sábado, 13 de maio de 2023

Consciência



 

É importante ter uma consciência pura, perdoada e restaurada, mas já é um bom ponto de partida, ter consciência. Ela é uma espécie de superego que revela e denuncia o mal que praticamos, e não permite que aceitemos como normal aquilo que é mal e abjeto. A consciência é a presença de Deus nos homens, é o sinal de que ainda existe saúde espiritual, que infelizmente não se encontra em todos seres humanos. O psicopata e o sociopata, são as expressões mais agudas de um ser sem consciência, mas existem níveis menores deste mal presentes em pessoas que não se encaixariam nesta categoria de “seres degenerados”, mas que se manifestam em pessoas comuns, pais, mães, filhos, empresários, trabalhadores, clérigos, professores, e que precisam ser ajustados por uma consciência boa e saudável.

 

Na verdade, “nossos melhores momentos, ocorrem quando estamos nos sentindo desconfortáveis, tristes ou vazios, porque apenas nestes momentos quando somos impelidos pelo desconforto, é que somos capazes de aprofundar nossas raízes e procurar novos caminhos e respostas mais autenticas.” (Scott Peck) Um homem sem consciência não se sentirá incomodado por nada que faça, mesmo quando comete vileza, imoralidade ou se entrega a mentira. Na verdade, o homem sem consciência enfrenta um grande dilema: Ele nunca vai poder perdoar a si mesmo, porque ainda que seja culpado ele recusará a ideia da culpa. Se não há culpa, não há perdão. Desta forma ele é preso na armadilha de uma consciência que não funciona.

 

Isto pode ser explicado por um incidente histórico. Um bondoso clérigo cuidava de um leprosário e investia tudo que era possível para minimizar a dor e o isolamento daquelas pessoas. Ele levantava recursos, para implementar melhorias na instituição, cuidava pessoalmente das pessoas, trazia palavras de consolo e ajudava a cuidar das feridas. Um dia, ao carregar um balde com água fervendo, ele perdeu o equilíbrio e a água quente caiu em suas pernas queimando-o severamente. Ele começou a chorar, as pessoas se aproximaram e alguém lhe perguntou: “Está doendo muito?” E ele respondeu: “Não. Não está doendo nada!” -“Então, por que chorar?” E ele disse: “A falta de dor é o meu maior problema, acabei de descobrir que contrai a lepra.”

 

Não é a dor da consciência culpada que deve nos incomodar. Embora reconheçamos que existe muita culpa neurótica e destrutiva, na maioria das vezes, a culpa é um santo remédio que nos impede de avançar no mal e continuar na prática do erro. O grande mal não é ter culpa, a grande ameaça é a ausência dela. Como bem afirmou Camillo Castelo Branco:” A consciência é a inspiradora dos deveres, canção da piedade, da humanidade e de outras virtudes, deveres e obrigações da reta razão.” A consciência é a presença de Deus nos homens, é a austera filha da voz de Deus, por isto “é a esposa da qual ninguém pode se divorciar” (Sócrates). Precisamos estar alertas ao autoengano, e à capacidade de endurecimento da consciência que após sucessivas atos, pode perder a sensibilidade e cauterizar.

 

 

 

 

 

 

 

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