terça-feira, 16 de dezembro de 2003

“Não havia lugar para eles na hospedaria...” Lc 2.7

Assim registra Lucas a hospitalidade que Deus recebeu na terra quando veio habitar entre nós. As pensões estavam lotadas, a cidade agitada. César Augusto decretara que todas as pessoas participassem do senso. Por detrás desta atitude havia um interesse financeiro. Lá, como aqui, o governo estava interessado em recolher mais impostos. Muitas pessoas se escondiam do fisco. Então se criou uma forma original saber quantas pessoas existiam. Todos deveriam se recensear.
Os custos envolvidos neste censo eram enormes. As pessoas tinham que se deslocar de suas casas, indo à sua terra natal. Maria estava grávida, a viagem era desagradável, mas caso não atualizassem o seu “CPF”, não poderiam ser cidadãos plenos, e corriam riscos de sofrerem sanções do Império Romano, que naqueles dias exercia um forte domínio imperialista sobre Israel. Sendo José de Belém, dirigiu-se à sua cidade natal.
De forma lacônica o texto bíblico descreve que “Não havia lugar para eles na hospedaria...” Lc 2.7 Deus estava ali, sofrendo um problema habitacional, já que não era possível encontrar um lugar que pudesse acolhê-lo. As pensões estavam lotadas, a cidade não possuía uma estrutura adequada para receber aqueles que, por força do decreto precisaram viajar.
Este texto é uma parábola de nossos dias. Lá, como aqui, Deus ainda não encontra lugar nas nossas estruturas humanas. Não existe lugar para Ele em nossas festas, na agitação de fim de ano, na nossa ética, na nossa filosofia e, se brincarmos, até mesmo em nossa religiosidade muitas vezes tão vazia e mecânica. A situação é tão dramática que conseguimos celebrar o natal, o aniversário de Jesus, nos esquecendo do aniversariante. Cortamos o bolo sem a presença daquele que deveria ser o centro de nossas atenções. Sua presença tem sido considerada dispensável.
Que em nosso coração e em nossa família possamos dizer neste natal: “Senhor, aqui existe espaço para ti, fica conosco!”

segunda-feira, 15 de dezembro de 2003

NÃO TE IMPACIENTES!

Parem o relógio!
Este foi um artigo que me chamou atenção na seção my turn, da Newsweek. Era um relato autobiográfico de uma estudante, falando de sua experiência na América. Criada numa família onde as pessoas gostavam de gastar tempo juntas, trocando receitas de bolo, fazendo cuidadosamente as refeições, e agora, fazendo seu PHD avaliava sua vida e percebia que alguma coisa tinha sido perdida.
Fazia de tudo para espichar seu tempo. Dormia tarde, acordava cedo, comia suas refeições sem sequer sentir o gosto delas. Tendo um livro ou um papel do lado para fazer anotações. Não tinha tempo para desenvolver amizades. Sentia-se só e achando a vida sem sentido. Não estava mais encontrando prazer nas coisas. Sentia-se uma autômato, um robô, preparado para efetuar tarefas que fossem cada vez mais precisas e consumissem cada vez menos tempo.
Percebia que não tinha mais tempo para si me para os amigos. Não encontrava hora para descansar, para deitar debaixo da sombra de uma árvore e simplesmente descansar. Seus horários eram cada vez mais confusos: Não tinha horário para dormir e muito menos para acordar. Quanto tempo já fazia que ela não se assentava com alguém, sem ter uma agenda por detrás, sem ser por causa de um compromisso. Simplesmente pelo prazer de fazer as coisas?

Lembrei-me do que diz a Bíblia diz: “Não te impacientes, certamente isto acabará mal”. Vivemos uma época de impaciência. Somos impacientes com a vida, com os outros, com nossos filhos, com nossos amigos. Somos impacientes com Deus… Não temos tempo relaxar e abrir nosso coração para simplesmente ouvir o que Deus tem a nos dizer. Não conseguimos ouvir a voz de Deus e não conseguimos sequer ouvir a nós mesmos. Não conseguimos descansar, Nos tornamos viciados em trabalhar. Nos tornamos máquinas de produção. Estamos ocupados demais para orar, para buscar a Deus, para ouvir amigos, para ouvir estrelas. Esquecemos das velhas palavras do poeta que dizia: “Preciosas são as horas na presença de Jesus, comunhão deliciosa de minha alma com a luz”.

Viramos máquina de produção, não seres de relação. Vamos a igreja ansiosos para que nossa atividade religiosa acabe, temos muita coisa para fazer. Chegamos atrasados e saímos adiantados. Estamos ocupados demais para orar… Nossas orações são mecânicas, superficiais e vazias. Nossa reflexão, quando feita, é formal e quase automática. Não temos tempo para refletir sobre a vida, para namorar. Não somos capazes de meditar… somos seres de ação.
A Bíblia, porém, afirma: “Não te impacientes, certamente isto acabará mal”…
A impaciência nos deixa irritados, rouba de nós a energia e nos torna menos produtivo. A impaciência nos adoece, nos debilita. Mas o pior de tudo: A impaciência destrói nossa alegria de viver!

Várias vezes a Bíblia nos ensina coisas relacionadas a necessidade e a benção de vivermos de forma paciente e segura. Nos ensina a ter paciência nos processos históricos que Deus usa para nos dar as coisas. Que não adianta se desesperar e viver como louco. Nos ensina a depender de Deus.
“Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” (Sl 46:10 Este texto dá ênfase não está em sermos displicentes e preguiçosos, mas em pormos a confiança no Deus que tudo pode suprir. Você acredita realmente que pode depender do Senhor, da sua provisão? Na verdade temos vivido impacientes, ansiosos...

O maior exemplo de paciência está no Calvário. A Bíblia nos afirma que Jesus suportou “com paciência”, o sofrimento. Naquela cruz, Jesus estava ocupando o meu lugar e o seu lugar. Naquela cruz o Cordeiro de Deus se tornou paciente até a morte, e morte em seu lugar e no meu lugar.

Um conhecido pregador americano, capelão do Senado alguns anos atrás, ficou conhecido na América por causa de suas belíssimas pregações. Seu nome era Peter Marshal. Um dos sermões mais interessantes dele tinha o título: “Pecado no tempo presente!”.
Ele conta a experiência de um pai e seu filho interagindo na vida. Eles eram lavradores e costumavam levar suas colheitas para venderem na cidade num determinado dia da semana. O filho era extremamente agitado, ao passo que o pai era um homem calmo e paciente. Preste atenção na sua narrativa, fiz algumas adaptações apenas contextuais:
Muitos anos atrás, no Japão, havia um rapaz que cultivava um pequeno canto de terra.
Diversas vezes por ano, carregavam o carro de boi com verdura e iam à cidade mais próxima.
A não ser o nome e o pequenino canto de terra, pai e filho tinham muito pouca coisa em comum.
O velho cria em não trabalhar demais...e o filho era ativo.
Certa madrugada carregaram o carro,
Atrelaram o boi, e saíram a caminho.
O jovem calculou que, se acordassem cedo, logo poderiam estar na cidade para vender seus produtos.
Andava ao lado do boi, picando-o com o aguilhão para andar.
“Calma”, dizia o velho. “Você viverá mais”
“Se chegarmos ao mercado antes dos outros”, disse seu filho, “teremos a oportunidade de conseguir melhores preços”.
O velho puxou o chapéu sobre os olhos e pôs-se a dormir no banco.
Seis quilômetros depois, chegaram a uma pequenina casa.
“Cá está a casa de seu tio”, disse o pai. “Vamos parar e dizer bom dia”.
“Já perdemos uma hora”, retrucou o rapaz.
“Então mais alguns minutinhos não farão diferença”, replicou o pai. Meu irmão e eu vivemos tão perto e quase nunca nos vemos”.
O moço se movia impaciente enquanto os dois senhores conversavam e davam boas risadas, tomando o seu chá.
A caminho outra vez, o pai, por sua vez se incumbiu do boi. Um pouco mais adiante, chegaram a uma encruzilhada. O velho tocou o boi à direita.
“O caminho à esquerda é mais curto”, disse o rapaz.
“Eu sei”, disse o velho, mas este é mais bonito.
“Você não faz caso tempo, faz?”, perguntou, impaciente, o jovem.
“Faço muito caso” disse o velho. “É por isso que eu gosto de usá-lo para ver coisas bonitas”.
O caminho a direita passava por florestas e flores do mato. O jovem estava tão ansioso que não reparou quão belo era a natureza.
“Esta é a ultima viagem que faço com o Senhor”, disse zangado o filho.
O senhor se incomoda muito mais com flores de que com ganhar dinheiro”.
“Isso é a coisa mais amável que você me diz há muito tempo” sorriu o velho.
Dois quilometros adiante, encontraram um fazendeiro tentar tirar seu carro de um buraco.
“Vamos ajudá-lo”, disse o pai.
“e perder mais tempo?” explodiu o filho.
“calma” disse o velho. “você poderá cair num buraco também algum dia”.
Quando conseguiram tirar o carro, tinham perdido um tempo precioso, na visão daquele rapaz, eram quase 8 horas da manhã, iam chegar tarde à feira, apesar de terem acordado tão cedo. Iam perder bons negócios...
Repentinamente um som estranho e um risco estranho rasgou o céu. Ouviu-se um trovão, assustador.
Além das montanhas, os céus ficaram negros.
“Parece que vai chover muito na cidade”, disse o velho.
“Se não tivéssemos perdido tempo, teríamos vendido tudo já! resmungou o filho.
“Calma, disse o velho, você viverá mais”.
Quando alcançaram, ainda bem distante, o topo do morro, ficaram perplexos com um o que viram. Por detrás daquele trovão, e daquele barulho, e as nuvens escuras nos céus, viram uma cidade completamente destruída.
Ficaram olhando por longo tempo, nenhum deles falou.
Finalmente o moço que estivera em com tanta pressa disse. “compreendo o que o Senhor quis dizer, papai”.
Viraram o carro e afastaram da cidade que tinha sido Hiroshima[1].
[1] Marshal, Peter – Para todo sempre. São Paulo, C.E.P, 1959. Pg 310-312

