Peter Marshal, capelão do Senado americano foi um brilhante orador. Um dos seus sermões mais marcantes foi: “Pecado no tempo presente!”.
Ele narra a história de um pai e seu filho interagindo. Eles costumavam levar suas colheitas para venderem na cidade num determinado dia da semana. O filho era extremamente agitado, ao passo que o pai era calmo e paciente.
Muitos anos atrás, no Japão, havia um rapaz que cultivava um pequeno canto de terra.
Diversas vezes por ano, carregavam o carro de boi com verdura e iam à cidade mais próxima. A não ser o nome e o pequenino canto de terra, pai e filho tinham muito pouca coisa em comum. O velho cria em não trabalhar demais...e o filho era ativo.
Certa madrugada carregaram o carro, atrelaram o boi, e saíram a caminho. O jovem calculou que, se acordassem cedo, logo poderiam estar na cidade para vender seus produtos. Andava ao lado do boi, picando-o com o aguilhão para andar.
-“Calma”, dizia o velho. “Você viverá mais”
-“Se chegarmos ao mercado antes dos outros”, disse seu filho, “teremos a oportunidade de conseguir melhores preços”.
O velho puxou o chapéu sobre os olhos e pôs-se a dormir no banco. Seis quilômetros depois, chegaram a uma pequenina casa.
-“Cá está a casa de seu tio”, disse o pai. “Vamos parar e dizer bom dia?”.
-“Já perdemos uma hora”, retrucou o rapaz.
- “Então mais alguns minutinhos não farão diferença”, replicou o pai. Meu irmão e eu vivemos tão perto e quase nunca nos vemos”.
O moço se movia impaciente enquanto os dois senhores conversavam e davam boas risadas, tomando o seu chá. A caminho outra vez, o pai, por sua vez se incumbiu do boi. Um pouco mais adiante, chegaram a uma encruzilhada. O velho tocou o boi à direita.
-“O caminho à esquerda é mais curto”, disse o rapaz.
-“Eu sei”, disse o velho, mas este é mais bonito.
-“Você não faz caso tempo, faz?”, perguntou, impaciente, o jovem.
-“Faço muito caso” disse o velho. “É por isso que eu gosto de usá-lo para ver coisas bonitas”.
O caminho a direita passava por florestas e flores do mato. O jovem estava tão ansioso que não reparou quão belo era a natureza.
-“Esta é a última viagem que faço com o Senhor”, disse zangado o filho. O senhor se incomoda muito mais com flores de que com ganhar dinheiro”.
-“Isso é a coisa mais amável que você me diz há muito tempo” sorriu o velho.
Dois quilômetros adiante, encontraram um fazendeiro tentar tirar seu carro de um buraco.
-“Vamos ajudá-lo”, disse o pai.
-“...e perder mais tempo?” explodiu o filho.
-“calma” disse o velho. “você poderá cair num buraco também algum dia”.
Quando conseguiram tirar o carro, tinham perdido um tempo precioso, na visão daquele rapaz, eram quase 8 horas da manhã, iam chegar tarde à feira, apesar de terem acordado tão cedo. Iam perder bons negócios...
Repentinamente um som estranho e um risco estranho rasgou o céu. Ouviu-se um trovão, assustador.
Além das montanhas, os céus ficaram negros.
-“Parece que vai chover muito na cidade”, disse o velho.
-“Se não tivéssemos perdido tempo, teríamos vendido tudo já! resmungou o filho.
-“Calma, disse o velho, você viverá mais”.
Quando alcançaram, ainda bem distante, o topo do morro, ficaram perplexos com um o que viram. Por detrás daquele trovão, daquele barulho, e das nuvens escuras nos céus, viram uma cidade completamente destruída.
Ficaram olhando por longo tempo, nenhum deles falou.
Finalmente o moço que estivera em com tanta pressa disse. “Compreendo o que o Senhor quis dizer, papai”.
Viraram o carro e afastaram da cidade que tinha sido Hiroshima.
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