terça-feira, 14 de março de 2017

Mentalidade de consumo

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Esta é a época do consumidor. 
Afinal, o cliente não tem sempre razão?

Certa empresa americana recebeu a reclamação de um cliente dizendo que havia comprado quatro pneus, mas não estava satisfeito, e queria devolvê-los. O vendedor chamou o gerente, que assinou a devolução. Ele foi ao caixa e recebeu sua grana de volta.

Este episódio seria cotidiano, exceto por um detalhe: Aquela empresa não vendia pneus. Quando o assunto chegou à diretoria, o gerente foi elogiado, pois um cliente satisfeito normalmente compartilha isto com uma pessoa, mas quando está insatisfeito, fala para outros onze.

Qual é o perigo da mentalidade de consumo?

Facilmente transferimos esta forma de lidar com mercadorias, projetando-a em pessoas, e assim construímos relacionamentos baseados em conforto e bem estar, e não em compromisso, responsabilidade e cuidado mútuo.

É fácil se tornar um consumidor nos relacionamentos humanos. É comum vermos pessoas se aproximando das outras tendo apenas amizades funcionais, assim, enquanto encontram vantagens são amigas, mas quando torna-se necessário encorajar e apoiar, tal relação é rompida e a pessoa é descartada.

Na esfera comercial, fala-se hoje de obsolescência industrial. Um produto é feito para durar um tempo curto, e não para durar, por isto eletrodomésticos precisam ser constantemente trocados, sendo substituídos por outro. O mesmo se dá na área emocional, já que a humanidade sofre de obsolescência afetiva, ou como Zigmunt Bauman afirmou, somos uma sociedade de “amor líquido”. As relações não tem consistência  nem são duráveis, mas passageiras e temporais. Nós não nos comprometemos com os outros, mas usamos os outros.

A família sofre direta e recorrentemente deste mal. Casais não se comprometem para cuidar, mas para receber benefícios. Enquanto vale a pena e há proveito, o relacionamento é mantido, mas qualquer sinal que leve ao sacrifício e doação, torna-se uma razão para que o relacionamento seja interrompido.

Até mesmo na religião tem surgido o consumismo religioso. As pessoas não se aproximam de suas comunidades perguntando como podem servi-las, mas olhando qual beneficio poderão receber. O propósito não é servir, cuidar, ajudar, cooperar, mas receber e levar vantagem, e, se a “mercadoria” não parece boa, muda-se a prateleira e busca-se outro “shopping espiritual” para satisfazer a insaciabilidade do consumo.


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É importante refletir no fato de que a doação, o compromisso e o sacrifício, apontam para aspectos mais profundos da alma. Relacionamentos significativos florescem em compromissos sólidos, enquanto o consumismo sufoca relacionamentos autênticos. Quando a mentalidade de consumo é desmascarada, a pessoa entende que é responsável, e para quem é responsável. Quem quiser criar uma cultura de relacionamentos profundos e duradouros, precisa aprender a se comprometer e doar.

Um comentário:

  1. A SUPERFICIALIDADE É UMA DURA REALIDADE QUE VEM ASSOLANDO OS RELACIONAMENTOS HUMANOS.
    PARABÉNS PELO TEXTO!
    jULIO SEVERINO

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