quinta-feira, 20 de novembro de 2003

EGOÍSMO

Certo homem teve um sonho: Foi ao inferno. Ao chegar
ali percebeu que havia um grande banquete e todos estavam
muito tristes, apesar da riqueza e de toda comida, os
rostos deles estavam visivelmente abatidos, e estavam famintos e
esquálidos. Não conseguiam se alimentar porque
o cotovelo deles era invertido.

Ficou impressionado com a cena... Logo a seguir, viu-se diante
de outro quadro: Estava agora no céu. . Novamente o ambiente era de muita comida e bebida. A mesa estava farta. Percebeu também
o mesmo estranho detalhe de que as pessoas tinham os
cotovelos invertidos. Só que todos estavam felizes e
fartos. Ninguém passava fome porque o irmão do lado
servia o outro. Todos estavam plenos porque não olhavam
exclusivamente para si mesmos.

Muitas vezes esta cena se repete entre nós. Não nos
falta nada a não ser sensibilidade para o outro, mas como
estamos tão preocupados conosco mesmos, acabamos
perdendo a alegria da festa. Nosso coração fica seco
e saímos vazios.

"Mais feliz é dar que receber" At 20.35

sexta-feira, 14 de novembro de 2003

CUIDADO COM A CORDA

Um pastor do interior do Brasil foi procurado
por um camponês que encontrava-se extremamente aflito
to por ter roubado uma corda. O pastor o atendeu, dis-
se que ele não precisava ficar tão desesperado, afinal uma
corda é algo tão insignificante...Bastava pedir perdão a
Deus e devolver a corda ao seu dono.
Depois de orarem juntos, o camponês foi embora com o
problema aparentemente resolvido. Contudo, no outro
dia, ainda madrugada, o camponês mais uma vez estava batendo à porta do pastor dizendo: Pastor, estou muito triste por ter roubado aquela corda.
E o pastor retrucou: Mas você já pediu perdão a Deus e já devolveu a corda,
isto é o bastante.
Mas ele afirmou: É pastor, mas eu me esqueci de lhe dizer que naquela corda tinha uma vaca amarrada.
Este episódio, adverte-nos sobre duas coisas:
1. O perigo de confessarmos nossos pecados pela metade;
2. O perigo de vivermos culpados, porque nossa confissão foi parcial.
A Bíblia afirma que o Sangue de Jesus nos purifica de todo pecado (I Jo. 1:7-10). Nele encontramos o perdão para qualquer ofensa, porque foi exatamente por isto que ele
morreu na cruz. Para expiar nossas culpas.
Voltemos para Jesus, confessando toda nossa iniqüidade para sermos perdoados.

quinta-feira, 30 de outubro de 2003

A BENÇÃO DA GENEROSIDADE

"Numa terra distante viviam dois irmãos que trabalhavam na agricultura
plantando trigo e outros tipos de grãos. O primeiro era casado, tinha um
filho pequeno e o outro era solteiro. A seara tinha sido dura para ambos,
porém os frutos foram colhidos com fartura e assim, resolveram dividir ao
meio o produto da colheita, guardando-o em celeiros separados.
Naquela noite o irmão mais novo não conseguiu dormir. Pensava: "Meu irmão
tem uma família pra cuidar, precisa receber mais do que eu que não tenho
ninguém para alimentar". Desta forma levantou-se de madrugada e carregou
boa parte da sua colheita para o celeiro de seu irmão.
Por sua vez naquela mesma noite o irmão mais velho não conseguiu descansar.
Pensava no irmão mais moço que era só e não tinha alguém para aquecê-lo no
inverno. Resolveu então que este mereceria maior porção da colheita e
assim, carregou secretamente boa parte de seu produto para o armazém do
irmão mais novo.
Na manhã seguinte os dois irmãos se espantaram ao ver que o volume das
sacas em seus respectivos celeiros permanecia o mesmo. Decidiram repetir a
operação de transferência da colheita para o abrigo do outro e da mesma
forma não conseguiram entender por que, no dia seguinte, os sacos
permaneciam como antes.
Depois de algumas tentativas, os irmãos desconfiaram que algo estranho
estaria acontecendo. Resolveram ficar acordados para identificarem uma
possível sabotagem. E no meio da noite, carregando sacos de grãos, ambos se
flagraram cuidando do bem estar do próximo. Num abraço fraterno
agradeceram-se mutuamente. Optaram por armazenar as sacas de ambos num só
celeiro, deixando o usufruto de acordo com a necessidade de cada um.
Nessa noite Deus estava observando a terra em busca de um local para morar.
Deparou então com aqueles dois irmãos, vivenciando tamanho amor, união,
fraternidade e repartir de pão, que resolveu fazer sua morada entre eles."
(autor desconhecido)

Biscoitos

Este não é um artigo meu, mas bem gostaria que fosse...
Certo dia uma moça estava à espera de seu vôo na sala de embarque de umaeroporto. Como ela deveria esperar por muitas horas resolveu comprar um livro paramatar o tempo. Também comprou um pacote de biscoitos.Então ela achou uma poltrona numa parte reservada do aeroporto para que pudesse descansar e ler em paz, e ao seu lado sentou-se um homem.Quando ela pegou o primeiro biscoito, o homem também pegou um. Ela se sentiu indignada, mas não disse nada.Ela pensou para si: Mas que "cara de pau". Se eu estivesse mais disposta, lhe daria um soco no olho para que ele nunca mais esquecesse.A cada biscoito que ela pegava, o homem também pegava um. Aquilo a deixava tão indignada que ela não conseguia reagir.Restava apenas um biscoito e ela pensou: O que será que o "abusado" vai fazer agora?Então o homem dividiu o biscoito ao meio, deixando a outra metade para ela. Aquilo a deixou irada e bufando de raiva. Ela pegou o seu livro e as suas coisas e dirigiu-se ao embarque. Quando sentou confortavelmente em seu assento, para surpresa dela o seupacote de biscoito estava ainda intacto, dentro de sua bolsa.Ela sentiu muita vergonha, pois quem estava errada era ela, e já não havia mais tempo para pedir desculpas. O homem dividira os seus biscoitos sem se sentir indignado, enquanto que ela tinha ficado muito transtornada.

quarta-feira, 22 de outubro de 2003

A JESUS CRUCIFICADO

Esta poesia de São João da Cruz é uma das mais belas que já ouvi na minha vida, vale a pena conferir

O motivo meu Deus, para querer-te
Não e o céu que me tens prometido
Nem é o inferno tão temido
O motivo para deixar de ofender-te.
O Senhor é o meu motivo.

Motiva-me ao ver-te cravado em uma cruz
E escarnecido; Motiva-me ao ver teu corpo tão ferido;
Motiva-me tuas afrontas e tua morte;
Motiva-me em fim, teu amor de tal maneira
Que ainda que não houvesse céu eu te amaria;
E ainda que não houvesse inferno, te temeria.

Nada tens que me dar, porque te quero,
Pois se o que eu espero, não esperasse
O tanto que te quero, te queria

S. João da Cruz.

terça-feira, 14 de outubro de 2003

FILOSOFIA DA MULA: Quem disse que mula filosofa?

