terça-feira, 12 de setembro de 2017

Insatisfação

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A alma humana tem um vazio difícil de equacionar: Independentemente do status social, cultura, época e idade, há um nível de insatisfação latente, uma saudade inexplicável de algo que não se sabe o que, um desejo de algo imaterial difícil de resolver. Niilismo.

Por esta razão, muitos são movidos a adrenalina. Aventuras, viagens, ocupação irrefletida da mente, desde que alguma coisa ocupe este centro complexo e desafiador da própria realidade de viver. O vácuo, o não-ser, contudo, parecem consumir a alma. Eternos desejos.

Isto é tão adâmico, tão presente na raça humana, que Satanás convenceu Eva de que ela podia ter mais do que tinha estando ainda no Éden. E ela desejou isto. Ele conseguiu criar necessidade em Adão e Eva, mesmo estando no Paraíso. Tentação, tem sido definida como o encontro do pior que há em nós com o pior de todos os seres. De repente, Eva se vê diante de sua insatisfação, até então não sentida, e sua necessidade criada tornou-se real e concreta.

A publicidade trabalha exatamente com esta necessidade humana, com o vazio da alma. A propaganda consegue criar desejos e dando a impressão de que isto decorre de algo que poderá ser preenchido com uma agenda, um objeto de desejo, uma viagem, um carro novo, um novo relacionamento. Não entendemos que a insatisfação vai muito além dos aspectos externos. Não há comprimidos para a paz de espírito, ela não é criada em laboratório, e, como afirmou Hans Burke: “Mais da mesma coisa nos leva para o mesmo lugar”.

A insatisfação nos priva de desfrutar daquilo que é realmente importante, faz-nos projetar fracassos em pessoas amadas, gera fantasias e utopias da alma, um desejo pelo Shangrilá, este lugar distante e inexistente, ou anseio pelo Bora-Bora, lugar real e distante. Não amamos o que temos, mas desejamos avidamente o objeto distante, e mesmo quando alcançamos os objetos do desejo, imediatamente percebemos que “tudo que é sólido se desmancha no ar”, ou, como preconizou Eclesiastes: “Tudo é vaidade. As coisas são canseiras tais que ninguém as pode exprimir”.

Pascal fez uma declaração surpreendente: “O homem tem um vazio em forma de Deus”. O vazio, só é preenchido pelo anseio do Eterno. “Tudo que não é Eterno, é eternamente inútil”. Certamente esta é a razão da insatisfação: “Deus colocou a eternidade no coração do homem”. 

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