Bill
Hybels, conhecido conferencista cristão participava recentemente participou de
um funeral que ele considerou um dos mais difíceis momentos de sua vida. O
melhor amigo de seu filho, de apenas 20 anos de idade, sofreu um acidente de
carro e veio a óbito. Embora os pais do garoto não fossem da sua comunidade,
ele conhecia a família e decidiu ficar ao lado deles, solidário à dor que
sofriam, e também triste por ver uma vida sendo interrompida de forma tão
abrupta.
No
funeral, a tônica foi a ausência de qualquer esperança. Até mesmo o oficiante
do funeral terminou o ato de forma desoladora. “Pois foste formado do pó, e ao
pó tornarás”. A vida parecia ser apenas um chiste, algo lacônico e bizarro. O
pai daquele moço veio na sua direção, abraçou-o fortemente e disse em voz alta:
“Pastor, a vida não pode acabar assim” e pediu para que orasse por eles. Então ele
foi à frente e disse: “Hoje estamos nos despedindo do Clark, o caminho que ele
fez, é o caminho que todos faremos. Estamos nos despedindo dele mais cedo do
que queríamos ou esperávamos. Mas não será para sempre, todos nós um dia
poderemos nos encontrar com o Clark. A vida dele não acaba num túmulo frio, mas
nos braços de um Pai amoroso”.
Tenho
pensado na frase deste pai: “A vida não pode acabar assim”.
Muitas
vezes olhamos para a vida e nos resignamos, aceitamos o fracasso de forma
passiva, nos rendemos ao desespero sem luta, nos entregamos sem esboçar reação,
nem sequer oramos para que as coisas mudem e sejam diferentes. Vemos casamentos
acabando e desistimos com facilidade; nossos filhos se perdendo e nos
resignamos; a corrupção e a imoralidade se tornando banais, o desrespeito à
vida parte do cotidiano. Nos tornamos apáticos, as agressões se sucedem e
deixamos para lá de forma indiferente; não nos desafiamos para um engajamento e
nem acreditamos que as coisas melhorem e mudem o rumo, achamos que pó e cinzas
são de fato o destino final – somos tomados pelo pessimismo e falta de fé e
caminhamos para o abismo sem nos incomodarmos. No entanto, as coisas não
precisam acabar desta forma.
Existe uma
antiga oração que diz: “Senhor, dá-me forças para mudar as coisas que precisam
ser mudadas; paciência para suportar aquelas que não podem ser mudadas; e
sabedoria para discernir entre elas”.
Obviamente
que nos misteriosos e enigmáticos planos de Deus, há realidades que não podem
ser mudadas, que não dependem de nosso esforço ou garra, da luta ou
perseverança, mas existem outras, que requerem de nós um pouco de vergonha e
brilho nos olhos, que demandam uma resposta de coragem e dependem de ousadia e tenacidade.
Precisamos enfrentá-las, e não apenas receber o diagnóstico final e
aquietarmos. Muitas questões exigem ação e reação, não podemos simplesmente
aceitar e calar.
Mesmo
diante de fatos que não podem ser mudados, precisamos ter esperança. A morte é
uma delas. Morte não é ponto final para aqueles que crêem, mas passagem de uma
vida para outra. A vida vai além da realidade transitória de nossa fugaz
existência. O ladrão ao lado de Cristo na cruz, vendo o fim se aproximar,
conseguiu fazer uma ousada oração de esperança: “Senhor, lembra-te de mim
quando vieres no teu reino”, e Jesus lhe deu uma resposta encorajadora: “Hoje
mesmo estarás comigo no paraíso”.
A vida não
pode ser um eterno réquiem, nem pode se resumir à marcha fúnebre. Precisamos
trazer à memória aquilo que pode nos dar esperança e prosseguir. A vida não
pode acabar assim...