Khaled Hosseini, romancista e médico afegão, em seu livro “Caçador de
pipas”, fala dos horrores vividos pelo seu país, Afeganistão, regido pelos
Talibãs, um grupo de fanáticos religiosos de extrema direita, que impunha lei
marcial, e se considerava além de qualquer julgamento moral ou legal, pois se
auto-intitulavam “os guardiões da lei e da moralidade”. Com medo de perder a
própria vida, mesmo diante dos flagrantes abusos morais, pedofilia, corrupção e
julgamentos de exceção, ninguém podia falar nada.
Em
Brasília, são famosas as “carteiradas”, de líderes políticos ou magistrados, do
tipo “você sabe com quem está falando?”, cujo objetivo claro é o de constranger
policias que procuram manter a ordem do trânsito ou postura em lugares
públicos. Mesmo pessoas ligadas a embaixadas, portanto vindos de outros países
dominados por sistemas autoritários, chegavam ao extremo de se julgar além do
bem e do mal, e acreditar, de fato, que não precisavam se sujeitar à lei. São
os intocáveis!
Em
Anápolis, manifestações de grupos minoritários parecem estar procedendo da
mesma forma. Ao falar deste tema, precisamos lembrar que não devemos julgar o
todo pelas partes, Na última passeata gay, um rapaz ligado ao movimento,
resolveu que tinha o direito de andar nu, sem qualquer constrangimento, pelas
ruas da cidade. No último sábado, dois rapazes se julgaram no direito de trocar
caricias, um sobre o outro, no Parque Ipiranga, beijando-se, talvez para
demonstrar que tem direito de se expressar, sem considerar que estavam num
local público. Apesar do constrangimento generalizado, todos temiam dizer
qualquer coisa, com medo de serem acusados de homofobia. São pessoas que se
julgam intocáveis.
Religiosos,
políticos, ricos e pobres, indígenas ou qualquer outro grupo não pode estar
acima da lei. A justiça não isenta nem mesmo aqueles que aplicam a lei:
policiais, fiscais, inspetores, promotores, juízes, padres e pastores,
adolescentes. Todos estão debaixo do mesmo código de postura e bom senso.
Afinal, prudência e caldo de galinha, discrição e bom senso, nunca fizeram mal
a ninguém.
“A lei
abre os olhos, a lei tem pudor, e inspeta seu próprio inspetor” (Chico
Buarque). Não é o rei que é a lei, é a lei que é o rei (Knox). A justiça é auto-aplicável
e precisa ser assim exercida. Qualquer grupo que decida radicalizar suas
posturas e ultrapassar a fronteira do bem comum e da civilidade, deve ser
enquadrado. Isto se aplica a heterossexuais ou homossexuais. Se um rapaz e uma
moça querem ter carícias intimas, precisam encontrar lugar apropriado para a
intimidade. Que isto fique bem claro!
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