quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Sociedade de Ostentação


Dezesseis jovens de classe média em Brasília foram presos numa operação policial deflagrada no dia 29 de Setembro, e o que chamou a atenção foi o fato que eles roubavam com o propósito de ostentar, não queriam “ficar ricos”, mas gastar, demonstrar luxo e riqueza, ter diversões caras.

O estilo musical denominado “funk ostentação”, tornou-se um verdadeiro fenômeno nacional, idolatrado por adolescentes da periferia. Os heróis deste movimento são garotos que exaltam a riqueza e o luxo. Eles deixaram de querer uma bicicleta, bola e patins e aspiram carros importados, baladas e camarotes. Trata-se de uma geração obcecada pelo consumo, buscando aceitação social.

Estes jovens representam o lado mais trágico da cultura hedonista e capitalista, vangloriam-se das condições materiais que conquistam e extrapolam a utilização de símbolos do poder na sua nova posição. Eles massificam a ideologia do mercado e a lógica do capital, fazendo crer que realização pessoal e felicidade estão relacionadas às conquistas financeiras. A regra é: Consumo, logo existo!

Zigmunt Bauman, filosofo polonês chama esta tendência de “auto- definição do indivíduo líquido moderno”. Numa sociedade de consumo, a identidade a ser mantida é uma fonte inesgotável de capital, com jóias caras e roupas de grife. “É obsceno, mas é bom ter algo que poucos têm”. (Jung Sung, A espiritualidade da cultura de consumo).

Consumismo é algo controvertido. Necessidades e desejos podem ser facilmente confundidos. Muitas vezes adquire-se um produto por mero capricho, para obter certo status, ou até mesmo por uma compulsão irrefreável à compra. Certa mulher comprou um sapato em São Paulo, com sentimento de que algo estava estranho, e ao chegar em casa, descobriu que já tinha comprado aquele mesmo sapato anteriormente, mas não se lembrava porque tinha mais de 200 pares.

Consumismo tem uma relação de concorrência, e o valor não está naquilo que você precisa ou quer, mas naquilo que sabemos que os outros querem ter. Isto gera um sentimento de inveja no outro. Popularmente se diz: “Mulher não se veste para os homens, mas para provocar as outras mulheres”. O sentimento de rivalidade estimula a fazer qualquer coisa para ter o que o outro tem, ou para ter o que o outro não tem. O marketing tenta fazer exatamente isto: Criar um sentimento de que você não tem valor sem determinado produto.
Esta mensagem faz sentido nos corações vazios e no desejo de sermos reconhecidos pelos outros, dando falsa impressão de que assim recuperaremos a auto estima, e preencheremos o senso de vacuidade e falta de propósito em nossa vida. A sociedade de ostentação confunde porque faz crer que o importante não é termos necessidades vitais satisfeitas, mas é necessário satisfazer desejos, comprando coisas que não precisamos, com dinheiro que não temos, para impressionar pessoas que não gostamos.


Dois princípios espirituais são importantes. Jesus afirmou: “A vida de um homem não consiste na abundância de bens que ele possui”. Isto é tão óbvio e direto, mas lamentavelmente não colocamos em prática. Segundo, “Uma vida consagrada traz lucro, mas esse lucro é a rica simplicidade de ser você mesmo na presença de Deus” (1 Tm 6.6- A Mensagem). Sermos conduzidos pela ostentação é uma grande armadilha. Gastar compulsivamente tem o mesmo princípio destrutivo do usuário de drogas. Você vai precisar de doses cada vez mais fortes – ao mesmo tempo em que ficará cada vez menos satisfeito. 

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