Um fenômeno recente tem atraído a atenção das mídias sociais: São os bebês reborn. As pessoas estão debatendo o assunto, algumas vezes com críticas odiosas (os haters), outras vezes com simpatia e aceitação.
Bebês reborn são bonecas (os) artesanais feitas (os) para se parecerem o mais realistas possível com bebês humanos, tanto em aparência quanto, em alguns casos, em peso e sensação ao toque. O termo "reborn" (renascido, em inglês) se refere ao processo de transformar uma boneca comum de vinil (ou outro material) em uma obra de arte hiper-realista, uma réplica de bebê que parece ter "ganhado vida", como se tivesse nascido ou sido recriado.
Por trás da demanda e do desejo de colecionar peças artesanais, surgiu um motivo maior que é impulsionado por motivações emocionais e psicológicas, como o desejo de lidar com o luto, a "síndrome do ninho vazio", a impossibilidade de ter filhos biológicos ou simplesmente o conforto e a alegria de cuidar de algo que se assemelha a um bebê surgindo assim um público mais amplo que encontra nessas bonecas um propósito de conforto emocional. É neste aspecto que a discussão tem sido mais acirrada.
Os bebês reborn, apesar do conforto que podem proporcionar a muitas pessoas, também podem apresentar riscos psicológicos em certas situações ou para indivíduos mais vulneráveis. Os riscos surgem quando a linha entre a realidade e a fantasia se torna tênue ou quando há uma dependência excessiva.
É possível que esta relação quando adoecida, gere dificuldade no processo de luto para pessoas que perderam um filho e o bebê reborn pode ser usado como uma "substituição" ou tentativa de preencher o vazio deixado pela perda. Embora possa oferecer conforto inicial, em alguns casos, pode impedir ou prolongar o processo de luto natural, dificultando a aceitação da realidade e da perda e a transição para uma nova fase da vida, neste caso, o boneco pode se tornar um obstáculo para a elaboração saudável do luto.
Quando mal elaborada, a relação doentia pode também agravar condições psicológicas preexistentes em casos de transtornos dissociativos, ou que já possuem dificuldades em lidar com a realidade, e o boneco passa a ser tratado como um bebê humano vivo. A pessoa pode preferir a companhia "perfeita" e "obediente" do boneco à complexidade e aos desafios dos relacionamentos humanos reais. Para indivíduos com certas vulnerabilidades psicológicas, o realismo extremo do bebê reborn, combinado com um apego intenso, pode levar a uma confusão na percepção da realidade, onde a pessoa passa a acreditar que a boneca é de fato um bebê vivo.
É fundamental reiterar que a maioria das pessoas que interagem com bebês reborn o fazem de forma saudável, como um hobby, uma forma de arte ou uma fonte de conforto que complementa suas vidas, sem prejudicá-las, mas se a relação com um bebê reborn se torna obsessiva, a pessoa pode se isolar por causa da fantasia dificultando assim o amadurecimento psicológico. É crucial estar atento aos sinais de que a relação pode estar transpondo os limites saudáveis, especialmente para aqueles que já enfrentam desafios psicológicos, como temos visto recentemente. Em casos assim, é fundamental buscar apoio até mesmo psiquiátrico.
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