segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

“Não furtarás”-Oitavo Mandamento

Existe muita variação desta temática nos dias de hoje. Certamente achamos que não roubamos, mas quando analisamos de forma mais profunda este mandamento é bom ficarmos atentos para suas implicações. Antes de mais nada, porque ele não fala diretamente de roubo, mas fala de furto.
Qual é a diferença entre roubo e furto? Roubar é algo agressivo, frontal, direto. É tirar de forma objetiva das mãos do outro aquilo que lhe pertence. Furtar já indica alguma coisa mais sutil, furtiva, escondida, camuflada.
Todas culturas possuem pecados endêmicos, difíceis de serem curados, que passam de uma geração para outra. Em muitas destas culturas, os conflitos raciais e/ou religiosos, valores perniciosos são transmitidos sem que, aparentemente, seja possível serem reparados. É um legado maligno. Gerações inteiras sofrem deste mal que tende a se repetir e a perpetuar como se fosse um estigma.
Na sociedade brasileira, existe uma pandemia destrutiva chamada corrupção. Ela se institucionaliza, se populariza, vem se perpetuando de geração para geração e de repente parece que a coisa tem que ser assim mesmo. Achamos que temos o direito de lesar: O governo lesa o cidadão com altos impostos, e o cidadão lesa o Estado com fraude e com sonegação. O político se julga no direito de furtar, o funcionário de lesar o seu patrão, sendo este público ou privado. O pecado cultural de nossa sociedade brasileira é o furto!
Reter o salário dos trabalhadores, impedir o acesso à terra para produção, falsificação de documentos, subornos, roubos baseados em nossa ganância, leis opressivas e impostos achacadores, atentam contra o direito e ferem o oitavo mandamento.
“Os pecados proibidos no oitavo mandamento, além da negligência dos deveres exigidos são: o furto, o roubo de homens e o receber qualquer coisa furtada; o tráfico fraudulento, pesos e medidas falsas, o remover marcos de propriedades, a injustiça e a infidelidade em contratos entre os homens ou em administrar negócios de outrem à nós confiados; a opressão, a extorsão, a usura, as peitas, as vexatórias forenses, todo o cerco injusto de propriedades e despejo injusto de inquilinos, a acumulação de gêneros para encarecer os preços, os meios ilícitos de vida, e todos os outros modos injustos e pecaminosos de tirar ou reter de nosso próximo aquilo que lhe pertence, ou de nos enriquecer a nós mesmos, a cobiça, a estima e o amor desordenados dos bens mundanos, os cuidados e esforços receosos e demasiados em obtê-los, guardá-los e usar deles; a inveja da prosperidade de outrem; assim como a ociosidade, a prodigalidade, o jogo dissipador e todos os outros modos pelos quais indevidamente prejudicamos o nosso estado exterior; e o defraudar a nós mesmos do devido uso e conforto da posição em que Deus nos colocou” (Catecismo Maior, & 142).
Num excelente romance de Hosseini, “o caçador de pipas”, ele faz uma afirmação muito importante: “Existe apenas um pecado, e esse é roubar, porque os outros são simplesmente variações do roubo (...) Quando você mata um homem, está roubando a vida. Está roubando da esposa o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai. Quando mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade. Quando trapaceia, está roubando o direito a justiça. Entende?”.

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