domingo, 19 de setembro de 2021

O Negócio é ser pequeno!

 



E. F. Schumacher é um economista londrino, que na década de 70 escreveu o provocativo livro “Small is beautiful” que numa tradução mais direta seria “pequeno é belo”, mas que os editores o traduziram no Brasil como “o negócio é ser pequeno”. 

A força do seu pensamento está na habilidade em questionar de forma elegante e inteligente, os meios de produção e de riqueza, e as hipóteses adotadas pela economia moderna. O texto se torna ainda mais inquietante considerando que sua análise não foi baseada no ativismo social, e nem nas teses de ambientalistas.

Ele advoga tecnologias suficientemente baratas que estejam ao alcance de todos, adequadas para aplicação em pequena escala e compatíveis com a necessidade humana de criatividade. Por isto ele defende uma filosofia que valorize o homem mais do que a produção e o trabalho mais do que o produto. Ele denuncia a “idolatria do gigantismo” na economia moderna. 

Procura ainda desmascarar o culto obsessivo do crescimento econômico ilimitado e do desenvolvimento econômico forçado pela industrialização. Para se contrapor ao materialismo ganancioso ele defende algumas teses:

1. Criar indústrias onde as pessoas já estão vivendo, evitando assim a explosão populacional dos grandes centros. 2. As indústrias devem ser baratas para que possam se reproduzir sem importação de capitais. 3. Os métodos de produção devem ser relativamente simples. 4. A produção deve ser, sobretudo, dependente de bens materiais locais e destinada ao consumo local.

Muito de sua visão adequa-se aos valores cristãos, que defende a tese de que devemos desenvolver os recursos para o bem comum. É inadmissível que ainda hoje, apesar de toda tecnologia e meios de produção, 800 milhões de pessoas passem fome diariamente, de acordo com relatório da ONU. Ainda mais se considerarmos que grãos podem ser produzidos em larga escala, e que a produção atual seria suficiente para alimentar o dobro da população mundial. 

Dois fatores estão relacionados a esta tragédia.

Primeiro, a concentração excessiva da riqueza. Alguns ganham demais enquanto outros ganham muito pouco. Segundo, a falta de transferência de tecnologia para países pobres. Quem atualmente detém o saber e a informação tem o poder do controle. 

As teses de Schumacher desafiam o modelo competitivo, baseado em acúmulos de bens e grandes fortunas. Seu livro pode não trazer grandes e imediatas soluções, mas aponta direções para as quais precisamos ser mais sensíveis e atentos.

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