terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Envelhecendo com qualidade de vida

Na próxima semana meu querido pai estará completando 77 anos, com excelente saúde. Quando ele fez 70 anos, todos os filhos estavam presentes e quase todos os netos. Então, nos reunimos e lhe perguntamos se ele ainda era capaz de caminhar com os pés levantados para cima, usando apenas a força do braço, proeza esta que nenhum dos filhos e netos é capaz de fazer. Com cuidado, nós os filhos ficamos ao redor dele, e ele ainda conseguiu se equilibrar. Fantástico!
Não basta envelhecer. É necessário envelhecer bem. Não basta somar muitos anos, eles precisam ser de boa qualidade.
É possível que envelheçamos mal. Jacó na sua velhice foi indagado sobre sua idade e ele respondeu: “poucos e maus foram os dias dos anos de minha vida” (Gn 47.9). Muitos são aqueles que na velhice tornam-se ranzinzas, mau humorados e intragáveis. Justificam sua rabugice pela idade, doença, incompreensão e mudança de geração.
Muitos, porém, envelhecem com graça e bondade. Aprenderam a desfrutar cada momento de sua vida, descobriram alternativas simples para compartilhar a família, amigos e comunidade. Conseguiram, de alguma forma mágica, o encanto da vida. Aprenderam a celebrar a experiência da longevidade como uma dádiva celeste, e a serem sábios sem acharem que são o “Dr. Sabe-tudo!”
Jovens, amigos e crianças se aproximam de tais pessoas, porque possuem algo de sublime. Assim a bíblia descreve Abraão, o patriarca bíblico: “Era Abraão já idoso, bem avançado em anos, e o Senhor em tudo o havia abençoado!” (Gn 24.1).
A velhice nos dá apenas 2 alternativas: (a)- Desistência e morte; (b)- Plenitude e celebração. Na primeira, desistimos da vida, entregamos o ponto e nos rendemos. Na segunda, entendemos os limites que a idade impõe e descobrimos novas e criativas alternativas para continuar vivendo de forma significativa. A espiritualidade é uma destas formas.
Cora Coralina começou a escrever poesia aos 65 anos. As poesias que antes escrevera foram rasgadas pelo pai e pelo marido. Moisés foi chamado para liderar o povo de Deus aos 80!
Encontrar celebração na fé, no exercício comunitário, nas orações, na poesia, na música, nas amizades e na família é um dos fatores que mais enriquecem a vivência nesta fase da vida. Não é necessário dizer como Calebe: “Estou forte ainda hoje (aos 80 anos), como no dia em que Moisés me enviou” (Js 14.11), mas podemos ter a mesma atitude de vitalidade de Calebe e perceber a benção de Deus sobre sua vida, como fez Abraão.

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