história, ainda não definido.

Um dos grandes problemas de nossa geração, sub-produto desta era, é de natureza ética. Por que devemos fazer isto e não aquilo? Será que existe alguma coisa que podemos chamar de “certa” ou “errada”? Como podemos afirmar que um determinado posiciamento moral é aceitável, se achamos que cada um pode fazer o que pensa e não tem que dar satisfação a ninguém?

A ética (comportamentos, atitudes, moral), não surge no vácuo, passa antes por uma questão filosófica. O nosso fazer é precedido por um pensar. Podemos ter um pensar meramente intuitivo, mas ainda assim, um pensar. Três palavras caracterizam o nosso tempo: Pluralismo, Relativismo e Subjetivismo.

Em 1942, C. S. Lewis, escreveu um artigo sugestivo: “O certo e o errado como chaves para a compreensão do sentido do universo”. Ele afirma que todos nós já vimos pessoas discutindo: "Você gostaria que fi¬zessem o mesmo com você?"; "Desculpe, esse banco é meu"; "Por que você teve de entrar na frente?"; "Dê-me um pedaço da sua laran¬ja, pois eu lhe dei um pedaço da minha";" Essas coisas são ditas todos os dias por pes¬soas cultas e incultas, por adultos e crianças.

Para Lewis, o que interessa é que o homem que os faz não está apenas expressando o quanto lhe desagrada o comportamento de seu interlocutor; está também fazendo apelo a um padrão de compor¬tamento que o outro deveria conhecer. E esse outro rara¬mente responde: "Ao inferno com o padrão!" Quase sem¬pre tentando provar que sua atitude não infringiu um pa¬drão, ou que, se infringiu, ele tinha uma desculpa para agir assim.

Este é o argumento que ele chama de Lei Natural. Está claro que os envolvidos na dis¬cussão conhecem uma lei ou regra de conduta leal, de comportamento digno ou moral, com a qual efetivamente concordam. Se não conhecessem, não poderiam "dis¬cutir" sobre isto. A intenção da discussão é mostrar que o outro está errado. Existe uma lei de dignidade de comportamento.

O que acontece a uma geração ou sociedade, quando resolve abrir mão de valores e princípios, e relativizar a ética?

Nossas famílias, e de forma especial, nossos filhos, estão sofrendo esta ausência de fundamentos, um lugar sólido em que possam pisar e se sentir seguros. A grande crise, na verdade, não é dos filhos, mas dos pais. Sua visão de mundo, de Deus, de ética, de valores e princípios, está sendo construída ou desconstruída no que lhes ensinamos, de forma direta (discurso), ou velada (exemplo).

Perdemos a noção de certo e errado. Afirmamos que cada um faz do jeito que achar melhor, mas esta ausência de valores não apenas é filosoficamente errado, mas eticamente desastrosa.

Filhos precisam de parâmetros, lares precisam de fundamentos, sociedades precisam de leis e regras. Quando isto não acontece, surge angústia, confusão e caos. O problema é que “nenhum ponto finito faz sentido, se não estiver conectado a um ponto infinito” (Sartre). O fundamento, para ser legitimado, tem que estar fora de nós mesmos.

Para alguns, o absoluto pode ser encontrado em Deus. Para outros, não existe absoluto, mas o caos, já que Deus é uma mera projeção. Onde você tem fundamentado seu construto? Onde você tem encontrado suas referências? Sem este ponto infinito, não faz sentido algum dizer que algo é certo ou errado, mas quando este ponto é encontrado, é impossível deixar de considerar princípios e valores absolutos.

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