sexta-feira, 20 de junho de 2014

Casamento e Felicidade



Não é incomum encontrarmos pessoas declarando de forma explícita (ou implícita), que são tristes e frustradas por estarem casadas. Esta declaração, de fato, é verdadeira? Seriamos mais felizes se estivéssemos solteiros? As pessoas casadas são menos realizadas?


Uma análise de relatórios de 42 países, realizada pelos pesquisadores Bob Holmes, Kurt Kleiner, Kate Douglas e Michael Bond não confirmam esta “suspeita”, pelo contrário, demonstra que o ser humano é mais feliz casado que solteiro. Uma variável foi levantada na pesquisa: O casamento torna a pessoa mais feliz ou quem é feliz tem mais possibilidade de encontrar um parceiro?

Outro dado revelou-se curioso. A despeito do grande questionamento moderno sobre a oficialização do casamento, o papel, o ato de se casar oficialmente, parece indicar algo especial. “Meu palpite é que casais que apenas vivem juntos não têm a segurança que vem com o ato formal”, afirma um dos pesquisadores.

Na pesquisa, chegou-se à conclusão de que pessoas casadas são mais eficientes no trabalho, menos tendentes à depressão, se ausentam facilmente de seus trabalhos e tem menos enfermidades, mudam menos de emprego, sendo mais estáveis e produtivas.

Apesar da pesquisa, é importante que se entenda que não podemos depender do outro para nossa felicidade e sobrevivência. Uma relação co-dependente, que baseia sua alegria no outro, termina quase sempre em fracasso. “A melhor maneira de ser feliz com alguém é aprender a ser feliz sozinho. Daí a companhia será uma questão de escolha, não de necessidade” (Jô Soares).

Este é o conceito da “simbiose incestuosa”, desenvolvido por Erich Fromm. “Se não conseguirmos abraçar nossa própria solidão, simplesmente usaremos o outro como escudo contra o isolamento. Nossa relação será sufocante. Se você é incapaz de desistir do casamento, então o casamento está condenado”.
Muitos culpam o companheiro por serem infelizes ou não encontrarem realização pessoal, mas não consideram que já eram deprimidos antes do casamento. Ao entrarem num relacionamento já possuíam um histórico de mau humor e insatisfação e ao casarem encontram um bode expiatório para sua infelicidade.
O outro pode nos ajudar quando entendemos que existem inimigos reais no casamento, mas que ele não é, em última instância, nosso adversário, e sim aliado. Quando o transformamos em opositor, desenvolvemos uma relação de acusação e defesa, alguém a ser derrotado e não um parceiro.

A verdade é que estamos onde estamos, porque decidimos, ou deixamos que decidissem por nós. Não somos vítimas, a não ser de nós mesmos. Todos temos medos. O homem se angústia pela possibilidade da falência, morte, sexualidade, masculinidade e busca de significado. A mulher com a ditadura da estética, com o envelhecimento e a busca de segurança, entre outras coisas.

Obviamente ter alguém com quem compartilhar nossa história, ainda que num nível superficial, ajuda no equilíbrio emocional. A Bíblia afirma que “melhor é serem dois do que um, porque há melhor paga pelo seu trabalho. Se um cair, o outro o levantará. Ai, porém do que estiver só, pois se cair, ninguém o levantará”. No entanto, condicionar a alegria a alguém pode ser uma tragédia ainda maior. Temos que resolver as necessidades, independentemente, sendo solteiro ou casado. Ninguém resolve o seu problema, a não ser você mesmo (e Deus!).



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