Vivemos dias de grande confusão quando o assunto é a verdade. Mais do que nunca, nós nos perguntamos se existe alguma verdade e se ela pode ser conhecida. Se existe, então porque não é dita? Basta compararmos as informações da Jovem Pan com as da Rede Globo quando se trata de atividades políticas. De um lado, dispensa-se a crítica ao governo. Do outro, rejeita-se as virtudes do Planalto.
Ouvintes e telespectadores ficam então perguntando: existe verdade? Porque ela não é simplesmente dita? Certos fatos são omitidos e ignorados intencionalmente. Sabemos que há muito dinheiro e poder em jogo e, ao ouvirmos as diferentes opiniões, indagamos: "Quem está dizendo a verdade?
O que ouvimos são fatos ou narrativas?"
Essa dúvida pode nos levar ao ceticismo e cinismo. No primeiro, dizemos que não cremos em nada; no segundo, tornamo-nos ácidos e irônicos com tudo o que ouvimos. Isso se torna ainda mais complexo quando consideramos suspeitas não só as narrativas políticas, mas generalizamos o ceticismo e passamos a não crer em mais nada.
O problema se torna exponencial quando ouvimos falar de coisas espirituais e passamos a ver tudo com suspeita e incredulidade. Considere, por exemplo, o Natal. O relato sobre o nascimento de Cristo é uma narrativa ou um fato? Se for uma narrativa inverídica estamos falando da vinda do Messias apenas porque achamos bonito e interessante. Então, valendo a hipótese de não ser um fato, o evento seria uma grande mentira que deve ser rejeitada.
Agora, se for um fato, precisamos considerar
também suas implicações: algo maravilhoso e profundo aconteceu. Deus decidiu tornar-se homem e habitar entre nós. Neste menino que nasceu, o próprio Deus assumiu forma humana. Fato ou narrativa?
Uma das coisas que precisamos entender é que Jesus não é mitológico, pois sua historicidade pode ser averiguada. Estudiosos e pesquisadores têm se debruçado para averiguar a veracidade dos relatos bíblicos e há mais evidências históricas e arqueológicas sobre Jesus que acerca de Aristóteles ou Homero. Por isso a fé cristã é fatual.
Lucas, o terceiro evangelista, era médico e historiador. Ao começar a história de Cristo, escrita a pedido de uma autoridade pública de seus dias, ele afirma: “Várias pessoas se deram ao trabalho de relatar por escrito os fatos extraordinários que se passaram entre nós, que eram, ao mesmo tempo, o
cumprimento de profecias das Escrituras. Elas basearam seus relatos em testemunhas oculares que dedicaram a própria vida à Palavra. Investiguei cuidadosamente esses relatos, inteirando-me da história desde o princípio e decidi escrever tudo ao senhor, honrado Teófilo, para que não haja dúvida a respeito da confiabilidade de tudo que lhe foi ensinado.” (Lc 1.1-4)
Lucas não estava interessado em criar uma narrativa, mas em relatar os fatos, como deve ser o papel de todo jornalista e historiador sério. Jesus não é uma narrativa: Jesus é real. Sua vida pode passar pelo crivo da história e ser averiguável. Ele é digno de confiança. Nisto repousa todo o pensamento cristão. Feliz Natal!