segunda-feira, 14 de março de 2016

Entre o desejo e a necessidade


Maria Tereza Maldonado é autora de 25 livros, especialista em terapia família, membro da American Family Therapy Academy e autora de 25 livros. Ao comemorar 35 anos de atividade, ela lança “Cá entre nós – na intimidade das famílias” (Integrare Editora). Sua contribuição é importante porque ensina a criar filhos empreendedores, preparados para o mundo. 

Ela afirma que a queixa mais comum dos pais modernos está no fato de que os filhos são insaciáveis e tiranos na relação com os pais, e isto acontece porque criaram filhos na base da lei do desejo, e não da lei da realidade. Ele cresce achando-se no direito de sempre ocupar o primeiro lugar e pensando que os outros são seus súditos, que existem para satisfazer seus desejos. O filho se torna o reizinho, e as festas de aniversário mostram isto. Tornou-se comum fazer a coroação dos filhos diante da família e amigos. A educação moderna não desenvolve a capacidade de perceber as necessidades dos outros e respeitá-las; as crianças do Século XXI tem sido criadas sem suportar frustração e não conseguem esperar. O reizinho é um tirano. Faz cenas horríveis quando é contrariado.

A crescente exigência do reizinho torna os familiares frustrados e enraivecidos; passam a brigar e a reclamar da criança solicitadora, insistente, insuportável. O clima do convívio fica difícil e a criança acaba se sentindo rejeitada e infeliz.

Para Maldonado, a melhor maneira de prevenir essa situação é “dar à criança, desde pequena, a noção de que ela é importante, mas não é a única pessoa no mundo que tem o direito de ser atendida. Essa é a base da relação de troca, do dar-e-receber que permite o desenvolvimento da bondade, da gentileza e da tolerância (...) Desenvolver a consideração pelos outros e por si mesmo conduz ao equilíbrio e a maiores possibilidades de satisfação. A capacidade de esperar é a base do bom planejamento; a capacidade de tolerar frustrações é a base da aprendizagem, pois é preciso persistir e suportar os erros até adquirir o conhecimento ou a habilidade de fazer o que nos propomos”.


A verdade é que este princípio se aplica a todas as áreas da vida, mesmo quando adultos. O amor envolve não somente a atenção e o atendimento às necessidades, mas também o preparo para viver no mundo com os outros. É preciso haver equilíbrio de deveres e prazeres. Este aprendizado transforma conflitos em soluções, tornando-se ferramenta indispensável para lidar no mundo, e a família é o melhor celeiro para aprender a lidar com isso.

Precisamos equilibrar desejo e realidade. Não dá para ter tudo, e a criança que não aprende isto em família, vai aprender tais verdades de forma dolorida no trabalho e no casamento. Ninguém estará à disposição das “rainhas e reizinhos”, o mercado de trabalho exige resiliência, negociação, criatividade, e para Maldonado, o controle da impulsividade é essencial para aprender a aprender e a conviver: é um ingrediente básico da “tecelagem das inteligências”.

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