Conhecido quadro brasileiro retrata duas mulas atreladas
uma a outra. Ambas estão com fome, e ambas desejam
comer. Apesar das duas quererem a mesma coisa, não
conseguem se satisfazer, porque as duas estão olhando para
montes de capim diferente. No segundo quadro aparece uma
luz sobre a mente das mulas (mula também pensa ? ) e as duas
param de lutar entre si e dirigem-se unidas, para o mesmo lado, em
direção a um monte de capim. Quando fazem isto, conseguem
se alimentar e depois, dirigindo-se para o outro lado, alimentam-se
também, até se fartarem.
Este quadro aponta para nossa vida. Denuncia nossas lutas e
nosso tolo egoísmo. Quantas vezes lutamos e brigamos por
algo e quando vemos não conseguimos nos satisfazer nem satisfazer
o outro. Se parássemos de lutar, provavelmente tudo seria mais
fácil.
A união é que faz a força. Não a divisão. Assim acontece no
Pentecostes (Atos 2). Ali, homens de diferentes raças e de línguas
diferentes, conseguem falar a mesma linguagem. Que contraste com
Babel, (Gn. 11), ali, homens que falavam a mesma língua,
não conseguem se entender.

A palavra de Deus nos diz: "Não tenha cada um em vista o
que é propriamente seu, também cada qual o que é dos outros".
Certamente, à semelhança da filosofia da mula, muita coisa
seria mudado se simplesmente parássemos de disputar entre
nós e olhássemos na direção em que olha o outro.

A QUEM AMAMOS???

Esta historia é sobre um soldado que finalmente estava voltando para casa.
Após a terrível guerra do Vietnã, ele ligou para seus pais, em São Francisco, e lhes disse:
- Mãe, Pai, eu estou voltando para casa, mas, eu tenho um favor a lhes pedir.-
Claro meu filho, peça o que quiser!-
Eu tenho um amigo que eu gostaria de trazer comigo.
- Claro meu filho, nos adoraríamos conhece-lo!!!!
- Entretanto, ha algo que vocês precisam saber. Ele foi ferido na última batalha que participamos. Pisou em uma mina e perdeu um braço e uma perna. O pior é que ele não tem nenhum lugar para onde ir. Por isso, eu quero que ele venha morar conosco.
- Eu sinto muito em ouvir isso filho, nós talvez possamos ajudá-lo a encontrar um lugar onde ele possa morar e viver tranquilamente!
- Não, eu quero que ele venha morar conosco!
- Filho, disse o pai, você não sabe o que está nos pedindo. Alguém com tanta dificuldade, seria um grande fardo para nós. Temos nossas próprias vidas e não podemos deixar que uma coisa como esta interfira em nosso modo de viver. Acho que você deveria voltar para casa e esquecer este rapaz. Ele encontrará uma maneira de viver pôr si mesmo...Neste momento, o filho bateu o telefone. Os pais não ouviram mais nenhuma palavra dele. Alguns dias depois, no entanto, eles receberam um telefonema da polícia de São Francisco. O filho deles havia morrido depois de ter caído de um prédio. A policia acreditava em suicídio. Os pais angustiados voaram para São Francisco e foram levados para identificar o corpo do filho. Eles o reconheceram, mas, para o seu horror, descobriram algo que Desconheciam: O filho deles tinha apenas um braço e uma perna.

MANSÃO NO CÉU

Certo homem chegou ao céu. Ao ser guiado pelos anjos (At. 16:22)
ficou deslumbrado com suas muitas moradas (Jo.14:2), cada
uma mais impressionante que outra. A glória do céu era
magnífica pois era a glória do próprio Deus, cujo fulgor era
semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe
cristalina (Ap.21:11); Seu sistema de energia também foi observado
pelo homem porque a cidade não precisava nem do sol nem da
lua, para lhe darem claridade, pois a glória do Senhor a
iluminava (Ap.21:23). Ficou boquiaberto com o rio da água
da vida que saia do trono de Deus e do Cordeiro, que era
brilhante como cristal. Percebeu ali que nela não havia qualquer
maldição (Ap.22:3); e que não havia lágrima, nem morte,
nem luto, nem dor, porque a presença do Senhor era algo
muito concreto. (Ap. 21:4). Sentiu também a profunda emoção
do coro celestial cantando, milhares de anjos, como grande
voz de numerosa multidão (Ap.19:1).
Logo quis conhecer sua casa (Jo.14:2). Via mansões lindas,
casas magníficas e sempre se perguntava se aquela seria a
sua. Até que foi levado a uma pequena choupana onde o
anjo o deixou com a seguinte afirmação: "O material que
você mandou para cá só dava para fazer isto".
Naturalmente os leitores entenderão que misturei verdades
bíblicas com ficção, mas o que será que Jesus queria dizer
quando falou ? "Não acumuleis para vós outros tesouros
sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde
ladrões escavam e roubam. Mas ajuntai para vós outros
tesouros nos céus, onde nem prata nem ferrugem corrói, e
onde ladrões não escavam nem roubam". Mt.6:19-20.

Quando não parece haver mais saída...

Conta uma antiga lenda que na Idade Média um homem muito religioso foi injustamente acusado de ter assassinado uma mulher. Na verdade, o autor era pessoa influente do reino e por isso, desde o primeiro momento procurou um bode expiatório para acobertar o verdadeiro assassino. O homem foi levado a julgamento, já temendo o resultado: a forca.
Ele sabia que tudo iria ser feito para condená-lo e que teria poucas chances de sair vivo desta história. O juiz, que também estava combinado para levar o pobre homem à morte, simulou um julgamento justo, fazendo uma proposta ao acusado que provasse sua inocência.
Disse o juiz:
- Sou de uma profunda religiosidade e por isso voudeixar sua sorte nas mãos do senhor. Vou escrever em um pedaço de papel apalavra INOCENTE e noutro pedaço a palavra CULPADO. Você sorteará um dos papéis e aquele que sair será o veredicto. O senhor decidirá seu destino. Sem que o acusado percebesse, o juiz preparou os dois papéis, mas em ambos escreveu CULPADO, de maneira que, naquele instante, não existia nenhuma chance do acusado se livrar da forca. Não havia saída. Não havia alternativas para o pobre homem. O juiz colocou os dois papéis em uma mesa e mandou o acusado escolher um. O homem pensou alguns segundos e, pressentindo a "armação", aproximou-se confiante da mesa, pegou um dos papéis e rapidamente colocou-o na boca e o engoliu.
Os presentes ao julgamento reagiram surpresos e indignados com a atitude do homem.
- Mas o que você fez? E agora? Como vamos saber qual seu veredicto?
- É muito fácil, respondeu o homem. Basta olhar o outro pedaço que sobrou e saberemos que acabei engolindo o seu oposto.
Imediatamente o homem foi libertado.

MORAL DA HISTÓRIA:
Por mais difícil que seja uma situação, não deixe de acreditar até oúltimo momento.
Outra MORAL:
Mesmo que, aparentemente, seu destino esteja sendo "direcionado", não deixe de usar o raciocínio.

JESUS PODE AJUDAR?

Certo pastor andava com um irônico fabricante de sabão
que ridicularizava, sempre que possível, o pastor e sua
mensagem. Ao passar próximo a uma pessoa drogada, o
fabricante de sabão falou: "Você não afirmou que Jesus
pode resolver qualquer problema, porque não resolve o
deste rapaz?". Ao se defrontar com uma pessoa caída
na sarjeta, novamente zombou do pastor dizendo: "Por que
Jesus também não é capaz de resolver o problema desta
pessoa?".
Logo a seguir, encontraram um grupo de crianças que
brincava no meio do pó, e estava muito sujo. O Pastor
perguntou ao fabricante de sabão: "Por que as pessoas
ainda estão sujas se o sabão pode limpá-las?". O homem
respondeu: "O sabão só funciona quando aplicado".
O pastor aproveitou e disse: "A mesma coisa se dá com o
poder de Deus. Ele é suficiente para todos e para qualquer
condição do fracasso humano. Por maior que seja o pecado
o sangue de Jesus purifica. Por pior que seja a situação,
Deus muda! Mas é necessário que ele seja aplicado à
vida da pessoa. Embora seja suficiente para todos, só é
eficiente (gera resultados) em alguns que usam deste poder".
A Bíblia nos diz que "Ainda que nossos pecados são
como a escarlate, eles se tornarão brancos como a neve"
Is. 1:18. Jesus ao olhar para o povo de Jerusalém, cheio de
amarguras e pecados afirma: "Quantas vezes quis eu reunir
os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos
debaixo das asas, e vós não o quisestes!"Mt.23:37
Deus tem um amor imenso por nós, tem uma misericórdia
sem limites para nos perdoar, mas ainda insistimos em viver
com a culpa de nossos pecados de outrora, a pedir o perdão
de Deus e desfrutar de sua graça. Vivemos sujos quando Jesus,
lá na cruz, ao derramar o seu sangue, nos purificou de toda a
injustiça. Podemos estar livres, mas insistimos em viver cativos!

sexta-feira, 5 de setembro de 2003

Independência ou morte!

