quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Solidão antropológica


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Embora o homem moderno esteja se tornando cada vez mais solitário e distante, a ancestralidade orienta a raça humana à comunidade. Fomos feitos para viver em grupos, e não separadamente.

Você jamais verá um homem primitivo, alijado ou separado socialmente de um clã. O homem da caverna vivia em grupos familiares, e os selvagens dos lugares mais remotos viviam em aldeias, partilhando a comida, copulando, criando filhos e protegendo-se mutuamente. Em algumas culturas, até mesmo a criação de filhos era algo comunitário. Viver de forma solitária é uma impossibilidade antropológica, antes de ser sociológica ou religiosa. As pessoas viviam em agrupamentos, aglutinados pelos deuses, símbolos e linguagem.

A sociedade atual, porém, contrariando toda sua matriz, tem insistido na privacidade. Quer viver do seu jeito, lutando pelos seus interesses, sem considerar a profícua experiência de viver comunitariamente. Boa parte das doenças mentais e neuroses tem surgido, deste desatinado estilo de viver do homem moderno. Já imaginaram um homem das cavernas tendo crise existencial, de angústia, solidão, ou crise de sentido? Podemos até pressupor a existência do medo, como uma realidade visceral e protetiva, mas estas doenças afins são resultantes do isolamento humano.

O aclamado psiquiatra Scott Peck inicia seu livro “The different drum” (O tambor diferente), declarando que a vivência em sociedade é a raiz da esperança. Ele compartilha diversas experiências de pessoas que foram curadas de neuroses ou distúrbios psiquiátricos, apenas por encontrar um grupo de apoio e encorajamento. Ele mesmo admitiu que ao atravessar período de extrema angústia, foi restaurado por encontrar uma comunidade. Esta vivência pode ser encontrada em grupos terapêuticos, grupos de interesse, grupos de “anônimos” ou em igrejas.

A caminhada solitária e privativa tem forte apelo moderno, mas tal isolamento é considerado um dos fatores predisponentes das fobias e crises ansiolíticas. Esta nova proposta de vida não é, do ponto de vista antropológico, a resposta para os anseios humanos, que busca valor e significado. Deus não fez o homem para a solidão. Afinal, não foi ele mesmo quem afirmou “não é bom que o homem esteja só?”


Viver em grupo exige paciência, respeito e perdão. Eventualmente as regras impostas são despropositais e equivocadas, entretanto, na caminhada humana social, na comunicação, no olhar, no toque, na experiência familiar e comunitária, vamos sendo tratados e humanizados. Resgatamos nossa dimensão antropológica perdida. Relacionamentos são fonte de desgaste, mas também de cura; causam de dores, mas redimem. A caminhada solitária tem trazido muita doença emocional e predispõe inexoravelmente da raça humana à extinção. 

A sabedoria milenar confirma isto: “Melhor é serem dois do que um. Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porem, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante”.  

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