sábado, 17 de agosto de 2019

Ativismo

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Estamos cada vez mais agitados e menos reflexivos. Parece que temos medo
de parar porque não sabemos o que encontraremos no interior da nossa alma. A
agitação e a correria dominam o nosso estilo de vida e o resultado é a ansiedade,
stress, angústia e uma constante sensação de incompletude.

De forma inconsciente, aprendemos que o homem e a mulher de sucesso
são empreendedores, pessoas de ação e por isso nos atiramos no mercado
competitivo, devorando quem surge no almoço para não sermos consumidos no
jantar. 

Neste contexto se aplica bem o velho provérbio africano que diz: “Toda
manhã, na África, a gazela acorda. Ela sabe que precisa correr mais rápido que o
mais rápido dos leões para sobreviver. Toda manhã um leão acorda. Ele sabe que
precisa correr mais rápido que a mais lenta das gazelas, senão morrerá de fome.
Não importa se você é um leão ou uma gazela. Quando o sol nascer, comece a
correr.”

No clássico livro “Alice no País das Maravilhas”, a Rainha de Copas diz o
seguinte: “No meu reino, você precisa correr o mais rápido que puder, apenas para
ficar no mesmo lugar”. Este é o problema: “mais da mesma coisa nos leva ao
mesmo lugar”. 

A melhor definição que vi para o fanático é aquela que afirma que “o
fanático é alguém que, quando se vê perdido, imprime maior velocidade.”
Apesar da velocidade que imprimimos e das melhores condições de
trabalho e finanças que temos, não nos sentimos mais realizados ou felizes. O
descontentamento está presente em todos os lados. Afinal, não somos mais plenos
porque temos mais, nem porque corremos mais. Por isso, somos constantemente
convidados por Jesus a descansar e confiar. Muitas vezes, no auge de seu
ministério e nos momentos das maiores demandas de sua vida, Jesus ia ao deserto
orar e chegou mesmo a convidar seus discípulos para irem a lugares ermos a fim
de recarregarem as baterias e repor as energias da alma.

O ativismo é uma patologia de nossa cultura, uma espécie de narcótico para
a alma, um comportamento contra a vida. A verdade é que existe uma espécie de
tentação no ativismo, por isso nossa época é assustadoramente pobre e vazia de
valores espirituais. Os efeitos são irritabilidade, desgaste, esgotamento e 
isolamento.

É comum vermos Jesus acordando de madrugada, deixando seus discípulos
de lado e saindo para orar e meditar. Tais atitudes são mágicas e restauradoras. A
vida não é mais produtiva porque imprimimos maior velocidade e ritmo a ela, mas
pode ser mais efetiva e nossas ações mais transformadoras quando entendemos
que o ativismo é uma armadilha pronta para nos devorar e, assim, nos recusamos a
funcionar como mera parte de uma engrenagem complexa, cheia de demandas e
pressões da chamada tirania da urgência.

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