Existem determinadas coisas que jamais conseguiremos entender! Falta lógica, coerência histórica, bom senso e um mínimo razoável de percepção critica. Dentre tantas, realçamos a Independência do Brasil. Não dá para entender porque ainda se ensina a história do Brasil numa perspectiva romântica, e não na perspectiva dos fatos e da crítica? Teme-se o juízo de quem? Não dá para entender porque os historiadores não revisam de uma vez por outras, alguns conceitos mal organizados e não se inicia de forma mais clara uma leitura critica da história, que vai nos ajudar a pensar de forma mais correta e criará nos nossos adolescentes e jovens um senso de dignidade e de valor?

O problema é que a história é sempre contada pelos poderosos, para atender a interesses ideológicos. Afinal, o herege quase nunca é o que vai para a fogueira, mas quem coloca o outro para ser queimado, mas aquele que foi para a fogueira não pode escrever sua história, então aceita-se a versão oficial do opressor, que conta o fato conforme lhe interessa, para que não venha a ser culpado nem julgado no futuro. Afinal, não gostamos de depor contra nós mesmos, por isto os tribunais buscam testemunhas, pessoas que possam depor e contar outra versão. A nossa leitura pessoal, tendenciosa e cínica não vale…

O que aconteceu às margens do Ipiranga. D. Pedro, pressionado por interesses de grandes potências econômicas, não tem nenhuma opção a não ser admitir a Independência do Brasil. Para que isto acontecesse, foi necessário que se pagasse cerca de 2 milhões de liras esterlinas a Inglaterra, dinheiro este proveniente da já enfraquecida e explorada nação Brasileira. Nossa nação teve que amargar esta dívida por muitos anos. Nossa “independência”, ao contrário de muitas outras nações, feitas à base de sangue e revolução social, aconteceu, literalmente, no grito.

Por isto ainda continua a luta pela independência: Precisamos de autonomia de recursos, de capacitação tecnológica, industrial e principalmente cultural. Precisamos de autonomia na Soberania nacional, mas ainda me preocupa de forma especial, nossa escravidão espiritual. Milhares de pessoas ainda encontram-se cegas e acorrentadas por forças demoníacas, precisando do Evangelho de Jesus, e precisam ser libertas da opressão das obras malignas. Pessoas continuam morrendo e matando em nome de suas crendices como vimos recentemente na mutilação e sacrifício de crianças para rituais de magia negra na cidade de Altamira, PA.

Ecoa em nossos ouvidos a profunda e solene declaração de Jesus: “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. (Jo 8.32)

sexta-feira, 23 de maio de 2003

Dinheiro e o Reino de Deus

Howard Dayton, Fundador do Crown Ministries, um ministério paraeclesiástico sobre treinamento financeiro, afirma que encontrou cerca de 500 versículos na Bíblia a respeito de oração, porém 2.350 sobre como tratar do dinheiro e bens materiais.
É curioso como dinheiro também ocupou uma agenda central no ministério de Jesus. Depois do Reino de Deus, o segundo tema mais falado por Jesus foi dinheiro e como devemos lidar com nossos bens. Ele falou mais sobre finanças do que sobre oração, inferno, céu, etc. Foi tão radical nesta questão que afirmou que dinheiro tem vida própria, não é um poder neutro. Jesus o chamou de mamom (Mt 6.24), uma entidade com personalidade, com desejos e motivações. Dinheiro pode gerar vida e gerar morte, por isto, a raiz de todos os males, na linguagem é o amor ao dinheiro (1 Tm 6.10).

Charles Stanley firmou alguns princípios de administração do dinheiro encontrados na Bíblia:
Ganhá-lo honestamente-
Isto implica em não sacrificarmos nossa consciência mantendo um relacionamento com o dinheiro que possa nos afastar do Deus que amamos. Precisamos sim do trabalho, e dos recursos que ganhamos, mas precisamos acima de tudo de Deus. Vive-se sem dinheiro e sem bens, mas não se vive sem Deus. Ganhe honestamente (Ef 4.28).
Aplicá-lo sabiamente – Muitas vezes usamos mal os nossos recursos ou não temos critério algum para empregá-lo. O resultado é que quando os dias difíceis chegam, não sabemos o que fazer porque não soubemos administrar corretamente o que tivemos. Gastamos nossos bens sem ponderarmos sobre o nosso futuro.
Dá-lo generosamente
Sendo dinheiro um ídolo, uma entidade, exige de nós adoração. Muitos de nós temos nos curvado diante dele sem percebermos os riscos nossa alma. Dar de nossos bens é uma forma de usarmos nossos recursos para promover a obra de Deus, minimizar o sofrimento dos necessitados, glorificar a Deus e dar um sentido mais profundo ao que temos. Dar é um exercício espiritual, muitas vezes complicado. Temos facilidade de gastar nossos bens com coisas que nem sabemos o que fazer com elas, que vão entulhar ainda mais nossos guardas roupas, mas não temos a mesma facilidade de consumir nossos bens para suprir necessidade da nossa igreja e dos necessitados.
Desfrutá-lo profundamente – Não desenvolva uma relação de afeto com teu dinheiro. Ele existe para ser usado! Tolo é o homem que acumula sempre, mas nunca desfruta daquilo que Deus tem colocado em suas mãos. Use-o para seu deleite, para alegria de seu lar, para celebrar a vida que Deus lhe tem dado.

sexta-feira, 9 de maio de 2003

A riqueza da maternidade

O instinto materno é um dos mais aguçados na espécie animal, alguns inofensivos animais tornam-se ferozes quando seus filhotes são ameaçados. Mesmo animais domésticos quando estão ao lado de suas crias podem se tornar agressivos caso sintam que seus filhos estão ameaçados, e é por causa desta defesa tão notória que as espécies sobrevivem. Caso contrário, muitos deles estariam condenados à morte na violência própria do habitat em que são gerados.

Quando Deus quis falar do seu amor pelo povo nas Escrituras Sagradas, comparou-o ao da mãe. “Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti” (Is 49.15). Nada melhor para descrever o sentimento de Deus que a radicalidade do sentimento materno.

É do útero e do colo que procedem as primeiras impressões humanas. Dali começam a se delinear a afetividade, sentimentos de aceitação e rejeição, traumas, conflitos e as primeiras impressões sobre a graça. Pesquisas apontam para a grande importância das relações de amor e ternura na vida intra uterina para o futuro emocional das crianças. Colo também é um lugar que determina, de forma muito marcante, a construção dos sentimentos mais importantes na saúde emocional na fase da adolescência e na fase adulta. Psicólogos atualmente têm trabalhado a idéia do luto existencial, afirmando que um dos fatores mais determinantes da depressão na fase adulta é o distanciamento afetivo da pessoa amada, chamada simbolicamente de luto. Isto é, pessoas criadas sem afeto sentem uma enorme perda emocional que não é facilmente corrigida na fase adulta, apenas a terapia profunda ou uma auto-compreensão associada a ação redentora de Deus na alma, podem livrar tais pessoas desta privação que tem a ver não necessariamente com o momento presente, mas com sua história de vida e a negação de seus afetos.

Vítor Hugo certa vez afirmou que “A mão que embala o berço é a que governa o mundo”. De fato, é das relações primárias do seio e do colo materno que surgem os sentimentos de encontro e intimidade. Alimentar o bebê não é apenas uma questão de saúde pública, mas também de saúde emocional. Afetos e sentimentos são construídos nesta interação ainda indiferenciada bebê/seio, e não necessariamente bebê/mamãe, já que a figura da mãe, nos primórdios, encontra-se confusa, estando mais ligada ao objeto (seio), que à pessoa (mãe), como bem acentuou Melanie Klein.

Responder de forma afetiva à figura da mãe é essencial na dinâmica da ternura. Filhos desconectados emocionalmente dos pais, especialmente da mãe, revelam profundo desequilíbrio nas emoções. Isto geralmente se dá como resultado da quebra de uma experiência profunda do eu/tu. A pessoa sofreu com a resposta mais fundamental que é a linguagem do afeto encontrada no seio e no colo. É um autismo emocional, se é que podemos usar este tipo de linguagem para explicar o que estamos querendo dizer. A pessoa não é autista, como nos sintomas clínicos da psiquiatria, mas construiu um mundo emocional distanciado e emocionalmente quebrado. Pessoas assim terão muita dificuldade de amar e de experimentar intimidade, embora ainda consigam ter relações sexuais, elas acontecem de forma mais objetal que relacional. A intimidade e os afetos são quebrados, ocorre um distanciamento essencial nas emoções.

