quarta-feira, 4 de julho de 2012

Por que os homens não crêem?

O Evangelho de João é o mais denso e profundo entre todos. Enquanto os demais se concentraram nas narrativas dos milagres, curas e atos de Jesus, os escritos joaninos deram ênfase aos discursos elaborados de Jesus. Em Jo 12.37-43, o evangelista dá duas explicações para a incredulidade e dúvida que pairava no coração dos ouvintes de Jesus, apesar de todas as evidências e milagres. A primeira razão era de natureza teológica; a segunda, prática. Natureza Teológica – O texto afirma que Deus “Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos, nem entendam com o coração, e se convertam, e sejam salvos” (Jo 12.40). Então, muitos não creram por causa da eleição divina, pelo misterioso propósito de Deus de fazer apenas os seus escolhidos crerem. Esta afirmação é confirmada nos discursos de Jesus: i. Quando Pedro fez sua declaração de fé acerca da identidade de Jesus, ele lhe disse: “Bem aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne nem sangue quem te revelou, mas meu Pai que está nos céus” (Mt 16.17). ii. Jesus afirma peremptoriamente: “Não fostes vós que me escolhestes a mim: pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto” (Jo 15.16). Salvação é obra de Deus. A mesma visão encontra-se em muitos outros textos do Novo Testamento: i. Em At 13.48, no relato inspirado lemos: “E creram todos quantos haviam sido destinados à vida eterna”. ii. Em 2 Ts 3.2: “Porque a fé não é de todos”. iii. No controvertido texto de Rm 9, Paulo afirma: “Logo, tem ele misericórdia de quem quer, e também endurece a quem lhe apraz” (Rm 9.18). iv. O autor aos hebreus afirma que Jesus é o autor e consumador de nossa fé (Hb 5.9). Natureza prática: O segundo aspecto mencionado no texto de João é que alguns creram (fé não salvadora), mas não se comprometeram para não perderem benefícios humanos. Temiam ser expulsos da sinagoga, e queriam a reputação social e aceitação pública que recebiam. O problema destas pessoas é que “amaram mais a gloria dos homens do que a glória de Deus” (Jo 12.43). Neste caso, estavam convencidos da divindade de Cristo, tinham assertividade intelectual, mas não o seguiram porque isto implicava em perder privilégios humanos. Concluindo podemos afirmar: Fé é dom de Deus. O Espírito Santo é quem no-la concede. Faz parte dos decretos de Deus. Também é necessário que se pague o preço. Aquele que considera a glória humana mais importante que a de Deus, nunca se tornará um discípulo de Cristo.

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