quarta-feira, 8 de junho de 2005

A Tirania do Ódio

O ódio é um mau conselheiro. Ai daqueles que se tornam presas deste vilão hediondo. Não raramente tenho encontrado pessoas "amargas, penduradas no passado", sendo orientadas pela angustiante tirania deste sentimento. Conheci um homem que esteve preso durante 29 anos pelo sentimento de vingança, até que um dia ele a satisfez, matando o outro que o ferira. Mas o seu coração não resolveu a dor através do assassinato: Ele continua amargo e até onde sei experimenta o fel da raiva e da amargura mesmo depois de ter "satisfeito sua ira".

Alguém afirmou que odiar é tomar um copo de veneno, pensando em matar o outro. Outra comparação que me vem à memória é a da pessoa que, consumida pelo ódio, faz uma tentativa de aprisionar o ofensor no peito para mantê-lo encarcerado, no entanto, o outro está livre, o dono da gaiola é que está preso.

Normalmente as pessoas não admitem que odeiam. Ódio é uma palavra forte e é politicamente errado admitir tal sentimento. Por isto o ódio vai assumindo outras roupagens em nós: Descaso, desprezo, depreciação, andam de mãos dadas neste processo dolorido de nossa alma. Indiferença é uma das suas linguagens mais sofisticadas.

O ódio surge por causa da dor que pessoas ou circunstâncias nos causaram. Quando não encontramos uma figura objetiva em quem jogar a culpa, passamos a odiar a nós mesmos, nossa família, nosso destino e até mesmo a Deus. Muitas pessoas têm raiva de si mesmas, e outras tantas de Deus.

Só existem dois caminhos para o ódio: Uma vida de inferno, marcada pelo ressentimento, culpa, tristeza ou o perdão. O problema é que no perdão, a pessoa que resolve libertar o outro de seu peito, precisa entender que "perdoar é ficar no prejuízo", e nós não gostamos de perdas, em nenhum sentido.

No entanto, perder para ganhar é uma grande estratégia. A vida muitas vezes é assim. Nem todas as perdas são de fato perdas, e nem toda vitória realmente nos faz vencedor. Perdoar, colocar na conta passiva, esquecer a ofensa é realmente algo maravilhoso para quem dá, já que perdão, também é uma benção para quem o oferece.

Muitas vezes temos dificuldade para perdoar. Outras tantas, gostaríamos de perdoar e não queremos perdoar. Alguém já me disse certa vez que não sentia vontade de perdoar, uma vez que a ofensa fora tão forte. Então sugeri a esta pessoa que orasse a Deus nos seguintes termos: "Deus, tu sabes que eu não quero perdoar, mas gostaria tanto de querer". Neste caso, não ora para perdoar ainda, mas ora para que o coração e a vontade se liberte para o perdão. Quem vence o ódio, liberta sua vida para recomeçar, para construir um novo momento, para poder sonhar. Quem não consegue fazê-lo, certamente continuará escravizado pela tirania dor ressentimento que dele advém.

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