Muitos filhos constroem uma relação utilitarista e manipulativa com suas mães. Só são capazes de se relacionar com elas de forma distanciada e egocêntrica. Gente assim certamente terá muita maior dificuldade em amar e experimentar amor de forma profunda, são pessoas com os afetos essenciais dilacerados.

Algumas destas dificuldades de afeto tem raízes no processo de idealização que costumeiramente marcam nossos relacionamentos. De forma inconsciente, acreditamos que as pessoas que amamos jamais vão errar, que elas são perfeitas. Ora, é até natural crermos, enquanto somos crianças, que nossos pais são seres absolutos. Na infância cria-se a imagem da mãe angelical e do pai perfeito. O problema é que ao caminharmos para a nossa maturidade, espera-se que tal impressão seja lentamente quebrada, e que a imagem real seja estabelecida. Isto é, nossos pais são seres falíveis, não são perfeitos, mas humanos. Por não superarmos tal imagem distorcida, torna-se difícil perdoá-los quando percebemos que eles erram. Por causa desta idealização das pessoas amadas, não suportamos a idéia de que falhem, e quando isto acontece e elas cometem deslizes contra nós ou contra valores que consideramos importantes, não conseguimos mais amá-las.

Se o processo de idealização for quebrado de forma abrupta, sem que a pessoa esteja preparada para este choque com a realidade, ela é pega de surpresa diante da falha dos seus progenitores, e se não souber decodificar o fato, o resultado poderá ser a dificuldade futura em lidar com os afetos, afinal, “se minha mãe falhou, em quem mais poderei confiar?” A base dos afetos neste caso era puramente romântica, não realista, e a pessoa poderá encontrar dificuldade em amar outros, mantendo uma relação de suspeita e frieza nos relacionamentos.

O raciocínio do tipo, não posso confiar em ninguém, parece muito lógico, mas revela dois problemas:

Primeiro, deixa de perceber a humanidade do outro e de si mesmo, negando a ambos o direito da incompletude. Fazemos isto nas relações com nossos pais. Algumas frases de efeito refletem tais percepções, tais como, “ser mãe é padecer no paraíso”. Nem a mãe é anjo, nem o paraíso é lugar para padecimento. Outra área na qual tais processos se tornam visíveis é nos casamentos, que na sua maioria são feitos de forma absolutamente romântica A pessoa imagina que o outro seja celestial ou angelical, um ser ideal. A cerimônia de casamento em nossa cultura reforça esta visão. O rapaz veste-se como príncipe e a moça como princesa, e nos primeiros encontros já descobrem que o sapo, que deveria se transformar em princesa, e a gata borralheira em Cinderela, nunca deixaram de ser o que sempre foram: O sapo continua sendo sapo, e a rainha continua sendo borralheira, Nos frustramos ao perceber que o outro tem mau-humor, é egocêntrico, eventualmente tem “maus cheiros”, etc..

Segundo, enfrenta dificuldade em perdoar e amar pessoas porque elas falham, cometem absurdos e costumeiramente falham. Este tipo de relacionamento não considera a vulnerabilidade e a fragilidade do outro e fundamenta-se sobre falsos pressupostos, gerando resultados sempre caóticos. Deus ama incondicionalmente e nos pede para amar da mesma forma, porque relacionamentos fundamentados em falsos pressupostos trazem graves e sérias implicações para nossa alma. Falhamos quando não reconhecemos as falhas dos outros e projetamos uma imagem de perfeição às pessoas amadas. Isto gera frustração e desnorteia nossos afetos.

Quando amamos sem idealizar, aprendemos a perdoar e retiramos de nós mesmos o peso do perfeccionismo. Pais podem ajudar neste processo quando usam a linguagem do perdão e confissão em seus relacionamentos, e são capazes de admitir fraquezas, confessam pecados e admitem falhas. Isto os torna humanos e ajuda os filhos a amarem seres reais, não idealizados. Frases como me perdoe, me desculpe, são extremamente positivas. E situações nas quais os pais erram com os filhos e tropeçam nas atitudes podem ser profundamente saudáveis para os filhos, quando acompanhadas do reconhecimento da necessidade de serem perdoados e absolvidos. O perdão e não a perfeição, norteia as relações saudáveis.

Maes

Neste dia tão especial que é o dia das mães, reunimos alguns dizeres de homens famosos sobre aquelas que os geraram e cuidaram de suas vidas:

João Wesley (grande avivalista inglês, fundador do metodismo): “Minha mãe foi a que me inspirou os princípios que têm sido meu guia de vida”.
Sto Agostinho (conhecido teólogo cristão da patrística): “À minha mãe devo tudo. Se tenho preferência para a verdade sobre todas as coisas, isso se deve aos ensinamentos de minha mãe. Se não sucumbi há muitos anos, ao pecado e à miséria, foi graças às lágrimas com que implorava a Deus por mim”.
Kate Douglas Wiggin : “Muitas das mais lindas coisas desta vida andam aos pares, às dezenas e aos milhares; rosas, estrelas, crepúsculos, arco-íris, irmãos e irmãs…porém mãe só existe uma neste vasto universo”.
Andrew Jackson (7o. Presidente dos EUA): “Nunca houve mãe igual a minha. Era meiga como um pombo e corajosa como uma leoa. Suas últimas palavras de conselho têm sido a lei de minha vida. A memória de minha mãe e os seus ensinamentos foram o único capital que tive ao começar a vida; mas com este capital, tenho feito a minha carreira”.
Sadu Sundar Singh (místico cristão da Índia): Quando lhe sugeriram a oportunidade de freqüentar uma escola de teologia, deu a seguinte resposta: “Já estive na melhor escola do mundo - o colo de minha mãe”,
Anônimo: “As guerras deixariam de existir se as mães fossem consultadas”
Vítor Hugo: “A mão que embala o berço é a que governa o mundo”.
Thomas Alva Édson (cientista americano): “Minha mãe fez o que eu sou”

sexta-feira, 2 de maio de 2003

Honra teu pai e tua mãe

Este é o 5o mandamento. Uma das perguntas mais freqüentes que ouço quando estamos tratando do relacionamento familiar é: O que significa honrar pai e mãe? Muitas vezes a forma de se entender algo é pensando no seu oposto. Como um filho “desonraria” os pais?
Pais se sentem desonrados quando os filhos deixam um rastro de vergonha e mau comportamento por onde passam. Nada desonra mais o pai que a desonra do filho ou quando se tornam uma fonte de angústia e pesar para eles. Quando os pais já não conseguem dormir sem que seus corações estejam pesados e os joelhos calejados pelas infindáveis orações de livramento que parecem não ter mais fim.

Há alguns anos atrás, um ministro de estado de nossos pais, numa entrevista em cadeia nacional de Televisão, exclamou com lagrimas ao referir-se ao filho que estava envolvido em escândalos financeiros: “Este meu filho é a minha desgraça”. Este dramático quadro exemplifica bem um filho quando desonra seu pai e mãe.

Vejamos de forma positiva este mandamento: Pais são honrados quando lhe atribuímos dignidade, quando os filhos lhes dão uma sensação de orgulho, quando dizem: “Este é o meu filho”. Quando estes se tornam o melhor curriculum vitae dos pais, tornam-se uma honra para eles. Pais são honrados quando podem fazer uma prece, e o fazem, não pedindo livramento para os filhos, mas agradecendo a Deus pela benção de ter gerado alguém tão especial.

Honra teu pai e tua mãe!

quinta-feira, 24 de abril de 2003

DESCOBRIRAM O BRASIL. VIVA O IMPÉRIO!

Existem determinadas coisas que jamais conseguiremos entender! Falta lógica, coerência histórica, bom senso e um mínimo razoável de percepção critica. Dentre tantas, realçamos o Descobrimento do Brasil. Não dá para entender porque ainda se ensina a história do Brasil numa perspectiva romântica, e não na perspectiva dos fatos e da critica? Teme-se o juízo de quem? Não dá para entender porque os historiadores não revisam de uma vez por outras, tal conceito e inicia-se assim uma leitura critica da história, que vai nos ajudar a pensar de forma mais correta e criará nos nossos adolescentes e jovens um senso de dignidade e de valor?

Ainda hoje se ensina que o Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral. Basta perguntar para qualquer estudante que ele saberá prontamente responder à simples e ideologizada pergunta: Quem descobriu o Brasil? Embora tal pergunta seja séria, e precisa ser analisada, a resposta que damos é de um simplismo quixotesco. Quando Cabral chegou aqui, no séc. XVI, Portugal, nação invasora, tinha 1.5 milhões de habitantes, e o Brasil, nação invadida, tinha aproximadamente 6 milhões de habitantes. Quem descobriu quem?

