"Não há ninguém mais irremediavelmente escravizado do que aqueles que falsamente acreditam estarem livres."
Estas palavras escritas por Goethe há quase 200 anos, são mais relevantes hoje do que eram nos seus dias. Muitos assumem que vivemos em uma sociedade livre simplesmente porque achamos que podemos fazer o que quiser, mas na verdade, a tecnologia, as drogas, a pornografia e outras diversões prazerosas estão criando pessoas tão distraídas que nem notam as cadeias que as prendem.
Em 1961 Aldous Huxley alertou que no futuro as classes dominantes aprenderiam que o controle de uma população poderia ser alcançado não apenas com o uso explícito da força, mas também com o método mais sutil de afogar as massas em um suprimento interminável de diversões prazerosas. É estranho imaginar que o prazer possa ser usado para privar as pessoas de sua liberdade.
Em Admirável Mundo Novo, Huxley previu o surgimento de uma oligarquia controladora que realizaria experimentos em seres humanos para condicionar a docilidade e minimizar o potencial de agitação civil. O condicionamento poderia ser usado por engenheiros sociais para o bem maior, levando ao desenvolvimento de uma utopia gerida cientificamente.
Os condicionamentos em massa possibilitariam na realidade uma forma perniciosa de tirania, na qual as massas seriam escravizadas, mas se sentiriam livres. Huxley, falava da super droga Soma. Os controladores mundiais encorajariam a doação sistemática de drogas para o benefício do Estado. O Soma seria ingerido diariamente pelos cidadãos oferecendo “férias da realidade”. Dependendo da dosagem, estimulava sensações de euforia e alucinações agradáveis. Mas os controladores mundiais não dependiam apenas da Soma. A promiscuidade sexual era promovida pelo Estado como outra tática para garantir que todos aproveitassem sua servidão.
O slogan “Todos pertencem a todos”, seria incutido nos cidadãos desde a juventude e com as instituições da monogamia e da família abolidas, todos podiam satisfazer seus impulsos sexuais sem impedimentos. O acesso constante à gratificação sexual ajudava a garantir que os cidadãos estivessem distraídos demais para prestar atenção à realidade de sua situação. O entretenimento e as distrações incessantes, sancionadas pelo estado também desempenhariam um papel importante na criação do campo de concentração indolor. Uma política para afogar as mentes de seus cidadãos em um mar de irrelevância.
O grito moderno dá-me celular, tik-toks e reels, mas não me incomode com as responsabilidades da liberdade, substituiu o grito “liberdade ou morte”, e por isto a liberdade não prevalecerá. Enquanto as pessoas trocarem sua liberdade por prazeres e conforto e as novas tecnologias avançarem e mais informações forem obtidas sobre como prever e controlar o comportamento humano seremos mais escravizados. Se a maioria será capaz de resistir a esse tipo de manipulação, ou se desejará fazê-lo, é um pergunta que ainda teremos de responder.
Como o ex-escravo Frederick Douglass em meados do século 19, muito antes de Huxley, “Quando um escravo se torna um escravo feliz, ele efetivamente renunciou a tudo o que o torna humano.”
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