quarta-feira, 13 de julho de 2016

Afinal, em que cremos?




A questão da fé é quase unânime em alguns países e está presente em todas as culturas. A Polônia é um dos países onde, estatisticamente, mais pessoas creem em Deus (97%); seguido pelo Brasil (95%). A República Checa está em último lugar na pesquisa, já que apenas 37% afirmam crer em Deus.  A questão mais fundamental certamente não é se cremos ou não, mas, no que, afinal, cremos.
Superstição e crendice são expressões de fé. Podem ser antropologicamente classificadas de infantis, mas são formas de espiritualidade. Quando as pessoas afirmam que “o que importa é ter fé”, nem sempre estão avaliando o que realmente declaram. Por exemplo, Deus existe para 95% dos brasileiros, mas 51% também creem em mau olhado.
Veja como isto reflete na estatística. Embora quase toda a população polonesa afirme que crê em Deus, apenas 81%  creem em vida após a morte. No Brasil, apenas 58%. Não parece quase um contrassenso crer em Deus e ainda assim pensar que a vida acabe num túmulo?
No entanto, precisamos considerar qual o significado de crer em Deus. Na verdade crer em Deus não é alguma coisa tão importante, considerando que as concepções sobre Deus são absolutamente ambíguas e distintas. Existe até mesmo um conhecido texto da Bíblia no qual o apóstolo Tiago indaga: “Crês tu que Deus é um só? fazes bem. Até o diabo crê e treme”. Crer em Deus, na verdade, não parece realmente ser de grande relevância.
Certa feita aconselhei uma jovem, que veio dizer que não cria em Deus e que odiava a Deus. Eu disse que as duas afirmações eram contraditórias, porque se você não crê, não pode odiar. Não é coerente odiar alguém que não existe. Ela concordou que cria em Deus, mas estava com raiva de Deus, porque Ele a frustrara. Fazia sentido.
Outra pessoa, também amargurada, falou-me durante um bom tempo sobre Deus descrevendo-o como um ser impiedoso, desnaturado, cruel e mau. Eu a ouvi pacientemente, percebendo sua dor, mas no final declarei que precisávamos de uma melhor definição do seu Deus, porque a descrição daquele Deus, era, na verdade, o que as Escrituras Sagradas chamavam de Satanás. O Deus dela era o meu demônio. 
No Decálogo, O Primeiro Mandamento é claro: “Não terás outros deuses diante de mim”. Não é interessante observar que a recomendação de Deus não era contra o ateísmo, mas o politeísmo? Neste principio, não há qualquer exortação contra a falta de fé em um Deus, mas o risco de falsos deuses e ídolos, que facilmente usurpam o lugar do Deus verdadeiro.
O Brasileiro, com seu panteão de deuses, facilmente constrói seu cardápio religioso combinando elementos de diversas religiões, e facilmente pode conviver com duplicidade religiosa.

Talvez o que precisamos analisar não é se cremos em Deus, mas quem é o Deus em quem cremos? Entre o povo de Deus havia os canaanitas, criam em deuses de pedra e se curvavam diante dele. O homem moderno, mais sofisticado, constrói altares a outros deuses mais exigentes. Se você quiser saber qual é o Deus que domina seu coração, pergunte a si mesmo: “O que eu confio, temo, amo e desejo mais que o próprio Deus”. Deus é aquilo que controla seu coração.

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