O problema é que a história é sempre contada pelos poderosos, para atender a interesses ideológicos. Afinal, o herege quase nunca é o que vai para a fogueira, mas quem coloca o outro para ser queimado, mas aquele que foi para a fogueira não pode escrever sua história, então aceita-se a versão oficial do opressor, que conta o fato conforme lhe interessa, para que não venha a ser culpado nem julgado no futuro. Afinal, não gostamos de depor contra nós mesmos, por isto os tribunais buscam testemunhas, pessoas que possam depor e contar outra versão. A nossa leitura pessoal, tendenciosa e cínica não vale…

O que aconteceu foi um encontro das civilizações, não o descobrimento do Brasil. Mas mesmo tal idéia é tão dolorida que alguns querem apagar da memória o que aconteceu. No encontro destes povos, havia um que era opressor, outro a vítima. A presa agia romanticamente diante do agressor, em troca de brinquedos que refletiam seus rostos vermelhos, instrumentos cortantes, e cachaça. Nesta troca, trazia-se sífilis e gripe e levava-se ouro e madeira. A lógica do império sempre foi a do extrativismo, da religiosidade exterior que não chegava ao coração nem dos que pregavam nem dos que ouviam a mensagem anunciada, a dominação financeira e a versão da história para sustentar seus atos bárbaros, afinal de contas, como sobreviveríamos se eles não tivessem nos descoberto? Já imaginou que tragédia um povo que ainda não foi descoberto?
Mentiras e versões enganosas. Esta é uma boa alegoria da história da redenção. Satanás nos faz crer no que não devemos, e não nos deixa crer naquilo que precisamos. Ele é o Pai da mentira! No campo espiritual e ético, mentiras são ainda mais danosas que no campo histórico, porque tem efeito eterno. “Ai dos que chamam ao mal bem e ao bem mal; dos que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!” (Is 5.

terça-feira, 15 de abril de 2003

O SIGNIFICADO DA PÁSCOA

Páscoa significa originalmente “passagem”, vem do hebraico pesah, e é associada com o verbo pasah, que significa “saltar” ou “passar por cima”, daí a razão dos ingleses usaram a palavra “passover” para páscoa, resgatando a idéia original de “passar sobre”.

A instituição da Páscoa é registrada no livro de Êxodo, capítulo 12, das Sagradas Escrituras, relaciona-se à libertação dos israelitas da sua escravidão no Egito, e é, para o povo judeu, tanto nos tempos bíblicos quanto atual, sua comemoração mais importante. Esta festa se deu logo após a passagem do Senhor no meio do Egito, onde a maioria do povo judeu vivia escravizada. Naquela noite, o anjo passou, e todas as casas que possuíam a marca de sangue de um cordeiro foram poupadas da morte, e onde não havia a marca do sangue, o filho mais velho morria. Era o julgamento de Deus vindo sobre o povo, e apenas o sangue poderia impedir a morte.

No Novo Testamento, após a vinda de Jesus, os cristãos retraduziram esta festa, dando-lhe um significado especial, pois foi durante a festa da páscoa que Jesus foi crucificado e morreu, e assim, foi interpretada como figura da obra redentora de Cristo, o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29).

A Páscoa, no sentido em que a comemoramos, está longe de ter o significado que possuía na sua origem. Li recentemente um artigo do Rev. Hernandes Dias Lopes, que reflete bem esta tensão:

Coelho ou cordeiro?
O comércio voraz, faminto de dinheiro, trocou o cordeiro pelo coelho. Aliás, um coelho muito versátil, quase milagroso, que põe ovos de chocolate de todos os tamanhos e para todos os gostos. Para o consumismo insaciável, a essência da páscoa não tem a menor importância. O que importa é vender, vender muito, ainda que na mente das pessoas a verdade seja sacrificada, e o cordeiro fique esquecido. Para uma sociedade materialista, secularizada e consumista cujo deus é o ventre, o importante é empanturrar o estômago de chocolate, ainda que se sacrifique no altar do comércio esfaimado, a essência da verdade.

Preocupante é o fato de fazermos parte desta cultura sem nenhuma reação de inconformação. Fazemos como Eli, banqueteando com as gorduras tiradas pecaminosamente do altar, sendo coniventes com os pecados de uma geração que se recusa a dar ouvidos à verdade de Deus. Nossos filhos são levados a assimilar mais o coelho, ou melhor, o chocolate, do que o cordeiro que foi morto por nós. Vêem mais o retrato das lojas agressivamente decoradas do que a história eloqüente da libertação do povo de Deus. Precisamos investir mais tempo ensinando aos nossos filhos sobre a Páscoa. Esta é uma história central do Antigo Testamento. Foi naquela noite fatídica que o povo de Deus foi salvo da tragédia da morte dos primogênitos, porque um cordeiro tinha sido sacrificado e o seu sangue havia sido aplicado sobre as vergas das portas. Esta é a história épica da libertação do povo de Deus do cativeiro, com mão forte e poderosa. A Bíblia fala que Jesus é o nosso cordeiro pascal. O cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo é Jesus. Foi ele quem foi imolado na cruz por nós. Ele sofreu o castigo que nos traz a paz. Deus lançou sobre Ele a iniqüidade de todos nós. Ele, como ovelha muda, foi para o matadouro, carregando sobre o seu corpo, no madeiro, os nossos pecados. Ele se fez maldição por nós. Ele se fez pecado por nós. Ele morreu exangue na cruz, adquirindo para nós eterna redenção. Esta é a história da nossa alforria. É a história da nossa libertação do cativeiro. É a história da nossa eterna salvação. Não podemos deixar que ela seja distorcida e diluída em chocolate. Não podemos permitir que o maior de todos os sacrifícios, vivido na hora mais amarga do Filho de Deus, bebendo sozinho o cálice da ira divina, seja reduzido a um festival de gastronomia.
O coelho é um intruso que nada tem a ver com a festa da páscoa. Esta festa é a festa do cordeiro, do Cordeiro de Deus. Ele sim, deve ser o centro, o conteúdo, a atração e a razão de ser desta festividade. Que a nossa família possa estar reunida não em torno do ovo de chocolate, mas em torno de Jesus, o Cordeiro que foi morto, mas vive pelos séculos dos séculos, tendo a certeza que estamos debaixo do abrigo de seu sangue.

Vivemos assim, bombardeados e confusos com conceitos difusos que em nada refletem a essência da Páscoa. Neste feriado prolongado, uma boa prática devocional pode ser a leitura atenta dos relatos do Evangelho em torno da Páscoa. Existem quatro livros na Bíblia que falam deste evento, eles são chamados de Evangelhos, porque narram a vida de Jesus. Três deles são sinóticos, porque possuem relatos idênticos, o último é o Evangelho de João, que é mais denso e teológico, se preocupando mais com a explicação teológica destes acontecimentos. Numa época em que os homens estão se voltando mais para os fenômenos espirituais (Pós modernismo), e nos dias em que o nosso pais, considerado cristão, convencionou chamar de quaresma, vale a pena rever conceitos e ampliar nossa compreensão da Páscoa.

segunda-feira, 14 de abril de 2003

DEUS É BOM !!!

ERA UMA VEZ,
num reino muito distante, dois amigos. Um era o rei daquele lugar o outro era o seu melhor amigo. Por ocasião da temporada anual de caça, os dois saíram para caçar. Durante o caminho, o amigo do rei vinha afirmando e dizendo para ele o quanto DEUS É BOM, e ele contemplava a natureza, a criação de Deus e repetia declarando o quanto DEUS É BOM...
Ao avistarem a presa, prepararam a arma, mas quando o rei foi atirar, o tiro literalmente "saiu pela culatra", acertando em cheio o seu dedo mindinho da mão direita.
O rei ficou indignado e virando-se para o amigo o questionou se mesmo depois do que tinha acontecido, ele ainda achava que DEUS ERA BOM?? Mediante a resposta positiva de seu amigo, o rei mandou prendê-lo até ele se convencer que Deus não era tão bom assim, pois não o impediu de perder seu precioso dedo.
Um ano se passou, e por ocasião da temporada de caça, a comitiva real decidiu ir a terras mais longínquas, pois a caça já estava escassa naquela região. Foram parar então em uma terra dominada por canibais, onde foram todos capturados, inclusive o rei.
Quando chegou a hora do jantar, o cozinheiro dos canibais verificou que um dos prisioneiros não tinha um dos dedos, e como era costume, eles não comiam ninguém mutilado, pois além da carne ser considerada dura e de paladar ruim, diziam ainda que era amaldiçoado pelos deuses. Assim, de toda a comitiva, somente o rei voltou com vida para o seu reino.
Ao chegar, mandou libertar seu amigo. Agora, com a firme certeza – e prova – de como Deus realmente é bom, e do modo maravilhoso com que preservou sua vida. Sendo assim, o rei pediu perdão para o seu amigo e ouviu a seguinte declaração:
- É claro que o perdôo alteza. Deus realmente é muito bom, pois se eu não tivesse ficado preso no calabouço, com certeza teria ido com a comitiva e provavelmente a esta hora eu já teria morrido!

