quarta-feira, 14 de junho de 2006

Esporte e Cultura

Sempre vi o esporte como uma expressão da arte de um povo. Cultura e esporte estão sempre muito próximos um do outro. Com muita propriedade alguém já afirmou que o esporte não forma o caráter, apenas o revela.
Quando morei fora do Brasil fiquei impressionado com algumas características do esporte na cultura americana, e talvez, a partir desta leitura, tenha compreendido um pouco do pensamento americano e brasileiro.
Já viram quais são os esportes com maior poder de penetração na cultura americana? Sempre me impressionei com o wrestling, ou luta livre. Os estádios lotados, ingressos vendidos antecipadamente, canais de TV por assinatura transmitindo os eventos e milhares de americanos simplesmente apaixonados com aquela luta simulada. Se você disser que a luta livre é simulada, eles contestarão você. Afinal de contas, é uma luta. Todos sabem que os lances são treinados cuidadosamente e que, apesar da força daquele esporte, trata-se de uma luta simulada. Não para muitos americanos que crêem tratar-se de algo de vida e morte.
Não seria isto uma revelação da hipocrisia americana? A experiência parece dizer que sim. Pense num exemplo simples: Você pode beber uma cerveja na rua, desde que sua garrafa esteja dentro de uma sacola que não revela o rótulo. Se você resolver retirar a garrafa da sacola, pode ser abordado por um policial, mas se você bebê-la sem estampar o que tem dentro dela, tudo estará bem. Neste caso, esporte e cultura não estariam ai se mesclando?
Pense noutro esporte americano: O Football, ou como simplesmente chamamos de futebol americano: Um esporte de força e rapidez. Isto não revelaria um pouco da cultura que gosta de ser troglodita, trombar e lutar? Não estaria aí a gênese da sede de domínio, e a intrepidez para brigar, características estas marcantes na cultura americana?
Pense ainda no basquete, esporte no qual eles possuem a supremacia sobre outras nações. Sem dúvida, não há competidor para o nível de técnica que eles possuem. Sua habilidade técnica e precisão é algo surpreendente. Não seria isto um traço do povo americano? Uma forma de pensar e agir? De construir grandes impérios, empresas e administrar a vida?
Bem, como estou aqui tentando escrever um ensaio um tanto quanto filosófico, deixe-me arriscar alguns palpites sobre o Brasil e sua relação de paixão com o futebol. Por que ele é tão popular entre nós? Porque o mundo fica tão embasbacado com a qualidade técnica de nossos jogadores? O futebol não revelaria um elemento também cultural?
Creio que sim. O que diferencia o futebol é sua ginga, sua malandragem, seu passo desconcertante, o jeito inesperado e diferente de fazer as coisas. É o jeitinho brasileiro, de sempre querer fazer que vai mas não vai, dar a impressão de que é mas não é? Lamento informar mas os nossos gordos congressistas parecem demonstrar toda esta habilidade para o drible, para a malandragem, para a ginga. Embora não o possam fazer isto fisicamente por causa de sua característica marcantemente obesa, o fazem com galhardia no que diz respeito à dignidade e ao bem público.

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