Na
selva amazônica existe um cipó chamado pelos espanhóis de “el matador”, o que realmente faz juz ao
nome que recebe. Ele nasce na raiz das árvores e inicialmente não parece ser
uma ameaça, mas à medida que vai crescendo, enrola-se no tronco indo até o topo
e quando o alcança, dá uma linda flor, como que coroando sua conquista e a
árvore é sufocada até sua eventual morte.
Muitos
hábitos agem da mesma forma. Surgem com aparência inocente, mas vai assumindo o
controle, sufocando a espontaneidade e alegria e aprisionando. É uma luxúria
aqui, um desequilíbrio financeiro acolá, uma brincadeira maliciosa cá, uma
rodada divertida de jogos e apostas com dinheiro, uma pequena indiscrição e
quando percebemos estamos envolvidos em destrutivos vícios que pareciam tão
inofensivos e que agora aprisionam.
Na
verdade, nunca encontraremos uma pessoa na ruína que não tenha começado com
pequenas concessões e nunca acharemos alguém que, propositalmente, desenvolveu
hábitos para se destruir.
Uma
pessoa não entra em aventuras amorosas fora do casamento pensando que isto vai
destruir sua família e causar muitas dores; ninguém se envolve em apostas de
azar sabendo que vai comprometer seus recursos financeiros; o drogado não
começa sua longa e dolorida via crucis de
antemão projetando dor e angústia; ninguém deseja se tornar viciado em
pornografia ao começar seus pequenos clicks;
a pessoa que abusa de sua ira e descontrole emocional, não imagina quanto
sofrimento psicológico vai causar aos seus filhos e quanto prejuízo no seu
trabalho, nem o alcoólatra se envereda por esta tortuosa via buscando uma
existência de desgraça.
Hábitos
e atitudes, assim como o “el matador”, crescem gradualmente. O estrangulamento
não acontece de uma hora para outra, existe um processo até o desfecho. Os
movimentos são lentos e quase nunca temos consciência da cilada em que estamos
até que os efeitos deletérios de nossas decisões sejam manifestos.
A
ajuda de Deus para quem se sente estrangulado e preso em tais armadilhas é
crucial. Ore a Deus para ter a percepção destes riscos ao redor e saber se
defender e esquivar deles, afinal, “Os pecados são
mortais, não porque Deus matar, mas porque eu morro deles. Deus proibiu os sete
pecados não por exigência de perfeição, mas apenas por piedade de nós” (Clarice
Lispector).
George R. R. Martin, autor da conhecida série
Guerra dos tronos afirmou: “Nem mesmo
o cavaleiro mais leal, pode proteger um rei contra si mesmo... Se um homem
pinta um alvo no peito, deve esperar que mais cedo ou mais tarde, alguém lhe
envie uma seta”.
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