Os
judeus ortodoxos possuem um estilo de vida muito simples e ao mesmo tempo
complexo demais para o sistema e pensamento ocidental. Apesar de serem muito
divididos em disputas e divergências internas, desde cedo os meninos e meninas
são separados nas escolas, recebendo educação diferenciada.
Na
comunidade de Jerusalém, 75% dos homens não trabalham, e o sustento é
providenciado pelo financiamento do governo e pelas esposas (eu gostei muito
disto, mas minha esposa não aprovou...) Na sua maioria dedicam-se a estudar as
leis hebraicas, principalmente a Torah (as leis de Moisés), e o Talmude (que
são as explicações que os famosos rabinos já deram na história.
Uma
família ortodoxa tem, em média, sete filhos, ainda hoje. Não há divórcio entre
eles, crimes são raros, não servem ao exército israelense nem prestam serviços
militares. Vestem-se de forma estranha, com longas roupas e esquisitos cortes
de cabelo, vivem de forma espartana, não freqüentam cinemas ou restaurantes,
não viajam, não tem TV em casa, computador ou internet.
Ao
observarmos o seu comportamento, a reação imediata é a de que tais pessoas não
têm vida, pois não possuem lazer e vivem de forma restritiva, mas ao discutir
com pessoas eruditas, estudiosos e terapeutas, chegamos à seguinte questão:
Como seria viver sem ter que lidar com as preocupações e tensões diárias, sem a
ansiedade que nos cerca tão vorazmente hoje em dia? A luta pela sobrevivência,
a competitividade do mercado? Como seria viver sem ter que fazer escolhas e sem
a angústia da liberdade,?
Uma
das grandes angústias modernas é a da decisão, isto implica em viver de forma
livre e assumindo as conseqüências das escolhas. Esta é a realidade de viver numa
sociedade pluralista, com um emaranhado de opções. Viver sem opções pode não
ser o melhor dos mundos, mas a grande fonte de ansiedade atual reside no fato
de que somos seres livres. Nossos filhos são constantemente expostos a tais
angústias: Que faculdade cursarão? Onde trabalharão? Com quem se casarão? Podem
ter sexo ou não antes do casamento? podem divorciar? Que valores espirituais?
Tudo isto é reflexo da liberdade, mas é também a raiz de grandes angústias.
Ao
mesmo tempo, poder escolher é o caminho da liberdade e da maturidade. Não fazer
escolhas e viver numa sociedade uniforme pode não gerar angústia, mas não gera
crescimento emocional. Tomar decisões exige julgamento, reflexão, avaliação dos
resultados, e tudo isto traz tensão e ansiedade.
O
que não conseguimos saber é o que é mais saudável para a saúde e a vida. O que
você acha mais salutar: ter uma vida previsível, com todas as variáveis já
decididas, ou enfrentar a crise de ser uma metamorfose ambulante? Até que ponto
o excesso de liberdade melhora a nossa qualidade de vida, e até que ponto ela
nos é prejudicial? Ter algumas regras fixas não nos ajudaria a encontrar mais
equilíbrio? Você decide!
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