quarta-feira, 14 de setembro de 2005

Investir em Gente

Um dos conceitos mais importantes para o mundo da liderança é entender o valor do ser humano e a importância de se investir em vidas.
Não tenho dificuldade nenhuma em pensar em Jesus como grande líder, não apenas pelo fato de ser cristão, mas por perceber a extensão e profundidade que sua liderança produziu no caráter e mente de milhares de pessoas, atualmente cerca de 2 milhões de pessoas no mundo consideram-se cristãs. Hunter no seu interessante livro "O monge e o executivo", faz questão de frisar estes aspectos fortes da liderança na vida de Jesus ressaltando alguns pontos na abordagem de Jesus que ele chama de "A essência da liderança".
Qual foi a ênfase de Jesus no seu estilo de liderança? Investimento em gente!
Durante 3 anos de seu ministério investiu o seu tempo, de forma maciça e intencional, no treinamento de 12 homens. Foram três anos de caminhada com aquelas pessoas, algumas delas extremamente rudes no trato, arrogantes em suas pretensões, infantis nos seus projetos e equivocadas quanto ao propósito de Jesus. Mas Jesus realmente investiu nelas.
Durante este tempo, Jesus não construiu uma estrutura, não fez construção, não levantou nenhuma parede. Não teve sede, nem escritório de planejamento mas investiu neste capital humano e aquele grupo, com toda sua fragilidade, tornou-se a base e a estrutura para a solidificação da maior religião que atualmente existe no planeta. Sua preocupação básica sempre foi com pessoas, ele queria mudar vidas e investiu na educação do caráter, incutindo naqueles homens simples uma idéia de grandeza e os encharcou de sonhos e visões aparentemente utópicos, mas aqueles homens entenderam a mensagem.
Investir em gente nem sempre é fácil, como afirma George Keller: "A idéia de se investir em capital humano é difícil de apreender, difícil de ser medida com exatidão e radical em suas implicações (...) os lucros do investimento em uma pessoa produzem-se lentamente e não com rapidez, como os dividendos de uma ação".
Temos que entender que a grandeza de uma nação não está na obras faraônicas que produz, mas no investimento que faz nas pessoas. Alguns anos atrás uma campanha populista foi desencadeada pelo governo de Goiás que fazia propaganda por terem construído 1000 salas em um ano, mas enquanto se gastava recursos neste projeto, os professores continuavam esquecidos, mal treinados, com salário de fome e tendo que dar o melhor de si, com salários atrasados e situação de miséria.
Temos que descobrir esta grande verdade: A chave do desenvolvimento social está diretamente ligada ao investimento que fazemos na vida das futuras gerações. Se tivermos ousadia para gastar em vidas, o retorno estará garantido. Construções e monumentos não geram vidas, apenas vidas têm o poder de gerar vidas.
Obras são necessárias, mas não prioritárias. Nada pode substituir o investimento de fazer das pessoas nosso principal valor. Alfred Marshal, grande economista inglês do final do século XIX afirmou que "o mais valioso capital é o investido em seres humanos". Será que algum dia vamos descobrir o significado desta grande verdade?
Pagamos mal, assalariamos mal, compramos máquinas que custam milhões de dólares para serem rodadas por pessoas que ganham míseros reais. Nos esquecemos que nenhuma obra funciona sem obreiros, e que nenhuma sala de aula funciona por si só. Podemos ter obreiros sem obra e professores sem salas de aula, mas jamais esta situação poderá ser invertida!

Nenhum comentário:

Postar um comentário