quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

A COSMOVISÃO CRISTÃ

Todos nós temos uma cosmovisão, embora nem sempre estejamos conscientes disto ou talvez não entendamos corretamente o significado deste termo.

Cosmovisão tem a ver com a forma que lemos e interpretamos os valores, sistemas, crenças, ética, etc., isto é, o jeito de encarar a vida. Cosmovisão precede atitude, comportamento, relacionamento e afeta todas as nossas decisões.

A cosmovisão do homem está intimamente ligada à sua religião. Alguns são ateus dizendo-se cristãos: sua forma de ler, ser e interpretar a vida não tem absolutamente nenhuma correlação com o pensamento cristão, ou seja, aquilo que Cristo ensinou, professou e viveu. Por isto Ghandhi afirmou, para grande espanto da cristandade, que amava o Cristo que pregávamos, mas odiava o cristianismo que vivíamos.

Muitos que se dizem cristãos são ateus na prática. Outrossim, tenho visto alguns que declaram ateus, mas não conseguem desvencilhar-se dos princípios cristãos. Certamente Jesus repudiaria boa parte do cristianismo superficial que vivemos, aliás, certa feita afirmou que muitos dos seus pseudo discípulos o chamavam de Mestre, mas não faziam o que ele mandava.

"A melhor maneira de...analisar o cristianismo é olhar para Jesus Cristo" (Colin Chapman).

A pessoa histórica de Jesus de Nazaré é o ponto de partida de toda cosmovisão cristã. Nele, os cristãos encontram o paradigma de tudo o que se deve crer e o que se deve praticar. A espiritualidade cristã é cristológica. Resta perguntar como era este Jesus?

1. Revelou o mistério sem perder a dimensão da humanidade. Jesus não tinha medo da verticalidade da experiência religiosa: orava, jejuava, praticava exercícios devocionais, mas também não era alienado da história humana: estava envolvido com o que sofre, com o pobre, com o marginalizado. Basta ler o evangelho para perceber isto;

2. Articulou o natural com o espiritual, fez a ponte entre o humano e o divino. Era ao mesmo tempo alguém que experimentava a realidade de Deus, mas que nunca se distanciou de gente ferida, tanto que optou por morar no meio dos desprezados galileus. Na sua forma de praticar a espiritualidade, participou politicamente de seu tempo, exerceu seu mandato cultural, sua cidadania, fez crítica aos poderosos insensíveis de seu tempo, mas ainda assim, encontrou espaço e significado na relação com Deus, o Pai. Sua espiritualidade não era ativista.

Concluindo afirmaria que se nossa cosmovisão é cristã, não deveríamos, em hipótese alguma, sob risco de fragmentar a estrutura de nossa fé, deixar de olhar para a intrigante pessoa de Jesus de Nazaré. Nele encontramos o significado maior de viver, ler e interpretar a vida. Jesus nos ensina a ser humano, no sentido mais pleno desta palavra.

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