sexta-feira, 4 de abril de 2003

A ORIGEM DAS GUERRAS

De repente percebemos que a guerra não está mais distante de nós. Acostumamo-nos a vê-la como uma espécie de vídeo game, onde pequenas luzes detonam alvos escondidos, sem maiores implicações para as nossas vidas. Outras vezes a vemos como números, apenas estatísticas. Em ambas as situações ignoramos, ou fazemos de conta que por detrás destes gestos existe dor, muita dor. É o sentimento do pai que não vê o filho no outro dia, da mãe que vai arrumar o quarto do filho que já morreu, ou da esposa que vai dormir na cama fria, sabendo que aquela situação não é transitória, o marido não está viajando…

De repente, porém, percebemos que a guerra não é apenas no Iraque. A guerra está aqui. Rio sofre de violência, as ameaças dos traficantes e a violência dos que foram violentados encontram-se de forma visível nas ruas cariocas. O mesmo fenômeno fatídico encontra-se nos grandes centros como São Paulo, e, acreditem se quiser, hoje a cidade que possui mais assassinatos proporcionais é Vitória, ES, seguido de perto por Cuiabá, MT, criando o que alguns especialistas tem chamado de colombianização do Brasil.

Mas a guerra está mais perto. A guerra está aí, em Posses, GO, onde um grupo de assaltantes domina uma cidade pacata e deixa em pânico seus moradores. A guerra não está longe.

Mas a guerra está mais perto ainda. Ela encontra-se em nossos lares. Reações violentas brotam dentro de nossas famílias. Atitudes violentas pelas marcas da insensibilidade, insensatez, indiferença. Tudo isto porém, tem uma etiologia, procede do coração. A guerra está aqui, em nossa alma. Nosso problema não é o que está lá fora, mas do monstro que habita em nós. De uma força instintiva e carnal, devoradora e voraz.

Tiago diz: “De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne? Cobiçais e nada tendes; matais e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes porque não pedis…” (Tg 4.1-2)

Apenas Deus pode apaziguar o coração em guerra. Os inimigos são fortes, a vida nos torna armados. Somos feridos e nos ferimos e neste processo de violência doméstica, histórica e pessoal, nos animalizamos. Precisamos de Deus para nos trazer paz. Jesus é o Cordeiro de Deus que tira nossa culpa e que cessa a violência em nossa alma, raiz de todas as demais formas de violência.

Rev. Samuel Vieira

quarta-feira, 19 de março de 2003

A ESCALADA DA VIOLÊNCIA

Trágico, assustador, revoltante, ameaçador, intrigante, dolorido. Faltam-nos adjetivos para descrever os sentimentos que vieram à nossa alma diante da estarrecedora notícia de que um juiz, considerado linha dura, isto é, por aplicar com rigor a lei, havia sido covardemente assassinato numa emboscada preparada por perigosos banditos que não hesitaram em exterminá-lo porque seus privilégios foram cassados, e porque foram aborrecidas por elas. Faz-nos lembrar da época de crianças que o garoto dono da bola, não deixava ninguém jogar apenas porque fora preterido na escolha do time. Só que aqui trata-se de uma vida, de um ser humano.

Creio que nossa auto-estima como povo brasileiro diminuiu um pouco mais, não bastassem todas as outras como a escassez de empregos, a ameaça inflacionária, o horrendo déficit público e débito externo. Na linguagem de um grande poeta brasileiro, “a minha gente hoje anda olhando pro lado, olhando pro chão”. Falta entusiasmo, brilho, honradez no nosso povo, mas certamente para as pessoas que sonham com isto, a agressão ao poder judiciário dificultou ainda mais esta caminhada da esperança e da fé.

É que este “tiro” foi mortal, certeiro, atingiu um ponto nevrálgico na sociedade. Considerando as proporções, o ataque ao World Trade Center, no dia 11 de Setembro de 2001, teve uma magnitude muito maior que este incidente de Presidente Prudente, mas nos leva a imaginar, e isto nos assusta tremendamente, que estamos vislumbrando uma reedição dos acidentes que assolaram a Itália 20 anos atrás. Ao atingir um juiz, a sociedade percebe-se ainda mais vulnerável e frágil, afinal de contas, Jesus já afirmava que “se em lenha verde pega fogo, imagine lenha seca…” Se os magistrados são tão violentamente atingidos, que se dirá do cidadão anônimo, que está, por razões óbvias. Muito mais desprotegido.

Certamente o sentimento de desamparo torna-se mais evidente diante destas situações. O teólogo alemão, Henry Niemuller, teve uma afirmação sua gravada em bronze e colocada no Museu do Holocausto em Jerusalém, onde tive o privilégio de pessoalmente ler, o seguinte:

"Primeiro vieram buscar os anarquistas,
mas como eu não sou anarquista, não se preocupei.
Depois vieram buscar os comunistas,
mas como eu não sou comunista, não me importei.
Depois vieram buscar os judeus,
mas como eu não sou judeu, também não me importei.
Agora vieram buscar a mim,
e ninguém se importa".

De repente, o sentimento de luto e orfandade torna-se mais concreto. A ameaça se aproxima de nós, não é mais uma realidade distante. O incidente em Posses, GO, ocorrido esta semana nos faz lembrar dos riscos presentes que a sociedade humana corre, quando ocorre uma colombianização social acontece. Para nosso espanto, tudo isto encontra-se tão próximo... À semelhança de Niemuller, vemo-nos isolados, ameaçados. Normalmente quando tragédias acontecem, tendemos a considerá-las apenas do ponto de vista estatístico, mas estatísticas são números marcados pela impessoalidade, e por isto não nos chocamos com a assustadora realidade que 40 mil pessoas morrem assassinadas anualmente no Brasil, isto é mais do que uma guerra civil. Infelizmente as pessoas que são violentadas neste processo não são números, mas seres humanos que possuem relações, seres de afetos, criaturas de Deus, gente que ama e é amada, gente que abraça e beija, tem relações sexuais, colegas de trabalho e de escola, acima de tudo, gente…Nem sempre estamos conscientes deste realismo bruto e fatídico.

Que resposta se pode dar a tamanho desafio?

Guerras não são apenas acontecimentos circunstanciais. Elas possuem etiologias e raízes bem mais profundas do que parecem à primeira vista. Num dos livros mais questionados e amados da história, que os cristãos o reconhecem como sacro, daí chamá-lo de “As Sagradas Escrituras”, existe uma ilação que somente poderia ser advinda da sabedoria sacrossanta. “De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que batalham dentro de vocês? Cobiçais e nada tendes; matais e invejais e nada podeis obter, viveis a lutar e a fazer guerra”. (Tiago 4.1)

Este texto aponta a origem da conflitividade humana como alguma coisa mais interior. A psicanálise segue esta mesma direção, existem conflitos de natureza interna, que geram lutas nem sempre conscientes em nós. As lutas e guerras que se manifestam do lado de fora, ocultam motivações endógenas. Não acontecem por acaso, tem a ver com a alma, o ser interior, sua psiquê. Fernandinho Beira Mar ou o anônimo marido ou esposa que vive em constante luta e inferno dentro do lar, ou do filho rebelde ou o adolescente problema, nem sempre têm consciência da grandiosidade das lutas internas que sua alma enfrenta. No desespero tenta-se tratar dos sintomas, quando a causa da enfermidade é mais profunda, está ligada ao coração, a forma de ler a vida e a tentativa de respondê-la. Paz não é mera supressão de armas, tem a ver com a natureza mais intrínseca da natureza. Violência é subproduto da alma em conflito, do desejo de sucesso a qualquer preço, da tentativa desesperada de resolução de uma luta maior que se abriga na alma. Toda violência é assim, em última instância, reativa, resposta às agressões sofridas ou tentativa malfadada de resolver o grito abafado do peito.

C.S.Lewis, conhecido escritor britânico afirma: “Se alguém pensa que a falta de castidade é para o cristianismo o vício mais perverso, está enganado. Os pecados da carne são maus, mas eles são os menos prejudiciais de todos os pecados. Os piores prazeres são espirituais: O prazer de humilhar os outros, os prazeres do poder ou do ódio. Existem duas coisas dentro de mim competindo no meu self. O animal self (Instinto animal), e o diabólico self (instinto diabólico). O último é o pior dos dois. Esta é a razão pela qual, uma pessoa indiferente e fria, orgulhosa de sua justiça própria e que vai regularmente a igreja, pode estar mais longe do céu que uma prostituta. Obviamente é melhor não ser um nem o outro. (LEWIS, C.S., Mere Christianity, Macmillam Publishing Co. Inc. New York, 2a. edição, 1976, pg. 95).

