Os Beatles declararam: “All that I need is love” (Tudo o que eu preciso é amor), e esta afirmação tornou-se a marca de uma geração e parece ter aceitação universal e unânime. Não parece simples? Se há amor, tudo está OK. Certamente o amor, ou a ausência do amor, sustenta e orienta os afetos, relacionamentos e cosmovisão. O problema, contudo, está em entender de que amor estamos falando.
O problema é que a maioria das pessoas distorce gravemente a visão de amor.
Muitos possuem uma visão idealizada do amor. Para estes, amar é sentir-se especial, ter alguém que por eles se interessa. Vejam como este “idealismo fantasioso”(Keller), pode ser fatal no relacionamento. Muitas pessoas se casam esperando que o outro o faça feliz, mas, se ambas entram em um relacionamento esperando isto, o centro da atenção é o EU, e não o outro, afinal, ele se sente merecedor de um tratamento especial e o outro precisa lhe fazer feliz. A equação é simples: Por que pessoas narcisistas e autocentradas, se disporiam a “fazer o outro feliz”, se o foco é que o outro nos faça feliz? A verdade é que não somos os maiores especialistas do mundo quando o assunto é “nós”!
Outra distorção é o amor romantizado. Neste caso, esperamos que possamos nos expressar sem sermos julgados. É obvio que isto não acontecerá. Nossas palavras, sugestões, declarações, estão e estarão sempre sendo avaliadas. Dizer “não quero ser julgado, nem questionado” em um relacionamento é superficial e tolo. Quem ama cuida, troca opiniões, questiona, pessoas maduras divergem, se contradizem e cometem ambiguidades.
A terceira distorção é o amor consumista que acredita que amor é encontrar o par perfeito, uma espécie ficcional da Barbie. Neste imaginário, o outro está à minha disposição e me serve, caso contrário não me serve. Enquanto o outro mantém e satisfaz meus desejos e expectativas, sinto-me amado, a partir do momento em que meus ideais não são satisfeitos, posso descartá-lo. Cria-se assim uma relação objetal. O outro é instrumentalizado e devorado pela minha voracidade.
Tudo o que precisamos é amor! Amor é central na experiência humana e enriquece a vida. Entretanto, precisamos considerar que tipo de amor estamos falando, do contrário, ele nada mais será que um amor tóxico, consumista e narcisista, e isto, não é, na sua essência, amor.
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