Assim registra Lucas a hospitalidade que Deus recebeu na terra quando veio habitar entre nós. As pensões estavam lotadas, a cidade agitada. César Augusto decretara que todas as pessoas participassem do senso. Por detrás desta atitude havia um interesse financeiro. Lá, como aqui, o governo estava interessado em recolher mais impostos. Muitas pessoas se escondiam do fisco. Então se criou uma forma original saber quantas pessoas existiam. Todos deveriam se recensear.
Os custos envolvidos neste censo eram enormes. As pessoas tinham que se deslocar de suas casas, indo à sua terra natal. Maria estava grávida, a viagem era desagradável, mas caso não atualizassem o seu “CPF”, não poderiam ser cidadãos plenos, e corriam riscos de sofrerem sanções do Império Romano, que naqueles dias exercia um forte domínio imperialista sobre Israel. Sendo José de Belém, dirigiu-se à sua cidade natal.
De forma lacônica o texto bíblico descreve que “Não havia lugar para eles na hospedaria...” Lc 2.7 Deus estava ali, sofrendo um problema habitacional, já que não era possível encontrar um lugar que pudesse acolhê-lo. As pensões estavam lotadas, a cidade não possuía uma estrutura adequada para receber aqueles que, por força do decreto precisaram viajar.
Este texto é uma parábola de nossos dias. Lá, como aqui, Deus ainda não encontra lugar nas nossas estruturas humanas. Não existe lugar para Ele em nossas festas, na agitação de fim de ano, na nossa ética, na nossa filosofia e, se brincarmos, até mesmo em nossa religiosidade muitas vezes tão vazia e mecânica. A situação é tão dramática que conseguimos celebrar o natal, o aniversário de Jesus, nos esquecendo do aniversariante. Cortamos o bolo sem a presença daquele que deveria ser o centro de nossas atenções. Sua presença tem sido considerada dispensável.
Que em nosso coração e em nossa família possamos dizer neste natal: “Senhor, aqui existe espaço para ti, fica conosco!”
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