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2003

CARNAVAL: CELEBRAÇÃO ÀS AVESSAS

Uma das boas heranças da tradição Judaico-cristã é sua capacidade de ser celebrativa. Infelizmente temos criado o esteriótipo do cristão “estraga-prazer” do religioso mau humorado, moralista e crítico que usualmente pessoas com tal perfil assume. Isto tudo torna-se, por definição, características de quem não conheceu ainda a graciosidade do Deus da bíblia e ainda luta por romper o velho conceito de um Deus temperamental e animoso que determinadas religiões insistem em propagar.

Curiosamente, a Bíblia, o livro que boa parte dos religiosos diz seguir, fala muito de celebração, principalmente no contexto vétero-testamentário. No calendário judaico sempre havia espaço para a festividade, para a celebração com muita festa, dança, bom vinho e abundante comida. O livro de Levítico (que trata das leis cerimoniais, civis e morais do povo de Israel), fala de pelo menos cinco festas fixas, estabelecidas por Deus para o seu povo. O Deus hebraico é descrito como um Deus festivo. Neste calendário anual havia lugar para a festa da Páscoa (ou da passagem), das Primícias, do Pentecostes, da expiação e dos Tabernáculos, cada uma delas relacionada aos feitos heróicos de Deus por seu povo (Lev 23.1-44). Todas estas festas eram populares, altamente festivas e tinham um lugar muito especial na agenda daquela nação. O calendário judaico era, portanto, marcado por festividades.

No Novo Testamento, o mesmo espírito de celebração estava presente. Jesus começa seu ministério e dá inicio aos seus sinais miraculosos, fazendo algo impensável para a nossa moralidade evangélica tupiniquim: Ele transforma água em vinho (Jo 2.1-12). A coisa é tão complicada que existem grupos tentando provar que este vinho não era vinho, mas era suco de uva. Bem, isto é história para um outro artigo...

Pelo seu caráter celebrativo, Jesus é mal interpretado e passa pela via crucis de ser acusado de “glutão, bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores” (Mt 11.19), e mostra na parábola do Filho pródigo que, a ausência de celebração, festa e dança, está relacionada a uma atitude de superioridade moral de um filho rígido, tenso e incapaz de demonstrar misericórdia, firmado na sua justiça própria e incapaz de perceber o irmão que está sendo restaurado, e que por isso não consegue participar das danças, sente agressão aos ouvidos quando ouve a música e sente-se ultrajado quando sabe que o Pai resolve matar um novilho preparado para uma ocasião especial e que agora manda fazer um churrasco com seus amigos porque o filho perdido fora encontrado. Faltou ao filho que ficou em casa, que simboliza o religioso moralista, os símbolos marcantes da presença de Deus: Festa, alegria, celebração e dança.

Certamente tais argumentos acima podem ser usados para justificativa para a festa do carnaval. Intencionalmente conduzi o tema desta forma para que pudéssemos refletir de forma madura sobre as implicações da celebração desta festa folclórica e histórica de nosso povo. O carnaval tem tudo, menos celebração.

O problema da nossa cultura brasileira é que, na concepção popular, celebração e alegria não são temas de um povo que caminha com Deus, mas de um povo antagônico a Deus. A celebração, os gritos de entusiasmo e euforia pertencem ao universo dos pagãos e dos ímpios. Religiosos e não religiosos possuem esta mesma concepção... Por causa deste conceito deturpado, tende-se a excluir Deus dos aspectos celebrativos da vida, a sacralidade se torna ausente e até contrária à festa. A pessoa que se aproxima de Deus acredita, de forma sub-reptícia, que não pode celebrar, tem que se penitenciar, transforma a vida em um peso, e o viver em fadiga. As vestes perdem o brilho, as cores, a festividade é riscada da agenda, transforma-se em um ser triste. O resultado é caótico.

Como resposta a esta errônea interpretação, outro grupo resolve celebrar fazendo outra leitura equivocada. Se com Deus a vida é feia, sem cores e triste, vamos exclui-lo do roteiro da folia. Deus tem que se tornar ausente por ser alguém que se opõe a alegria, assim faz-se uma celebração às avessas. Então, ao se fazer uma festa folclórica, exclui-se Deus e celebra-se Baco (Um Deus pagão, donde se origina a palavra bacanal). Celebra-se assim, a orgia, o carna-val, festa onde a carne, símbolo dos nossos instintos mais primitivos e resultantes deste Id, desta força animal inerente à natureza humana, torna-se evidente. Não se celebra Deus, celebram-se instintos e impulsos que se imiscuem às fantasias submersas e tornam-se evidentes neste período do carnaval. Nestes dias, cria-se uma sociedade que sacrifica valores porque afinal de contas o limite do permissivo torna-se mais amplo.

O problema é que, o desejo pela celebração, torna-se muitas vezes o oposto. Espera-se a alegria, e ela transforma-se em pesar. Espera-se festividade e ela se decodifica em pranto. Não se celebra a vida, porque fora de Deus, toda tentativa de alegria é dissipada, todo esforço pela alegria nulifica-se.

Nas festas históricas do povo de Israel Deus estava no centro. Nem por isto, a euforia e alegria precisavam ser banidas, porque Deus não é antagônico àquilo que nos plenifica, aliás ele é o ponto no qual torna-se possível encontrar o maior sentido de viver e de amar. A perspectiva do prazer é intensa e intencionalmente presente nos textos sagrados, pois, “fora de Deus, quem pode comer, beber e alegrar-se?” (Ec 2.24-25). O carnaval faz promessas que não pode cumprir, cria expectativas que nunca se concretizarão, promete celebração e muitas vezes gera um resultado completamente oposto.

Celebração só é autêntica quando nos torna plenos. Se no final da festa o resultado é o vazio, é a dor de um coração sem resposta, de uma família fragmentada e dividida, o que se esperava nela tornou-se o oposto daquilo que ela prometia dar. Ao invés de sermos preenchidos com manifestações de paz e harmonia, tal festa tornou-se num elemento da divisão e da porfia. É uma celebração às avessas. É a anti-celebração.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2003

AS CRIANÇAS NO REINO DE DEUS

Herdeira da reforma, a Igreja Presbiteriana tem uma doutrina que hoje beira à heresia nos meios evangélicos: que os filhos dos crentes são herdeiros da mesma promessa de vida (1 Co 7.14), e que embora Deus não tenha netos, mas filhos, Ele tem promessa de vida para a descendência dos cristãos, pois ele não nos tem dado filhos para povoar o inferno. “Não trabalharão debalde, nem terão filhos para a calamidade, porque são a posteridade bendita do Senhor e seus filhos estarão com eles” (Is 65.23). Os filhos, são herdeiros da mesma herança. Deus faz um pacto mais abrangente que com indivíduos, Deus fez um pacto com a família.
O fato de tal doutrina hoje ser considerada semi-herética, possui um pano de fundo histórico.
No Século XVI, quase simultâneo à Reforma, surgiu um grupo radical, os anabatistas, que foi considerado herético por causa de suas estranhas posições especialmente quanto ao batismo: Exigiam que seus seguidores se rebatizassem ao se filiar ao seu grupo, e rejeitavam veemente o batismo de crianças. Por causa de suas posições, foram duramente perseguidos, alguns indo parar na fogueira por sua excentricidade doutrinária, mas como sempre acontece na história, mártires são facilmente considerado heróis e comumente o herege não é o que vai para a fogueira, mas aquele que é o algoz.
Com a popularização do Pentecostalismo que eclodiu na Azuza St, em Los Angeles, em 1907 e o seu vertiginosos crescimento e, tendo tais movimentos adotado princípios anabatistas, o que era herege tornou-se o padrão, e o que se convencionava correto, hoje beira à apostasia. A história tem o poder da ironia.
Contudo, vale a pena considerar a grande promessa abrâmica que se estende à igreja de Cristo, que considera a família do povo de Deus parte de um pacto muito mais amplo, que se estende às gerações. “Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência no decurso de suas gerações, aliança perpétua para ser o teu Deus e da tua descendência” (Gn 17.7). Nossos filhos são incluídos no pacto que nos foi dado. Eles são inseridos nesta mesma aliança. Entendendo isto Paulo faz a seguinte análise hermenêutica. “Doutra sorte, os vossos filhos seriam impuros, porém, agora, são santos”. (1 Co 7.14).
Não podemos desconsiderar as implicações da grande responsabilidade e promessa que tal doutrina traz as nossas famílias.
Anápolis 15.01.03
Chácara do Billy Fanstone e Jussara – 72 graus F