Dezesseis
jovens de classe média em Brasília foram presos numa operação policial deflagrada
no dia 29 de Setembro, e o que chamou a atenção foi o fato que eles roubavam
com o propósito de ostentar, não queriam “ficar ricos”, mas gastar, demonstrar
luxo e riqueza, ter diversões caras.
O
estilo musical denominado “funk ostentação”, tornou-se um verdadeiro fenômeno
nacional, idolatrado por adolescentes da periferia. Os heróis deste movimento
são garotos que exaltam a riqueza e o luxo. Eles deixaram de querer uma
bicicleta, bola e patins e aspiram carros importados, baladas e camarotes.
Trata-se de uma geração obcecada pelo consumo, buscando aceitação social.
Estes
jovens representam o lado mais trágico da cultura hedonista e capitalista,
vangloriam-se das condições materiais que conquistam e extrapolam a utilização
de símbolos do poder na sua nova posição. Eles massificam a ideologia do
mercado e a lógica do capital, fazendo crer que realização pessoal e felicidade
estão relacionadas às conquistas financeiras. A regra é: Consumo, logo existo!
Zigmunt
Bauman, filosofo polonês chama esta tendência de “auto- definição do indivíduo
líquido moderno”. Numa sociedade de consumo, a identidade a ser mantida é uma
fonte inesgotável de capital, com jóias caras e roupas de grife. “É obsceno,
mas é bom ter algo que poucos têm”. (Jung Sung, A espiritualidade da cultura de consumo).
Consumismo
é algo controvertido. Necessidades e desejos podem ser facilmente confundidos.
Muitas vezes adquire-se um produto por mero capricho, para obter certo status,
ou até mesmo por uma compulsão irrefreável à compra. Certa mulher comprou um
sapato em São Paulo ,
com sentimento de que algo estava estranho, e ao chegar em casa, descobriu que
já tinha comprado aquele mesmo sapato anteriormente, mas não se lembrava porque
tinha mais de 200 pares.
Consumismo
tem uma relação de concorrência, e o valor não está naquilo que você precisa ou
quer, mas naquilo que sabemos que os outros querem ter. Isto gera um sentimento
de inveja no outro. Popularmente se diz: “Mulher não se veste para os homens,
mas para provocar as outras mulheres”. O sentimento de rivalidade estimula a
fazer qualquer coisa para ter o que o outro tem, ou para ter o que o outro não tem.
O marketing tenta fazer exatamente isto: Criar um sentimento de que você não tem
valor sem determinado produto.
Esta
mensagem faz sentido nos corações vazios e no desejo de sermos reconhecidos
pelos outros, dando falsa impressão de que assim recuperaremos a auto estima, e
preencheremos o senso de vacuidade e falta de propósito em nossa vida. A
sociedade de ostentação confunde porque faz crer que o importante não é termos
necessidades vitais satisfeitas, mas é necessário satisfazer desejos, comprando
coisas que não precisamos, com dinheiro que não temos, para impressionar
pessoas que não gostamos.
Dois
princípios espirituais são importantes. Jesus afirmou: “A vida de um homem não consiste
na abundância de bens que ele possui”. Isto é tão óbvio e direto, mas
lamentavelmente não colocamos em prática. Segundo , “Uma vida consagrada traz
lucro, mas esse lucro é a rica simplicidade de ser você mesmo na presença de Deus”
(1 Tm 6.6- A Mensagem). Sermos conduzidos pela ostentação é uma grande
armadilha. Gastar compulsivamente tem o mesmo princípio destrutivo do usuário de
drogas. Você vai precisar de doses cada vez mais fortes – ao mesmo tempo em que
ficará cada vez menos satisfeito.
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